sábado, 28 de junho de 2008

A arder, a pele toda, a minha língua suja deste mel escuro. Onde podes ir? Aonde te posso levar… Eu vejo-te, vejo-te a esconderes o olhar no meu olhar… O teu coração vai, vai entrando nesse ritmo descompassado, descompensado, e não largas o meu olhar, não sabes parar… Vês-me a dançar, a dançar a noite e não te consegues aproximar mais do que esses centímetros que queres matar… para em mim estares… um gin por favor… se as veias te rebentarem talvez te vá buscar… não largues o meu olhar…

Lisa
I love you in the morning, when you’re still hangover; I love you in the morning, when you’re still strongout. Há um sentido nas palavras que são um gesto que me levanta nas manhãs. E há sentidos nas palavras que o pequeno-almoço transporta no meu cabelo despenteado, e o leite cai uma vez mais para o chão. A luz está fresca e a tua mão é sempre uma brisa. O amor é essa palavra que nem sequer precisa de falar porque tu viste-o passar no meu olhar e de lá nem sequer saiu. Sentes que é preciso comprar mais leite, e talvez mais nestum? Talvez nesta direcção o sol se atrase um pouco mais, uns minutos mais e será… mas sei dizer antecipadamente que o dia vai ser quente. Há um sentido nessa frase, que percebi quando ouvi em segredo o tom dessa voz. De qualquer forma olhei o teu olhar…

Jaime

(Marisa Castil, "As vistas peculiares - Lisboa 1999")
Se é negativo o nevoeiro destes olhos cansados que lutam, não em vão porque um dia vale ouro e há mel nesse horizonte que vejo. Cansam-se num dia em que tudo é enublado e à frente nunca o céu é estrelado, nem o olhar se abre. Se é negativo o olho que vê e viu mais do que queria e fechou-se na queda, pensou não conseguir abrir-se para num repente saber-se nessas coisas que emergem de um raiar de luz. Há negativo em ti, tu que foges das minhas mãos, eu só te queria mostrar a cor do meu olhar…

António
Ele dizia-lhe que havia uma concha de mãos percorrendo a forma das coisas do mundo. Ela riu-se e perguntou onde se subia a escada. Ele disse-lhe que as escadas não servem para subir porque são uma subida. Ela olhou muito séria para ele, não fazia ideia do que havia de lhe responder (estava um elevador mesmo à frente deles, as palavras eram desnecessárias). Ele quis saber se demorava, se ela demorava a atar os atacadores. Ela falava de histórias antigas e olhava para cima, para cima, como se em cima estivessem as histórias. Ele olhou também e quis saber mais. Mais como, perguntou-lhe ela? Ela estava já a pensar no gelado de limão, se pedia uma ou duas bolas. Mas tu nunca apreciaste gelado de limão? Sabes bem que eu tenho uma paixão por limões, como podes dizer isso?!

(Narradora que não narra: vocês que se desenrasquem com as assinaturas, eu só ouvi a conversa, nada mais.)
E a areia derrete-se como um gelado. Estou nua nesta praia de ondas aveludadas onde as pás são as velas desses barcos que dão à costa cheios de peixes cobertos da ternura do mar que viaja sempre em cobertor. Eu sou aquela principessa que sabe dançar as fadas e as sereias ao longo dos dias e de cada grão desta areia que se enrola no meu corpo. Esta carta que te escrevo, esta carta molhada de todo o sal transporta um cavalo-marinho, esta carta transporta-me. Eu sou aquela principessa que cavalga as ondas em barcos a vapor e leio os olhos aos peixes quando os motores ficam presos nas algas.

Sara

(Candy, "The Horses Wanna Dive")
Vivo no primeiro andar e as escadas são longas e esse elevador que se enche com o meu sabor é de um tamanho curto de passos, andares daqui até ao céu. Não me perguntes porque subo nele, eu apenas não quero esperar e conto os relógios que o mundo inventou enquanto o elevador dançarino desce até à minha canção para voltar a subir na correria dos botões que são argumento das minhas mãos. Há sempre um espelho, digo-te eu, tento não me rir mas há uma expressão nele que sou eu a dizer-me.
Esventrados os restos e eu sei as palavras que afastam o teu sorriso que mente e mente e mente e as tuas palavras que tentam amansar o ódio que criaste e se queres ficar talvez não tenha sido boa ideia teres-te ido embora. Eu estendi-me no meu enforcamento em cortes permanentes, nesta sede que seca, seca-me e eu grito a secura, grito e ainda me queres expulsar mais ou sou eu que te expulso? Tenho cem tesouras, afiadas por ti, agora afiadas por mim! Grita mais alto, com mais força, dança a destruição, destrói tudo aquilo em que tocas, destrói-me. Porque eu levanto-me e a destruição é o meu nome e tudo aquilo em que eu toco se transforma em poesia.

Bianca

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma guerra interior, essa guerra que berra nesse exterior de incêndios que vejo nos teus olhos, nessas chamas que vulcanizam tudo à volta. Estas estradas andam sem par, elas tropeçam em mim, elas dizem-me, elas pedem-me e deixo de ouvir-me para te dar. Onde está a fortuna que é dita e redita pela terra um dia prometida? Eu semeio mas vejo-te a cair e se há uma ferida que se queima a água escasseia. A música distraí, a tua fome não…

Sofia
Pareço olhar à distância, nessas curvas mais à frente, neste olhar parado, mas os pés vão de frente, e crescem em torno de uma música desconcentrada que se desfaz em longos ritmos de mentes destapadas. Esse fulgor de ver as coisas para além do espelho que me deram, nem sei onde alcança a mão, onde ela se descalça nesses movimentos rápidos de seguida em seguida, e de repente as cordas não racham, nem a dança consegue acabar.

Bárbara

(Lyonel Feininger, "La dama de malva")
Ela perguntou porque é que as portas se fecham e os mundos não se deixam entrar porque houve um dia em que eram tão abertos que o sol brilhava neles. O sol era tão quente que se podia subir e dar cambalhotas pelos dias adentro e tudo reluzia sempre e sempre. Ela disse que os olhos eram lágrimas sem parar, ela disse que só conseguia chorar. Tinha perdido as notas que cantava ao sol e ele deixara de vir. Ela dizia, dizia e os mundos não eram senão muralhas. Ela escrevia os seus nomes e eles mordiam.

Oriana
15 metros de neve pura gélida e tu não vês nada à tua frente. Eu afundo-me exactamente à tua frente, enquanto falo com ela e assassino-a vezes sem conta. Quem és tu, quem és, vens lentamente com um punhal sabendo da minha visão cega, dizes o teu nome para apenas me arruinares a audição com os teus berros e não me deixas falar a linguagem falada das palavras. 15 metros e estes olhos de mundo nada vêem de tão gelados. Quem és tu, quem és, os rostos não te faltam, sabes tudo menos os meus nomes e eu caminho até à minha própria escuridão para a descrever com os sentidos possíveis, todos e mais alguns. Quem, quem vem de máscara nestes 15 metros de neve pura gélida dizer-me que falharam todos os caminhos, todas as linhas, todas as palavras, enquanto eu escrevo a carta, as cartas que te falam, que não te desabam nunca. Conheces o som do punhal? Afunda-se na pele a 15 metros de neve pura gélida.

Beatriz
We have all been hurt. Nas feridas profundas, mais profundas do que a profundidade. E os poços de que não me falaste e as guerras que não previ e tudo o que vi enfiando-se na pele, deixando de acordar tudo o que quis acordar um dia mais à frente. E deixei de te ver e passei os dias a chamar por ti. Tu que estavas mais longe do que a distância. When love breaks down. A guerra começa, e é na minha direcção. Porque nunca acordaste para mim, nunca me viste, nunca me sentiste, nunca estive à tua frente, nunca me viste. A minha casa de solidão enterrada no deserto de recordações que são nomes sem visão, dolorosos nessa imobilidade que permanentemente empurra um pouco mais para um abismo que nada contém a não ser a dor em si mesma. You are living for nothing now, continua a soar para sempre.

Beatriz
E o vento era mais forte e vinha cedo cedo como uma torrente cheia de nós em cristas de truques de cristal que só parte de madrugada, aquela em que partimos em cima de um novelo de lã sem fio condutor e conduzi-te sem te deixar cair, sem te deixar a mão. Sabes para onde se parte quando se quer partir para longe? Para dentro e depois fecha-se os olhos com força e se deixas a minha mão e dou-te o meu coração. Sabes que estás no meio de uma ventania e nem sabes? Porque esses fios que dançam contigo são apenas cocigas de um metal que de tão precioso se agarra à sola da tua entrada e te leva mais longe e se te ris os teus lábios são uma espécie de levante e a sabedoria é saberes-te e depois entrares nessa festa que dizem estar preparada e eu dizer-te uma palavra ao ouvido que nada percebes e serás uma adormecida até acordares...

Jaime

(Roberto Matta, "Jazz Band")
Sinto com as mãos a parede em cima e ela não escorrega, ergue-me um pouco mais. Se voo tudo voa comigo e há um mergulho muito rápido enquanto um de nós se persegue no meio da areia e de todas as palavras ao contrário. Vivo lá em cima com os diálogos que faço com tudo menos o silêncio. Amanhã não quero dormir o hoje e já é hora da sesta e não sei porquê mas a minha correria ao longo daquele campo faz-me adormecer mas sei que posso andar em cima do muro e depois atirar ao ar o meu grito maior e fazer girar o mundo e girar-me com ele. E disse um dia que os dias ao pé de mim seriam sempre essa embarcação que sobressalta o mar enquanto furo as ondas e abro os braços maiores que esse litoral que deixei de ver... aqui dentro o mar é sempre maior!

Celeste
Fim de Maio

A partir de agora é sempre actual, o mês de Maio finalmente acabou!
Actual

As folhas que voam sem sentido ligo-as neste burburinho de paisagens abraçadas às nossas canções regressando sempre de todos os ventos em mil serenatas que entregam os caminhos em percurso. Rumo, rumo e a distância parece ser uma linha nas mãos que vem pela manhã húmida. Essa manhã que deixa um som e ainda outro, sons que reconheço das coisas que gostaria de saber num olhar meu, na palavra que surpreendo num acaso encontrado. Direi que tudo o que escrevo são cavalos, cavalos mil correndo sempre à minha velocidade.

Bruno
Actual

João Vala é agora JOÃO VALE, porque dentro de mim os vales e etcs são maiores!

João Vale, vale o que vale (isto é, maior!)
A Poesia é um Gesto Eterno

Doesn't Matter How Far We've Come
We've Always Got Further To Go

Our Dream Won't Die

Todos

(Asher Durand, "Early Morning at Cold Spring")
Conversa no autocarro: "A sanguessuga alimenta-se do sangue das suas vítimas. Pode ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes superior ao seu próprio volume."

(Eu pensei: pois...)

A água da tinta escreve mais do que um mundo, investe sobre as línguas buscando sentidos. Há um avião que empurra as promessas para a inspiração e torna-as no derrubar de casas de sangue ora vertendo, ora extinto. Quantos instantes pulsam saltos mortais que não foram mais do que a transformação de bailarinas em pedra? O meu brilho isolou-me e sou apenas uma peça original. No entanto, afirmo-me com incisiva vida, no peso torrente da luz, com a invisibilidade da escuridão, na batalha do poeta que inventa a sua voz na água da tinta.
A Poesia é um Gesto Eterno

A LIBERDADE está no cimo das janelas voando a cor dos ventos, nas manchas das palavras que dizem o que querem nos seus gestos, no alvoroço do sonho e da poesia, na criação que faz a ondulação das ondas agitando a inspiração dos barcos, na madrugada cristalina de céu harmónico, nas linhas de luz que se espalham pelo silêncio, no espaço preenchido pelos tons verdes das árvores decompostas, no grito que declarei em mim calando tudo o resto, no peito incandescente das emoções despertas, na esperança que se agarra a uma fila veloz de comboios, na sede da boca que se aquece com o nome do amor, contra a força de tudo o que fere pois ela sabe cercar-se de sementes que germinam porque irrompe num pássaro e a sua palavra é definitiva, o seu espírito é matéria de lúmen.

Sofia Sara Oriana Jaime Celeste Bruno Beatriz Bianca Bárbara António Lisa João Vale

(Edward Hopper, "Sunday")
Tenho saudades do meu pai.

Um abraço dele parece o mundo inteiro...

Sara


Estas lágrimas que vagueiam no meu rosto, não as leva barco algum. Elas continuam presas porque apesar de querer continuar a acreditar o arrepio das sombras desvenda o mal de existir. Um existir que tenta destruir o ar íntimo que percorre o peito, agredindo a geografia da sensibilidade que a matéria criou em mim.


Conversa no autocarro: "E se eu te dissesse que sou quem eu digo que realmente sou?"

(Eu pensei: ou comes ou vomitas?)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Actual
(Joan Miró, "Catalan Peasant with a Guitar")
Actual

(porque é que tu não)

(olha porque é assim)

(olha e que tal)

(sabes bem que)

(e também)

(era, era)

(mas e)

(estava a pensar)

(mas e já também esta conversa acabava, não?)

(quem é que disse isso?)

(olha quem é que havia de ser?)

(lá sabes tu)

(sabes, mas parece que falas demais)

(e coiso e depois estás aí na pendura)

(estou e estamos e depois?)

(quero ver quem vai assinar)

(é sempre essa cena do assinar)

(porque é que tu não)

(nem vou perguntar quem é que disse isso desta vez)

(ora) Todos
Actual

Eu nunca brinco sozinha Sara, no meio das cascatas, nadando a intensidade do meu interior. Eu sempre fui um clarão longo e tu acompanhas-me ao longo de toda a minha costa, e as tuas palavras comigo. Eu nunca choro sozinha Sara, tu tocaste-me a tua poesia sempre.
Actual

Lisa, o glamour shines on you. You are like a sun. Brilhas como quinhentas estrelas. Vejo-te a dançar em cima dos passeios e passeias comigo de coração aberto. Cantas a canção que cantas primeiro e cantaremos depois. O glamour shines on you. Brilhas em todo o lado, like a sun.
Actual

Há um círculo em circular que parece um rectângulo. Há quem me chame um peixe em circuito. Em curto-circuito, um daqueles grandes como um circo. Se tenho um nariz grande rasáceo, como um avó meu? Ah, os genes, dizem que esses me fazem avançar...

António
Actual

a pedra que ficou
no meio dos carros
enquanto os croiassants
estavam quentes
e chamavam por mim
a praia uma vez mais
mas a prancha-alta
era mais apetecícel
toina, sou uma sereia
tudo o que eu toco
transforma-se em
Poesia

Celeste

domingo, 22 de junho de 2008

Actual

A Poeira das Estrelas
Foi aspirada
Pela aspiradeira
Estava gasta
Porque havia Algo Maior
Em cima do armário
Fui ver e não achei
Achei um Menino
Que ao tró-ló-ló levei
Actual

Ao amor que te dedico...


(Jimmy Lacadack, "Too much in a painting")
Actual

Não eras suposta estar cá
Não era realmente
E aliás eu ontem
Até estava já
Com vergonha de me despir à janela
Entupi o teu caminho
Pendurei-me de chaves
Que não são minhas sequer
Não era suposta
Nem estou
Chamaste-me para o almoço?
Actual

Tenho isto para te dizer:
Ri.te com a BEATRIZ nenuco
Ri.te rebola até mais não
Sim Não
Que jogo tão
Engraçadinho
Que fazes com a bola
Até a Mim dás vontade
De rebentar os pulmões
Será do tabaco?

sábado, 21 de junho de 2008

Actual

Fui comprar os jornais à minha mãe (contra a minha vontade, claro)

Depois fui comer qualquer coisa ao meu café preferido do bairro (um pão de leite com um tesouro, se faz favor) com o pessoal. É giro estar com a malta do bairro, contam aquelas histórias porreiras de quando éramos todos miúdos. Basicamente, toda a gente aqui no bairro sabe quem eu sou. É sempre bom ver alguns desses rostos amigos sorrirem ao olhar para nós e darem-nos um grande abraço.

Depois toquei novamente à campainha, 3 vezes, como é hábito cá em casa:

Ouvi a voz da minha mãe:

- Quem é?

- Não levaste a chave?

Resposta:

- Quem é que achas?

Ao não levaste a chave eu nem respondi, não é? Muitas vezes eu levava a chave e mesmo assim tocava... Porquê? Porque demorava mais tempo a encontrar a chave do que a tocar, a esperar pelo elevador, chegar à porta já aberta, ver 3 telenovelas e respectivos intervalos, jantar o jantar queimado, tomar banho de imersão, estar ao telélé durante meia hora, chatear as minhas gatas amorosas, fumar 2 maços de tabaco, escrever 30 poemas, deixar o jantar queimar, o meu pai mandar-me de castigo para o quarto aos 10 anos (ou aos 37 anos?), sonhar com o fundo dos teus olhos, atirar-me para o chão de tanto rir e rebolar-me durante... sei lá... horas, ver neve pela primeira vez, beber uma garrafa de baileys inteira em 10 minutos, competir com as piadas sexuais do tipo que dizem ser meu pai, blá, blá, blá...

De que cor é o fundo dos teus olhos?

Quando cheguei a casa a minha mãe estava furibunda novamente... e isso vai cair em cima de alguém! Pois, é que eu ouvi dizer que vai nevar... as histórias que esta gente inventa para tentar afastar o calor... Quente demais? Chama-se Verão, e este ano parece explodir sóis em tudo o que é lugar!
Actual



(Henri Toulouse-Lautrec, "Woman Pulling up her Stocking")
Actual

Já comecei a ouvir a minha mãe...

- Cheira aqui a tabaco que tresanda, tabaco, blá, blá, tabaco, blá, blá, tabaco, blá, blá...

(estava quase para lhe perguntar se queria um cigarrito)

- Quando o pai fumava não te importavas com o cheiro a tabaco...

- O teu pai não deixava os cinzeiros cheios de tabaco de um dia para o outro...

- Isso era porque ele era cruel, eles também têm direito a ser livres e respirar como nós...

- Deixa-me continuar a ler o livro...
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Ontem disseram-me que eu era um bocado mística...

Eu respondi prontamente: mística não, mítica!

O meu estúpido ipod parou, do nada, a meio de uma música, o que significa que tenho de andar umas 20 músicas para a frente. Fui parar outra vez ao "Quiet Heart" dos Go-Betweens. Já não há paciência. O engraçado é que parou na música "Love will tear us appart" dos Joy Division.

Como diria um amigo meu: "é um sinal"...

Vejam bem:

Go Division ou Joy Between
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Acho que faz todo o sentido postar este comentário:

Anónimo disse...
és a genealidade em explosão, em grito, em cor, em vida, em sede e em desespero. continua a fabricar mil nomes e soluções para o infindável mundo das possibilidades. andas à frente de todos nós nessa descoberta. nem tu, e muito menos eu, iremos chegar a algum lado, mas isso não importa os lados andam sempre connosco.
20 de Junho de 2008 3:02

Carpinteira disse...
Ora Liana, alguém uma vez me disse "tu és a tua própria criação"... depois também me disseram que "tudo é uma contrução social"... depois as coisas ruiram... depois há empresas (ou fábricas, como queiras) que tratam desses problemas... À minha frente só desfila o horizonte e é quando eu deixo... Ora Liana, mas alguma vez saimos deste sítio nosso, desta heliosfera? Connosco andamos de lado, ao lado... e esse almoço é para quando?
20 de Junho de 2008 21:12
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A minha irmã chegou-me aqui agora mesmo com a cara num vermelhão, até dei um salto:

- Ganda escaldão!

- Não é, é de correr...

- Correr? 'Tás a gozar, ninguém fica assim por correr...

- Pois, antes era só as bochechas, hoje piorou, 'tá na cara toda...

Pergunta seguinte... óbvia, super previsível:

- Elá, então quando fazes sexo isso deve ficar lindo, não? Eh, eh, eh!

- Não sei, não vou a correr ver ao espelho.

Esta última frase é o que algures no passado deste blogue chamámos de Pronto Simples
A Poesia é um Campo correndo Liberdade



(André Derain, "Mountains at Collioure")
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O pessoal ali na caixa de comentários está a queixar-se da banda sonora, mas já sabem que isto é sempre a mesma coisa:

Portanto agora passamos para:

Golden Smog

"Don’t you know, yeah, yeah
Don’t you know that you are a shooting star
Don’t you know, don’t you know
Don’t you know that you are a shooting star
And all the world will love you just as long
As long as you are"

Sem comentários...
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Do Jaime para a Sara:

The heater's on
The windows are thin
I'm trying hard
To keep this warmth in
I turn to her
She's sound asleep

Da Oriana para o António:

Someplace I don't know
Doesn't matter how far you come
You've always got further to go

Da Beatriz para a Bárbara:

I tried to tell you
I can only say it when were apart
About this storm inside of me
And how I miss your quiet, quiet heart

Da Bianca para o Bruno/Do Bruno para a Bianca:

Two hours on
My eyes are open
There's bad blood between us
What did I say
That made you cry?
Our dream won't die
Doesn't matter how far you come
You've always got further to go

Do João Vala para a S.

What is that light?
That small red light...
Scorpio rising
Doesn't matter how far you come
You've always got further to go

(The Go-Beetweens)
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Eu voo rente ao Sol

Quando pedi à minha mãe para me oferecer a minha prenda de anos fora de tempo nunca pensei que a "cena" atingisse estas proporções desmesuradas.

A "cena" é realmente potente!

Mas também já aprendi, e aprendi bem a lição, muito bem até:

O sol é de pouca dura...

Mas é Verão, e enquanto durar eu vou desmesuradamente sugar a sua força, luminusidade e intensidade, oh yeahhhhhhhhhhhhhhh!
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Sábado, Sábado bem cedo na manhã

Fui comprar tabaco.
Quando voltei a chave não entrava. Tinha levado a chave de minha casa.
Toquei à campainha 60 vezes sempre a pensar: a minha mãe vai matar-me!
Esta história sempre foi assim, esquecer-me da chave...
Pensei: pelo menos não são 4 da manhã...
Ela não abriu a porta, ela dorme com tampões nos ouvidos...
Terá sido por minha causa?
Plano B: a porteira
Toquei, atendeu o neto, desfiz-me em desculpas ainda cá fora...
Quando fui buscar a chave foi o neto que veio à porta, mas ela espreitou meia nua da casa de banho, para me dar um qualquer bom dia... Já não sabia onde havia de me enfiar...
Ela sempre foi o meu plano B quando não estava ninguém em minha casa e eu não tinha a chave...
Portanto, ela está meia habituada a estas cenas. E o mais incrível é que ela me adora, sabe-se lá porquê...
Quando cheguei a casa a minha mãe estava levantada, à porta, com um olhar assassino...
Nem consegui falar...
Olhei novamente e pensei: os genes são fodidos, mas vendo bem as coisas ainda posso melhorar um pouco mais o meu olhar assassino, fogo ela é mesmo boa!

P.s.: quando a minha mãe se levantar mesmo é que eu vou ver o fogo!!!
Actual

O início do texto foi apagado por razões de segurança.

Mas continuando...

Ou melhor, finalizando...

Porquê? Porque ou se é ou não se é.
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Uma laranja estava na cama
Deitada
Muito calada
A ver o que acontecia

Chegou um olho e disse:
- Vem já cá para dentro!
E zás! A laranja atirou-se para dentro do olho

É o que acontece às laranjas
Que ficam muito contentinhas
Como quem não quer a coisa...
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(Mark Rothko, "Blue, Orange, Red")

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Sala de estar vazia de estofos, entre as cheias recolhemos as saídas para entrarmos...
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Azul cru é mais forte e carrega uma tempestade ao peito. Dá-me a mão, eu sou um braço só e colhi nos corredores das entradas e saídas a pétala milagrosa de uma flor de sol nos espaços vagos dos meus três dedos e meio...
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A Poesia é um Campo correndo Liberdade

E quando um dos teus maiores sonhos começa a tornar-se realidade?

Isso é...?

POESIA!
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"Sometimes the road less travelled is less travelled for a reason"

(Homer Simpson)
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O Google está solar! Está como eu, à procura de... eu não procuro... eu encontro! Oh yeah!

Aqui vai uma das minhas músicas preferidas, na qual substitui o "you" pelo "me" no local onde fazia sentido... E digamos que toda a música é um diálogo interno...

The Go-Betweens: "Finding Me"

What would you do if you turned around
And saw me beside you
Not in a dream but in a song?
Would you float like a phantom
Or would you sing along?

Don't know where I'm going
Don't know where it's flowing
But I know it's finding me

What would you do
If you saw me driving by in a car
The quickest you've ever seen me spin?
Would you smile and wave
Or would you bow and get in?

Don't know where I'm going
Don't know where it's flowing
But I know it's finding me

But then the lightning finds us
Burns away our kindness
We can't find a place to hide
Come the rainy season
Surrender to our treasons
Can we even find our tears?

Don't know where I'm going
Don't know where it's flowing
But I know it's finding me
Actual

Diz-me alguma coisa que eu não saiba sobre mim...

Do you think you can tell?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Actual

Isto é maneira de me receberem?! Tanta algazarra para quê?! Aceitem-me nos vossos corações... Estão aqui estão a ir todos parar à vala!!! Eh, eh, eh!

João Vala, do pó vieste ao pó retornarás... (não é esse pó!) (e já se aspirava o outro, o outro pó...)
Actual

(Chris King)

Actual

Uma musiquinha para as vossas vidas:

"Now you know is not too late
Oh you got to keep the faith"

(Bon Jovi)

João Vala, eu digo que vale
Actual

Só uma pergunta: é um "sinal" para eu ter em consideração? Lá estou eu a falar para o ar... Porque é que Deus não existe...? Ah, existe o João Vala!

(não sei se acredito muito nesse tipo)

(ah, eu acredito nele!)

(ó Oriana, mas em que é que tu não acreditas?)

(risos!)
A Poesia é um Gesto para Além do Eterno

Floriana, enche-se com a brusquidão da luz a nossa noite uma vez mais. Tudo a teu respeito é abrigo e apega-se à lenta reconstrução dos dias.

S.
Actual

Um poema ultra-ultra-romântico:

talvez
um
dia
penetres
o
interior
do
meu
olhar
e
estejam

enfiadas
duas
enormes
laranjas

Jaime
Actual

Conversa no autocarro: "ouve lá esta piada: estimados clientes do Pico Doce, iremos fechar mais cedo por motivo de rusga, muito obrigada pela vossa compreensão."

(Eu pensei: mas fui eu que inventei esta piada... uma das melhores coisas que inventei, diga-se de passagem, esta e o Decameron)
Actual



(Jennifer Coates, "Two trees")
Sou completamente tree addicted...
Actual

Há pessoas que dizem:

"Vai pela sombra"

Eu digo:

Vai por mim

João Vala, quem sabe sabe
Actual

Ironia do Destino, o meu trabalho é sobre:

PARCERIAS

P.s.: por favor, não tentem ensinar a missa ao padre... esta vai direitinha para o Dr. Aurélio, haja paciência!

P.s.2: a missa a João Vala, portanto!
Actual

Esta gente ficou tonton toda de repente?

E telefona e não telefonaste e vem cá e preciso de falar contigo e não te vejo há que tempos e tenho pensado em ti e estou à espera e porque é que não dizes isto e aquilo e é particular e vem cá ter e vou aí ter e lembro-me bem de ti e fui isto e sou aquilo e e e...

E o quê?

E nada...
Actual

Fui fumar... Vi um falcão!

Aqui há tempos havia patos. Houve quem tivesse visto papagaios.

Um falcão lindo!

Disseram-me: "isto aqui é campo, o que é que tu querias...?"

Levá-lo para casa...
Actual



(Antony Micallef, "Girl")
Actual

Refrão do Mês (que já vai a meio e mais uns goles, mas who cares?)

De mim para mim...

Keep on Rockin' in a Free World

(Neil Young)
Actual

Segundo a astrologia eu não me vou foder na área amorosa, muito pelo contrário, porque tenho Júpiter na casa VII. Mas por favor, eu sou uma pessoa racional, vou lá acreditar nessas tangas da astrologia. Gosto de brincar com a história do escorpião exactamente porque é um signo que tem características totalmente contrárias às minhas e o pessoal diverte-se. Se fosse um signo era Aquário: gente visionária, criativa, espirítos livres... E claro, se não fosse um signo: escorpião. Gentinha insuportável, diabólica mesmo... Basicamente: DISTÂNCIA! Que signo é que eu sou realmente? Bá, uma palermice qualquer... Acho que é uma Carpinteira, oh yeahhhhhhhh!
Actual

"I wonder what it's all about"

Aviso à navegação: agora sou também...

JOÃO VALA

Foi o que me perguntaram ontem no meio dos bichos bicudos. É uma religião. Não me dou bem com religiões. Mas se eu for a religião e se for uma grande trapalhada, então eu sou João Vala. Acreditem em MIM! Eu acredito em vocês, pelo menos um bocadinho...

Respondo aos vossos anseios, curiosidades várias, já ando aqui há algum tempo e sei um pouco sobre tudo (mais coisa, menos coisa). Mas tragam oferendas, claro está, porque religião é religião, é para levar a sério!

João Vala, acreditar é o que está a dar
Actual

A Beatriz tem um problema...

Sempre foi uma rapariga com imaginação. Depois passou muito tempo sozinha e virou os olhos para dentro. A sua imaginação cresceu muito. Depois virou os olhos para fora e eles saltaram das órbitas e a sua imaginação cresceu ainda mais.

Depois disseste: "tens de viver aqui"

Aqui onde?

"No mundo"

Qual deles?

(a palavra é sempre a última, antes do fechar dos olhos, a palavra é essa bicicleta que salva o tempo, cria o brilho nos telhados. sentei-me e fui aquela poesia que pediste num repente entre os meus olhos acenando)

"Saltitas, saltitas... Não te ligas às pessoas."

Às pessoas?

(todos riem)

Ora, ora, as pessoas... eu estou a pôr a ligadura...

"Mas eu sei que tu..."

Nunca disse o contrário. Ah disse, mas é só às vezes...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

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(Giorgio da Castelfranco Giorgione, "Venus asleep")
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Há pessoas teimosas como o caraças!

Perguntei à minha mãe se ela achava que eu era teimosa, sabendo à partida qual seria a resposta: "és bastante... quando se te mete uma coisa na cabeça és uma chata." Desta vez nem vou perguntar à Gabi o que é que ela acha... Porquê? Porque a rapariga é um bocado teimosa...

Teimosa? Eu? Disparate... Uma pessoa pacífica, que ouve os outros, percebe sempre o seu lado da história e dá o braço a torcer quando tem de ser...

QUANDO TEM DE SER!!!

Lá perguntei à Gabi via mensagem telélé o que é que ela achava... Resposta: "estás com problemas de identidade outra vez?" Outra vez porquê? Nunca tive esse tipo de problemas...
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Quando avançamos um pouco mais nos números começa a conversa: estou aqui estou a dar um tiro nos cornos! Então penso nas pessoas... Mas não é a mesma coisa?!?! O tabaco acabou, isso é que é grave! Tenho de ir à H.N. com o sol a derreter-se na minha cabeça por causa desta palhaçada da lei do tabaco. Danos solares cerebrais? Ui, imprevisíveis!!! Os números que se ponham a pau!
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E voltamos ao mesmo:

Números! Oh yeah baby!

Estamos contentes? Claro! Às vezes não há muita paciência para as pessoas...

E depois não são só os números, é o Sim e o Não, é simples, coisas simples...

Para quê complicar? As pessoas complicam, complicam...
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(Robert Mapplethorpe, "Lindsay Key")

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Quando saio de casa tenho sempre de voltar atrás. Esqueço-me sempre de qualquer coisa: o tabaco, o telemóvel... Hoje foi a Bianca...

#&$+»#$%&+%&##############################################!!!

(és tão provocador Bruno!)

(olha lá a linguagem Bianca, há aqui crianças!)

(o quê? porque é que achas que a Celeste foi expulsa do infantário aos 3 anos?)

(eu acho que a Bianca e o Bruno daqui a pouco estão a rebolar no jardim gigantesco que está à frente dos seus olhos...)

(isso queria o Bruno, ele que continue a sonhar!)

(levo uma manta ou preferes ao natural?)
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Que mania de me ligarem o ar condicionado de um dia para o outro:

EU GOSTO DE TER CALOR!!!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Actual

Estou a ouvir a Turandot, essa grande ópera.

A terceira e última pergunta da terrível Turandot:

"Gelo che ti dà foco
e dal tuo foco
più gelo prende!
Candida ed oscura!
Se libero ti vuoi
ti fa più servo.
Se per servo t'accetta,
ti fa Re!"

O final:

I due amanti si trovano avvinti perdutamente, mentre la folla getta fiori e acclama gioiosa.

LA FOLLA
Amor! O sole! Vita! Eternità!
Luce del mondo e amore!
Ride e canta nel sole
l'infinità nostra felicità!
Gloria a te! Gloria a te! Gloria!

Sara
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Eu curto este pessoal:

"As June ends, you'll be in a celebratory mood. Your financial talks will be settled, you'll know where you stand, and if you've played your cards right, you've won. At mid-month you've come through a draining full moon and managed to turn things in your favor. Looking back, it will seem like an adventure straight out of a movie. Pour the champagne, you will certainly deserve to mark the moment!"

Mas não é sempre "an adventure straight out of a movie", mais coisa, menos coisa?! Em vez de champanhe pode ser groselha?
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(René Magritte, "Attempting the Impossible")
Já tinha ouvido falar no Impossível, quase acreditei Nele...
Depois vi escrito na porta vermelha de uma casa de banho: "É Possível!" E vinha assinado com o meu nome. Estava feito!
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Confirmei com a minha mãe a questão do meu mau feitio. Mas ela ainda há pouco tempo me disse: desde pequena que só de olhar para ti quase fico doente. Ora, logo eu que sou uma pessoa bastante calma, não é verdade Bárbara? Oh Celeste, e tu sempre foste tão bem comportadinha... Estas pessoas distorcem a realidade à vontade delas, fico possessa! Falei com a Gabi, muito mais confiável. Eis o que o seu subjectivismo filosófico respondeu: há dias em que és blá blá, outros em que és blá blá, outros em que és blá blá, noutros tens mau feitio, não se pode dizer que tens mau feitio. Oh yeah! O que é que eu penso sobre o assunto? O mesmo que a Gabi... Aliás, há uma grande sintonia entre nós. Não é por acaso que ela é de longe a pessoa que melhor me conhece e eu sou de longe a pessoa que melhor a conhece. No entanto, essa sintonia não implica que a menina Gabi saiba o que estou a pensar e a sentir, invente 1.300 teorias sobre mim e me obrigue a ouvi-las até ao fim. Tanta teoria, vê lá se não queres também tu escrever um livro sobre mim... ou fazer um estudo. No teu caso, era já uma colecção inteira daqueles volumes grossos. A sua imaginação não tem limites, é inacreditável. Acho particularmente piada quando ela fica de boca aberta: "fizeste o quê?!" Ah, a minha imprevisibilidade... Mas também tens teorias para ela, não é Gabizinha? Sua teórica, não tens vergonha!? Já te disse 500 vezes, alia a teoria à prática, senão o cérebro explode!!!

- Não me dês toques para o telemóvel, não tenho saldo...

- Não desatines muito comigo, ambas sabemos que isto é a verdade...

- Vê lá não te entusiasmes muito a falar por causa da tua dor de dentes...

- Sempre vamos todos a Marrocos ou estás com medo da minha imprevisibilidade no meio das areias escaldantes do deserto?

- Queres teorizar comigo "as always" e rebentamos com o mundo?

- Amo-te Laura! (não te ponhas a teorizar sobre isto também, senão vais ver o meu mau feitio em acção!)
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Qual de vocês é o/a anormal que dá conversa a toda a gente na rua? É sempre a mesma coisa! Por outro lado, será que eu tenho mel escrito na testa?

Qual é a minha esperança em relação ao mundo perguntaste antes de eu começar a correr para apanhar o autocarro... Qual deles? Tantos mundos, como queres que eu saiba? Eu acredito, eu acredito neste sol radiante que me bate na cara e no meu ipod aos berros nos ouvidos! Oh yeah!

P.s.: vou pegar numa daquelas canetas bem grossas e escrever VENENO na testa, só para ver no que é que dá, só um dia...
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LUA CHEIA

Úúúúú!!! Quero ver quem é que vai dormir! Estamos com azar: Hora-Cinderela-Cama-1:00 e Levantar-sem-queixumes!

Vinda uma vez mais do Alto Bairro desta vez com Miguel o Arcanjo porque nos dias que correm convém andar bem acompanhada, não vá o Diabo tecê-las... Miguel disse-me: és tão desvairada quanto eu! E esse mau feitio... Mau feitio? Que mau feitio? É tão mau feitio quanto o teu! Liga lá a M80 e acelera pela noite fora!

terça-feira, 17 de junho de 2008


(Joseph Cornell, "Untitled (Medici Princess)"
Conversa no autocarro: "E tens de fazer a cama com cuidado, e tens de fazer 1 hora de trabalhos de casa todos os dias, e tens de preparar a mochila para o dia seguinte, e tens de ser bom menino, e tens arrumar os brinquedos logo que acabas de brincar, e tens de ser obediente, e tens de brincar com o teu irmão mais novo, e tens de pentear mais vezes ao dia esse cabelo, e tens de ser bem comportado, e tens de..."

(Eu pensei: e que tal um 'vai-te foder?')
dormindo embalada
pelo abraço do acordar
porque o calor
se espalha no que o amor
diz agora das janelas
encontrar-se-iam
nos sinais dos dias
quero desvendar
o que puder
nesse regresso voador
que canta nas veias
entrando nas salas
no alto dos mastros

P.s.: aí é que eu estava bem agora: no alto dos mastros...

O esboço desfeito, quando nem sequer queria construir um silêncio, apenas uma casa de nuvens. Mas houve um deus ofegante que inchou a sua corola e deteve o meu sonho. Tornei-me num caminho de areia, os meus desejos aprisionaram-me num erro seguido de outro. Depois disseste-me algo que a dor comeu em mim. Foi a perfeita restrição do ser nos seus movimentos, na figura de pedra sentindo mais do que era possível, com os seus dedos à míngua. Sabes como é não ter movimentos e ver os pássaros nos lábios de alguém sempre fugindo? Será que estás nos meus olhos? Porque és uma claridade oculta que chega frágil até mim. Na costa há feridas que não sabem adormecer e lendas que penso serem loucas. Fiz o caos ou o caos fez-me a mim, porque derrubei os muros, as cidades todas partiram e ri-me dos barcos que levaram os sentidos pois os sentidos são irreais. Estive de joelhos demasiado tempo, mas as palavras sempre tiveram a razão de cantar o seu espanto e o seu espanto nunca morreu. Rastejei pelo mundo que criaste, a tua voz juvenil cercou-me de medo e sugou-me no escuro da casa. Ninguém respondeu à criança da noite, ignorante, cega, desprotegida, no seu templo de solidão. Sacudo o sono dos sonos e mostro um novo segredo. Será que me entendes, esta liberdade que renuncia às bússolas orquestradas e apenas se guia pelos seus gestos essenciais? É preciso encostar os olhos à sede e deixar falar tudo o que me pertence e tudo o que me abraça. Ser passageira de um tempo que apenas passeia pelas frinchas, brechas, pelo veloz e qualquer sementeira que se esconda como um tesouro num espaço aberto na planície, um som vivo que transporta a minha voz.

(Keith Haring, "Untitled")
É tal o desalento quando a estrela cai porque ela afinal não vem do fundo da terra, era apenas um ideal. Deita-se aos meus pés e chora. És o crime de todos os meus dias e o brilho da estrela que cai permanece sempre uma sombra. Estou deitada num quarto a arder de febre, tu sorris uma qualquer estação quente. A memória tem movimento, ela sai comigo para a rua diariamente. Talvez pudéssemos beber uns copos de aguardente, eu e a estrela caída em desgraça, e esquecer-me por três dias da memória que apenas ferra o ser.

And still they don't believe me?
How can they hear me say those words
Still they don't believe me?
And if they don't believe me now
Will they ever believe me?

(The Smiths)

Apago os cigarros nos maços de tabaco e dispo-me com a janela aberta e a luz acesa. Nunca acreditarias que sou o sol da manhã. De cabeça erguida, visto-me apenas assim, com uma peça de roupa. Meto a cabeça fora da minha rua. Nesse instante rio-me, se me vês riste-te também ou não sabes nada sobre o mundo. Queres fazer parte de mim, tu que falas comigo? Eu dou-te tudo o que transbordo. Declaro vozes, engenhos raros, as folhas mansas que crescem por entre sentimentos descobertos. Os olhos alheios são comédias numa corda de viola. Eu toco os seus sons. Hei-de calar as notícias que vêm dessa rádio antiga. A amargura que cresce delirante e sobe em dias predestinados. Há uma enchente deslocalizada neste nosso contacto de erosão das rochas interiores sedimentadas há muito. O tempo da colheita exalta-se…

(Jean-Antoine Watteau, "Meeting in the Open Air")
Ora lá vem mais um pouco do Ideal de Amor, na sua forma ultra-romântica...

E de repente tu disseste algo e eu ri-me e tu não percebeste. Nada havia para perceber, para além de tudo o que já havíamos dito. Mas claro, é preciso dizê-lo, uma vez, e outra: as estrelas estão sempre a ser acesas quando tu chegas, com esses olhos de sol. Como é possível seres tão incandescente? Chegas com esse rumor de água viva respirando milhões de barcos nos meus portos, transbordas, transbordas e eu apenas floresço e rio-me. Avanço ao teu sabor. A tua boca aromática, essa harmonia que anseio alcançar. Conta-me o teu segredo. Dou-te o meu continente azul porque tu estás sempre a apontar o Sul. Falamos de medo mas voamos mais alto do que o céu. Dizes que sou o arco-íris, mas és tu que compões as minhas cores e eu estendo-me nas tuas varandas. Digo que vou cair e tu seguras-me… Como podes ser tranquilo, se eu sou um meteorito? Talvez seja uma serpente enrolada no teu pescoço, mas és tu que me alimentas. Dou-te o ritmo, só te vejo a dançar. Adormeço nos teus braços e vejo-te acordar. Julgava que era felina mas estava enganada porque tu é que tens imenso pêlo e me aqueces. O teu corpo embriaga-me e o meu lateja: só sei chamar pelo teu nome, o teu nome é o fundo do meu oceano. Contigo vivo ondulada e tu vives em casa. Achas que vives em casa? Porque apesar de uma certa turbulência eu sou uma concha que sustenta o teu mundo e te entrego a ti mesmo agarrando sempre a tua mão.

P.s.: tinha que rebentar a escala. Sou boa nisso, a rebentar escalas! Eh, eh, eh!!!
"Oh yeah, I'm good!"

Uma das moedas mais desvalorizadas do mundo...


10 mil francos da República da Guiné valem 1,50 euros
Keep it in mind!
Dizem que se esquece como se esquece um nome. Agora o tempo agita os olhos de viajante que começam a conhecer os mapas da liberdade. Águas maduras que atravessam rios com o vigor das chamas. O canto dos pássaros nos braços das árvores acenando-me. Ainda chamas por mim… Uma nuvem é um desenho lançado a um tempo qualquer e eu desenho o meu com palavras roubadas de navios, roubados do mar, roubado de uma fogueira. Ainda queima essa maré desabitada? O canto das cigarras, oiço-o toda a noite, um apelo aos degraus do meu desejo. Desejo apenas despir-me em mil acácias…

Todas as folhas são violetas e o céu está forrado de rios e serras. É o dia dos poetas, que morreram um dia. Agora os seus braços de mel libertam as palavras presas para dizer que a miséria está viva e a podridão acontece a cada instante. Arrastam os seus soluços de joelhos correndo à frente do tempo nas histórias das outras vidas, cantando as suas dores adormecidas, os silêncios esbatidos, a incomplitude confusa de quem não sabe. O impossível mundo... é esse mundo que toca em todas as campainhas, é esse mundo que deve percorrer as veias dia e noite porque de matéria química somos feitos, essa sempre fecunda. Todas as folhas são violetas e o céu está forrado de rios e serras. E se ouves uma voz nessa cruz onde ficaste preso, é essa voz a que deves retornar.

(Odilon Redon, "Orfeo")
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Há quem tenha estado no Santo António, há quem esteja no Espiríto Santo...

Papi telefonou... se ele estivesse cá punha-me na ordem a sério, pelo menos sempre tentou (eh, eh, eh). Umas sopas do Espírito Santo agora é que caiam bem. Dona Ana, ainda não sei rezar o Pai Nosso nem a Avé Maria, mas posso comer as sopas, não posso?
sabes que há noites
que nunca acabam
há noites que precisam de ti
da tua água à minha boca
porque não existe mais nada
senão a tua água
há noites que a tua mão
é a única palavra
e devo acreditar nela
porque estás coberto
dessa respiração
que sempre amei

P.s.: e repara bem que a noite é a altura do dia que menos gosto...


Estava escuro como escuro fora noutros dias. Celeste, a menina saltitante estava numa cama doente e não podia sair para os cantos do tempo. O dia não passava e as dores eram dores iguais a outras dores de que Celeste se lembrava, e assim se passavam os dias. Celeste, a menina saltitante não compreendia, sabia o nome dos remédios e os seus sabores de que não se gosta. Celeste dormia e não dormia, as sombras passavam diante dos seus olhos enquanto as dores ela já não sabia se eram as dores dos pés à cabeça, aquelas que prendem os braços e as pernas ou aquelas mais assustadoras que esmagam o olhar.
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(Henri Matisse, "Decorative Figure on an Ornamental Ground")
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Caramba, quando estou realmente bem disposta só me falta falar com as plantas! (e falo... podera, tenho um jardim gigantesco à minha volta e está um dia formidável... arranjo mil e uma desculpas para ir lá fora... já disse ao meu coleguinha: um dia trago uma manta e deito-me a apanhar sol na relva...)

E também faz sempre bem ao meu ego ouvir:

És uma ave rara, sempre o soube

És extraordinária

És a que tem a melhor escrita de todos

Ai Zé Manel aguenta-te aí gajo... aquilo que dizes que eu sou tu também és... e muito mais!!!

Laranjinha
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Aqui e agora tudo balança. Não vês que o mundo cresceu demasiado, foi demasiado tempo. O teu olhar afasta-se, o meu também. Quis matar-te, agora quero que te afundes para poder caminhar mais depressa... quero poder... Tudo balança, a raiva, e o outro sentimento que nasce no meu olhar. Não digas o seu nome porque vou negá-lo... Não digas o teu nome, ele continua aqui guardado...
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Inia está de volta e o telefone toca...

Quando vou com ela ao Bairro Alto fico a conhecer pelo menos 1/10 da população alto bairriana. A maioria personagens de alto gabarito, fora aquelas que conhecemos sabe-se lá como... As nossas gargalhadas ouvem-se pelas ruas em que não estamos (ela diria: as tuas, as tuas!) A vida dá que falar, eu agarro-te as mãos e mostro-te qualquer coisa como uma espécie de caminho... Tu sempre soubeste meter os pés nos passos...

Quando comemos a pizza e eu fiquei mal-disposta eram quatro da manhã, tu dizias que havia um homem chamado Kant que nos chamava e eu estava deitada na tua cama, cheia de cândidas e meia pizza comendo-me o estômago... Tu dizias, tu dizias que eu não fazia nada: ora bolas, eu fazia filosofia!

Tu quiseste dar-me um chá com um dos homens mais importantes da minha vida e salvaste-me. Depois quiseste dar-me um café com um dos homens mais ... da minha vida e lixaste-me. Quem é que me mandou meter-me com um escorpião? Ui, nunca se deve envolver com homens escorpiões, gente mais passada dos carretos não há... De outro ponto de vista, gente mais genial também não há... Claro que eu não sou escorpião nem nada. Mas eu não sou nada disso, sou uma miúda normalíssima, que vive uma vida bastante tranquila...

Inia, eu fui pelo outro lado porque há diversas chaves, há múltiplas portas... Eu falei-te disso, não? ; )

domingo, 15 de junho de 2008

Actual

Começa hoje o Regime Ditatorial:

Disciplina

Ordem

Organização

Regras

General Carpintas
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- Vocês todos? Essa é hilariante Marta, bem pensada... Só uma questão, quem são vocês todos?

- Estou a gritar Jorge? De qualquer forma não me ouves... Não era o que eu te dizia?

- Não digo que gosto de ti Laura... Engraçada essa conversa agora... após... após uma cervejas. Se morreres? Não te preocupes, eu morro antes...

- Se podes vir? Sei lá... Estás a falar com quem? Depende com quem estiveres a falar Rita...

- O que eu quero, disse-te um dia Joana... e CONTINUO A QUERER!

- Ainda há combustível para chegar ao aeroporto ou quê!?

- Estou a ouvir The Killers. Não sei se vai direito a vocês ou a nós : )

Oh Bianca, não penses que vais assinar o texto sozinha!

Então porquê!?!? #$#$#$ &%&%&%& *=*=*

(calem-me essa gaja!)

(qual delas?)

(todas!)

(e os gajos?)

(não sei quem é que é pior #&#&#&!!!)

(750! aeroporto!!!)

(vai a nado!)

(a voar Oriana!)

(já lá estive)

(Lisa, mas a ti faziam-te bem "novos ares")

(ó António, não tens medo de voar?)

(contigo tenho Jaime)

(então porquê?)

(só dizes baboseiras...)

(elá, temos porrada! eu estou pelo António, espeta-lhe com força)

(ó Bruno 'tá caladinho, só gostas de provocar)

(Santa Bárbara, venha até nós pecadores e limpai-nos de todo o mal)

(olha, olha, quem está ao telefone, é preciso ter lata...)

(não atendas... diz-lhe para esperar...)

(o pessoal está a conversar...)

(vocês conversam demais!)

(nós quem Bárbara? não te armes em atinadinha)

("nós" bem te vimos na festa passada)

(não foi Lisa?)

(epá, eu estava noutra...)

(noutra festa? eh, eh, eh)

(Bianca, tens de organizar a Festa do Caos)

(adoro quando ela olha assim, com aqueles olhos assassinos...)

(ficas sexy, oh miúda!)

(oh Bruno, tu e a Bianca faziam cá um par!!!)

(Jaime,ó que é que tu achas?)

(não sejas ciumento pá, tu tens a Sara...)

(o Jaime tem a Sara? o Jaime não faz o meu tipo, está sempre nas nuvens...)

(ah, e tu não Sara!!!)

(às vezes bato com a cabeça lá em cima, não é Oriana!?)

(o Jaime ficava bem era com a Beatriz)

(a Beatriz fica bem a correr para os autocarros)

(olha e ela ri-se)

(a última vez que ti vi andavas com uma paranóia qualquer com as flores)

(foi um momento bonito)

(o que é que estás a fazer há tanto tempo lá fora Celeste?)

(estou a rodar e a olhar para cima, para as árvores...)

(como ontem, que caiste em cima das flores?)

(estava a treinar, eh, eh, eh)

(onde é que está a mãe Celeste?)

(o mar é azul)

(a tipa que está lá fora é mais marada do que tu S.)

(se calhar é mesmo #*&$=»!!!)

(de qualquer maneira não esquecer que este texto foi escrito a pedido de duas pessoas)

(quem é que disse isso?)

Todos

quinta-feira, 12 de junho de 2008

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(Max Beckmann, "Brother and sister")
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Leãozinho, recordo-te sempre nos meus olhos, enquanto os olhas. São as tuas paisagens, alimentando a carga das tuas explosões, as tuas dimensões, o fervor das tuas paixões. A matéria que a terra revolve está bordada em nós. Leãozinho, eu habito o ilimitado ventre que cresce entre as coisas de ti em mim.
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Hino à Amizade

O símbolo da linha azul é um pássaro. Quem diria? E eu só reparei nisso agora... Distraída? Não... Quando cheguei ao tapete rolante, ele parou. Eu estava cá com um andamento, andei mais depressa do que o misto tapete/passo: VOEI! Depois saí direita (ups, disseste esquerda) à Praça da Alegria. Já está tudo pronto para as marchas... Eu voto em Nós, como sempre ; )

terça-feira, 10 de junho de 2008

Actual

Quem é que foi que ficou acordado/a até às oito da manhã? Foi a menina Sara não foi!? E com ela toda a gente. Pois é, pois é... Mas o que é isto menina Sara!? Nem parece da menina, parece da outra... Qual é que é a ideia, hum? Ai, ai! Olha, não te ponhas a defendê-la, era o que mais faltava... Chiu, quero toda a gente calada! Estão aqui estão todos de castigo! Oito da manhã, vejam só...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Desarrumar a melodia que o meu trono trepadeiro traz. O olhar é ansioso. Não te esqueci à entrada da linguagem, onde se misturam todos os compassos, no desfazer dos sonhos dos imperadores. Podes nadar, mas o mar quebra a tua braçada. Tento agarrar-me, mas apenas seguro a minha cabeça de mil palavras. A carruagem já avança e liberta o que tem estado trancado nos pensamentos do pó. Uma pesada carga vai-se afastando. Os rubis, as esmeraldas e tudo o que sejam pérolas abrem-se no olhar de alguém que inunda um arco-íris há muito abandonado. Sim, coração meu humano tens o teu tempo de seres uma corrente que transforma a solitária lágrima da esperança na terra que irrompe continuamente em qualquer coisa significante. Troco o negócio por qualquer flor. Tenho um canto a dizer: a interminável estrada fragmentada do impossível deserto ao ritmo das folhas que abrem as árvores. Uma partida será sempre uma partida porque há um começo que se solta nos ramos, captando o meu olhar de estrela da tarde.

(Francis Picabia, "Machine Turn Quickly")
Jack, para nós é um autocarro chamado desejo-te...

Eu trilhei, eu trilho, eu apenas vou numa direcção, uma direcção que não tem nome. Paro em pensões imundas, como o que os pobres comem. Tenho a vontade vadia de desencravar os atrelados e fugir com a Liberdade. O dia é grandioso e o animal disparou. Estou à frente de tudo, dessas histórias que deviam estar mortas, das cores que desbotam e das colinas altas que crepitam terramotos e cheiram a canas de açúcar.

Não me digas que nunca te disse. Os campos dividiram-se em pedaços e cada pedaço meu falou contigo sempre. Quase em frente à tua casa disse-te o que restava da minha plantação. O brilhar de todos os dias antigos, também te falei neles. Eu fiz todas as guerras, sem armas, com os pés quebrando-se no chão…

(Hieronymous Bosch, "Death and the Miser")
achas que o meu sangue
podia dizer-te
que há uma substância nocturna
em mim
e tu olharias de frente
a noite mais terrível
conseguindo ser
o impossível acto de ser
o movimento que me chama
para a vida
e transformar-te num presente
cheio de folhas novas no ar
e mostrar-mas?

P.s.: nunca se olha de frente a escuridão, mas terias de olhar-me…


A fala desarticulada falou a exacta hora de quem disse na altura certa estou a partir, apanha-me a mão. A noite era sempre assustadora, uma idade demasiado velha e eu envelheci com ela. Eterna refém, demorei-me demasiado tempo, mas soube dizer-te que escoava-me na perdição do tempo. O rio, um rio sem lenha transportou-me rente ao seu fundo. As minhas palavras eram curtas mas falavam-te deste despenhar. A hora inexacta encerrou o que restava da abertura das pálpebras.


Surgir na profundidade das tuas pegadas e aprofundá-las, sentindo-as num tempo desmedido enquanto caminhas. Levas contigo a maldição da ilha de que não te libertas, enquanto eu entro à revelia. Sou a nudez que escorre as águas turvas e alimento o porto seco que arranco da tua canção. Quem diz a hora fúnebre? A desolação é o teu som, respiras sem pausas, eu apenas consumo os estremecimentos. Há um estranho brilho em todos os cantos do teu olhar, eu escavo o som do ar para permanecer no teu horizonte.

(Williaw Blake, "The Great Red Dragon and the Woman Clothed in Sun")
Conversa de autocarro: “Nunca mais poderei regressar à inocência.”

(Eu pensei: eis uma grande verdade. Pensando melhor, há apenas uma forma: Eu sou a inocência. Mas é tão perigosa como atirar-se para a linha do comboio quando este está a segundos de passar…)


a tua linguagem
é a matéria pura
que faz acordes com a minha
qual a minha palavra
que deseja a tua?
há um gesto que procura
inicialmente o teu ele
é a própria sede
é o som dos jardins
o crescimento lento das árvores
porque os teus ramos
entrelaçam-se
sumptuosamente nos meus

P.s.: que classe: entrelaçam-se sumptuosamente nos meus... estava inspirada ou quê?


Era o melhor passo que dava, esse na tua direcção. Prendia-me esse teu rosto de poema que escrevi algures na palma da minha mão. As horas eram incertas, uma insondável palavra libertadora surgia ao longo dos dias: O rasto de ouro da tua voz ia permanecendo em mim. Uma folha rodopiando, nunca caindo, sempre rodopiando, foi o que perdurou, o que perdi, o que sentirei sempre falta.

(Revell and Wiley)
Conversa no autocarro: "Why can't we be ourselves like we were yesterday?"

(Eu pensei: porque a vida é fodida, porque as pessoas são fodidas, porque... porque.. porque... ekdbdjsbckcbdkcbcjkcbjcbcjc................")


a tua luz respira-se
como o cheiro da terra
eu só encontro
frescura em ti
ardes na minha mão
porque a tua presença nua
é um gesto antigo
do qual já não me lembrava
amava as estrelas
mas tenho o corpo
submerso de feridas
quero afundar-me
na tua imensidade
mas há um medo
mas há um medo em mim
de arder em cinzas
seguravas-me na mão
enquanto a matéria
se elevava em si mesma?

P.s.: isto não é uma cena a piscar o olho ao nirvana...


Nas noites brancas não posso deixar de ser a solitária que recorda as avalanches, aquelas que sinto afundarem o meu mundo. A neve, de que cor é a neve? Da minha janela eu nem a via cair, ela apenas se enroscava nos meus braços e se o coração batia eu só sentia o frio estalando as raízes da pele. Há uma festa no cemitério e neva muito, as horas pararam e o chão treme. Todas as janelas estão fechadas, o coração bate cercado por uma muralha negra. E a neve continua, continua a cair…


(Hung Li)

Dói sempre uma despedida, esses olhos abertos de mato que não cheguei a ver. Confiei na estrada que era uma história sem razão a não ser um verso aceso pelo nosso fogo. Lembro-me de termos escrito no início de uma cauda que corria a palavra promessa. Se conquistámos todas as cidades, porque partiste? No silêncio da minha boca o teu nome foi sempre dito, continuando a repetir sempre a nossa promessa.

Costumava apaixonar-me por ti todas as noites, quando os telhados gotejavam o meu medo. Chamava-te olhos de lume quando o chão era mais duro do que a pedra. Os meus cabelos entrançados sorriam em fotografias antigas e eu podia ser os degraus de uma casa rumo a um leme que não via nunca. Errava pela noite com o apagar desse lume, não podias levar-me até aos meus desejos porque o vento não se agarra. Provei o sabor dos gritos nessas noites em que me apaixonava por ti, no indecifrar das tuas palavras, mais secas do que o vento que atirava pela boca.
Porque o céu nos explode nas mãos, uma agulha que não deixa de sangrar os dedos. Essa mão que agarra, agarra e vai tentando agarrar...


Good Charlotte: "Let Me Go"

Down in the streets outside of Washington, D.C.,
I wasted all my time and you were there with me,
Back then it meant so much to have you by my side,
I always had your back and you always had mine,

Sayin' Let me go,
Have some fun,
Well my decision sucks to you,
But I'm so young,

We'd hang out late and fight just trying to have fun,
We were such punk ass kids but we knew everyone,
And who could see through such blazed up bloodshot eyes,
There was a plan for us one day we'd realize
Sayin'

na, na, na, na, na, na, na

(Point.Of.View)
regressa à terra
regressa comigo
nos braços do vento
porque sei dos seus contornos
conheço os cavalos
das suas tempestades
dispo-me sempre
invadindo-me das suas águas
o medo é só uma ponte
eu levo-te ao outro lado
o caminho é fechar os olhos
fechas os olhos comigo?

P.s.: olha que eu tenho medo do escuro, tens de deixar a tua luz acesa...

DREAMS NEVER DIE
Actual

Quando disse "em força", não estava a pensar numa força major Beatriz! Juro que te vou às trombras se te ris!

S.
Actual


(Sigmar Polke, "Tischruecken (Seance)")

Actual

Sara, porque longos são os anos e o sítio onde me encontro é o mesmo de sempre... Os pombos ainda estão vivos, mas por pouco tempo. E o que te dizer para além do que já foi dito, se tudo se repete de novo... Sara, irás ouvi-lo uma vez mais, uma outra vez...
Actual

Não sei se te doia Tom, dentro do sangue. O braço é próximo do coração e tu estavas no meu campo de visão. Doia-te o medo, e dentro do medo apenas rastejamos. O teu olhar Tom, consigo vê-lo daqui... Rastejas para onde?
Actual (portanto, de hoje 9 de Junho)

Adoro quando a loiça se empilha, muito artístico. É o que eu digo... sangue de artista... ; )

Pensando melhor, actual? Bem, há algo novo: não saí na minha estação e eis que saio na Reboleira. "Reboleira, que merda é esta?" Nem sabia onde estava (normalmente não sei, mas há dias piores). Volto para dentro do comboio e saio na estação seguinte: Amadora, minha conhecida. Foi a primeira vez. Com os comboios... nos autocarros e no metro é o pão nosso de cada dia. Já nem levo a sério: primeiro entro em pânico, a seguir rio-me e depois digo: "é sempre a mesma merda!" Passeio pela Amadora, há que aproveitar... A última vez que lá fui foi para pagar a conta da água, esquecida sabe-se lá como... A cereja em cima do bolo era aparecer o pica, já no sentido da Damaia, uma vez que para a Amadora o meu passe não passa. Teria sido giro sim, coima que pode ser 100 vezes superior ao bilhete, e eu a dizer ao pica: "mas olhe que eu pedi até à Amadora, eu moro aqui e não na Damaia." Passava, não passava? A estação da Damaia de dia tem outros encantos, mas à noite, à noite é que vibra. Vejo-a da minha janela... há uma puta de uma árvore à frente, mas enfim... Mas eu apanho com a saída secundária, que ainda tem mais encantos... tenho de fazer uns corta-matos por aí... Há pessoal que passa por mim e olha-me com um ar de durão e/ou mauzão... dá-me logo vontade de rir... Estás fodido da vida? Eu também... Faz parte da número? Eu também tenho uns números, são é do curso avançado... (eh, eh, eh) Se calhar vou adoptar esse ar, a vida provavelmente vai ser-me facilitada, não? No supermercado estava a ver que tinha de andar à porrada... com uma gaja que estava a embicar com o meu carrinho das compras. Fez-me esse ar de durona, eu fiz-lhe o meu (espero ter aprendido bem a lição)... Se ela me chateasse mais alguma vez acabava no chão com os sumos todos a jorrarem-lhe em cima... Estou tão bem disposta, não estou?

Não compreendo porque é que toda a gente diz que tenho de escrever a história da minha vida, ela não é nada de especial. Cada vez que tento torná-la mexida mais parada ela fica.

Queridinhos, qual de vocês é que quer assinar este texto?

Ninguém? Não me acredito!!! Tanta gente, tanto barulho e nada?!

Ok, ok. A minha vida não é nada de especial, eu é que sou!

Está bem assim gente? Ah, agora querem assinar todos. Não assina ninguém, seus macanbuzios, eu sou uma durona!!!

domingo, 8 de junho de 2008

Não sangras como eu porque o mundo não te fere como uma fera rainha que te deixa os olhos dolorosos de profunda tristeza. Se não existes, como ter saudades? Sem palavras para falar de um riso que ainda continuo a ouvir-te. Poiso no que fomos e o que digo não sei se sentes, mas eu sinto o sabor do meu amor brilhando em versos, dizendo sobre ti essas fontes raras que iluminam todos os caminhos, mesmo aqueles de qualquer noite pálida. O que podemos trazer ao peito é o saltar de nenúfares, as asas continuamente abertas, um coração palpitante lançando flores ao vento. O que é este mundo senão o nosso olhar tocando-se?

(Marlene Dumas, "Erik Andriesse")
Lisa, és uma jogadora que quase atira os dados viciados à cara dos outros jogadores, rindo-te sempre para dentro dessa tua imparável máquina de libertação magistral. Como se fosses a dona do tabuleiro Lisa, das jogadas dos outros, qualquer solução é possível agora que nada tens a perder. Danças na pista dos solitários que apenas pescam por pescar porque o mar tornou-se demasiado grande. É esse fogo Lisa, esse fogo que te consume que tens urgentemente de te livrar.


em ti todo
o espaço é acessível
a pura presença da terra
o ser reencontrado em mim
um tímido sorriso
de aceitação do Amor
porque se há distância
tu atravessas as raízes feridas
e tocas o meu rosto
recolho-me em ti
porque tu percorres-me
acariciando-me a pele

P.s.: acariciar a pele faz-me lembrar que já merecia umas massagens como deve ser. Esta vida de stress do mundo actual dá cabo do pessoal. Como é que é? Não tenho hipótese de pagar, só recebo... : )


Sara, as searas são o teu reflexo, o que te dá de comer. Nesta mesa estão sentados os teus inventos, falando todas as linguagens que tens aprendido e olhas para elas surpresa. A tua entrada, o teu nome dito pela porta é reconhecido. Olha meu amigo, dizes que eu sou o som da liberdade, pois nesta mesa eu sou a narradora de mim mesma com os dados do meu futuro lançados sem qualquer hesitação. Se me perder, terei ainda a visão que vi na escuridão. Sim, todas as linguagens sei falar, mas não luto em guerras perdidas. A minha verdadeira força é o sino que oiço tocar na minha manhã, as estrelas adoçando o caminho, as palavras em movimento contínuo, os seres de sonho que seguem viagem, as casas crescendo das sementes.

(Henri Rousseau, "Bords de l'Oise")
E continua a segunda série de poemas que cantam o Amor enquanto ideal:

talvez seja o momento
de tornar inabitável o deserto
e respirar pelas tuas mil bocas
dizes-me que há esperança
no impulso de ti
se eu falo palavras
o teu olhar é infinito
diante de mim tudo se abre
eu vejo agora como a vida
transparece na tua cintilação:
a tua promessa abre-se
dentro de mim

P.s.: olha que eu não tenho nada contra o deserto real, leva-me a ver a imensidão da areia infinda... leva-me contigo numa viagem...


Um outro mundo na amadureza do ser que foge do som das luzes que o separam das suas qualidades, nessas perguntas que não sabe ser. No balcão velho não compra nada. Ó velha, o que vendes? Os sons dessa voz rachada leva-os para uma cova, eu só quero o carvão para fazer o cabelo de ouro, essa cara que agora é maldita, uma terra cultivada com as mãos da morte e sacos de sementes da vida. Cumprimento o homem da tasca, cruzámo-nos entre as nações vencidas, mas agora o fim do dia, o começo da noite é a nossa marca e impacientes determinamos o passo. Diz-me ó beleza, cercada por lobos, porque não vais a lugar nenhum? Porque a cozinha onde trabalhas-te antes, no dia claro, era manchada de óleos e agora és manchada de excesso de bâton. O jovem que exaspera quer saber sobre a vida, mas sobre a vida nada se sabe, recolhem-se histórias que no outro dia são mentira e a lenha da noite que ardia alta já se apagou entretanto afastada do mundo. Há escaravelhos deslizando na noite, há também uma tenda de circo abandonada, um pedinte que nada pede, a não ser o medo que já sentiu. Roubas-me a cabeça de mergulhadora? Porque não consigo deixar de sentir este ímpeto? Há gritos na noite, não sei o que dizem, são altos mas desfalecem e deixam o meu olhar vazio. Há igualmente tragédia na vida dos príncipes, elas estão cheias mazelas, como tu também estás. Perdido pelas ruas, movendo esses passos rápidas, como se a saída fosse no fim de uma rua. Cruzaste com quem talvez te pudesse indicar o percurso e nem te apercebes. Tudo o que sentes é desassossego e vês o luar mais do aquilo que é, como se ele te pudesse assassinar. Queria dizer-te apenas que o mundo é maior que essa lua que julgas negra, queria dizer-te qualquer coisa que me deixa-se aproximar-me. O meu olhar projecta-se agora na velha de rugas salientes à janela na noite tardia. Fez-me deslocar o olhar essa face cavada de uma tristeza absoluta. Rega as suas plantas vistosas, plantas altas de flores coloridas. Os restos da água salpicam a rua. Ela viu-me olhando-a e esboço-me um tímido sorriso nervoso. No entanto, agora queria dormir, estava estafada. Não sabia onde, não tinha casa, aquela casa das pessoas que têm casa. Encontrei uma porta qualquer, gostei do nº 66, Rua Jaime Leal, encostei-me à porta de madeira antiga e tentei em vão dormir. Tudo na noite era agitação. As luzes foscas da rua, o passeio e os seus puzzles, as formas estranhas das outras portas, as plantas demasiado diversas nos vasos dançantes, as gentes que já dormem ou não, as estrelas lúcidas, a tal lua do rapaz desassossegado, os lobos escondidos no fim das ruas, os gritos que continuo a ouvir na noite, talvez uma alucinação minha, as pingas de água caindo da varanda como uma chuva miudinha. Tudo são sons e ruídos que perturbam o meu sono. Até que adormeci, não sei bem quando. E sonhei, sonhei tanto que não sei o que foi real em tudo isto, nestas histórias da noite que se desfaz em fragmentos que se movimentam na vulnerabilidade dos sentidos. Mas assisti com tal lucidez a estas imagens que só podem ter sido reais. Quando acordei ainda era cedo e estava com muito frio, tive de caminhar, caminhar para me aquecer. Este corpo gasto da noite, gasto de tudo nesta vivência de cara maldita, com uma juba de ouro caindo sobre o deslumbramento da visão, caindo sobre o começo do dia.
Enquadrado na secção, obviamente, "Dreams never die"

Música do mês:

(Música do álbum novo) The Cure: "The Only One"

Oh I love, Oh I love, Oh I love
What you do to my head
When you pull me upstairs
And you push me to bed
I love what you do to my head
It’s a mess up there!

Oh I love, oh I love, oh I love
What you do to my heart
When you push me back down
And it pulls me apart
I love what you do to my heart
It’s the best, oh yeah!

Oh I love, oh I love, oh I love
What you do to my lips
When you suck me inside
And you blow me a kiss
I love what you do to my lips
It’s so sweet in there

Oh I love, love, love, love
What you do to my hips
When you blow me outside
And then suck me like this
I love what you do to my hips
It’s the beat oh yeah!

You’re the only one I’d cry for
The only one I’d try to please
You’re the only one I’d sigh for
The only one I’d die to squeeze
And it gets better everyday, I play
With you it’s such a scream
Yeah it gets better everyday,
I say and with you it’s so extreme
Yeah it gets wetter everyday,
I say With you it’s like a dream

Oh I love, Oh I love, Oh
I love What you do to my skin
Please slip me on
And slide me in I
love what you do to my skin
It’s a ?? oh yeah

Oh I love, love, love, love
What you do to my bones
When you slide me up
And slip me home
I love what you do to my bones
It’s the crush oh yeah

You’re the only one I’d cry for
The only one I’d try to please
You’re the only one I’d sigh for
The only one I’d die to squeeze
And it gets hazier anyway, I sway
With you it’s such a scream
Yeah it gets mazier every play,
I say With you it’s so extreme
Yeah it gets crazier everyday,
I say With you it’s like a dream

Oh I love, Oh I love, I love
What you do to me

Então Jaime, gostas? ; )

(Broken Pigeon, Blog Jumeaux)
Sara
"Dreams never die"

"This one goes out to the one I love
This one goes out to the one
I've left behind
A simple prop to occupy my time
This one goes out to the one I love Fire!"

(R.E.M)

Atravessar a ponte sobre o Tejo aos 13 anos vinda da Meia Praia a ouvir esta música... claro que enche a cabeça de sonhos e de fogo de uma miúda...


"And although my eyes were open. They might just as well been closed"

Talvez eu conseguisse segredar essa secreta ânsia que me acolhe no peito sangrando mais do que nunca, esse peito que nunca arrefeceu, segredá-la numa carta infinda onde diria esse mundo enorme que me aconteceu. Tutti li miei pensier parlan d’Amore, sabes Alex?. A noite solta pombas loucas e eu apenas oiço os seus músculos coroados de cores turvas que sei explicar-te Alex, quando a Primavera está cheia de rosas aos meus pés e eu não tenho sentidos, mas asas. Não temos endereço, mas desejos que queimam, mais do que a pele arrebatada, mais do que o nosso mundo desmesurado, atravessando-nos por fora e por dentro com a força dessa polpa que já se abre numa abertura sem precedentes.

Sara
porque abraçar-te
é saber-te correr em mim
na tua liberdade
de um sonho de sede
o azul de uma manhã serena
que segue a minha mão
falando a primavera
é o teu olhar diante de mim
que viaja toda a poesia

P.s.: ou simplesmente: abraça-me...

(Matthew Woodson)
Desci o elevador ou subi. Era Primavera. Eras tu. Duas cintilações. Tocar-te é apenas estender a mão. Essa viagem de pássaros tem um rumo estranho à morada da liberdade. Ouve o cristal que se parte. Ouve as janelas crepitando a nossa abertura. Se qualquer coisa entra. Qualquer coisa sai. O elevador desce ou sobe. O que dizes em voz alta? Na Primavera os frutos enchem-se de árvores e saberemos colhe-los. O que deixas entrar pela janela? Não te deixo sair, pelo menos sem mim...

P.s.: ouvi dizer que hoje em dia já se cobram as saídas e as entradas pelas janelas... O mundo é uma trama, tramado, 'bora destrambelhá-lo?!


Conversa no autocarro: "Não precisas de alguém que te empurre, precisas de alguém que te puxe."

(Eu pensei: Na mouche!)


Sara, pelo caminho disse-lhe que tinha de seguir o caminho que já conhecia, mas os meus pés pregaram-se ao chão e eu balançava Jack para o interior do sonho. Sim, Jaime foste tu que me disseste que o sonho pode falar mais alto com o rosto encostado à realidade…