quarta-feira, 29 de outubro de 2008


(Vincent Van Gogh, "Campo de Trigo com Ciprestes")
O nome das pétalas que me ofereces
Quando sentada na brevidade da casa
Com o cheiro das manhãs que penetram os sonhos
Na elevação da pele em degraus consecutivos
Os nossos olhares furtviss
Como raposas nas suas mansões de luares crescentes
As carroças sempre em fremte
Sempre me dissete que virias
Talvez nesta tarde de mar quando já caem as maças
Vê como esta vindima que nasce nos nossos pés
Dilui-se nas veias que esperam já
Por essa viagem de cidades secretas e museus redescobertos
Há fósforos que se acendem como por magia
Nas noites que se antevêm já frias
Há aventuras que as teias preparam sem nos indicarem o caminho
Páginas que reluzem palavras redondas cheias de formosura
O encanto dessa visão que segura o nosso rosto
A permanência do amor nestes braços adentro
Os incêndios que rodeiam os sons vertiginosos das paisagens
Ouve-as dentro de ti - em mim
Vamos por este campo de milho de ciprestes vasto
Quanto as cores que se erguem pelas moradas
Das quais somos eternos habitantes
Planetas que puxam o sabor dos frutos que trazemos connosco
Numa mesa de um café repousados entre duas chávenas de poemas
Que atravessam as ruas e misturam-se com os pés
De quem corre, de quem corre veloz
Um verso escapa-se e voa só pelo céu
De volta à casa a porta estava entreaberta
E o jardim estava em cima do vento do mar
Nos rochedos a sensação era de sermos uma embarcação
O mar apenas amar
Sorrindo-te disse-te que havia uma janela
Onde me recolhia no burbolhinho do azul
Diz-me o nome do bater das ondas nos rochedos e eu entro mar adentro contigo

Sofia Sara