terça-feira, 14 de setembro de 2010

Falando em hipotermia, eu estou com esse problemas devido a ti. Vê lá o que diz a Wikipédia sobre o tema: “A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do organismo cai abaixo do normal (35°C), de modo não intencional, sendo o seu metabolismo prejudicado.” Pois eu tenho muito frio, mesmo estando calor. De todo não intencional, não ando a tomar banhos na água gélida do mar. E o meu metabolismo está deveras prejudicado, especialmente a parte psíquica. Estou a enlouquecer sem ti, o meu corpo vai arrefecendo nesta loucura de veias despertas querendo tudo em ti! Mas mudando de assunto, porque este já conheces. Hoje fui ao Pingo Doce e estava sem óculos, não conseguia ver nada. Lembrei-me logo de ti, da nossa noite. Eu bem tentava ver os produtos mas estava difícil. Lá pus os óculos, não gosto muito, mas não tenho outro remédio. Eu queria era ver-te, pá…Há uma piada que eu gosto muito de contar sobre o Pingo Doce: “estimados clientes do Pico Doce pedimos desculpa pelo incómodo mas teremos de fechar mais cedo por motivo de rusga”. Normalmente as pessoas não acham muita piada, especialmente os meus pais, a quem já contei esta piada milhares de vezes. Eu acho que é excepcional. Não achas?

(Claude Monet, "The Beach at Trouville")
Bambino mio, come stai oggi? Senza me stai male, vero? Sentes-te perdido, falta-te o sabor a sol, há uma melancolia secreta em ti, uma inquietação permanente. Eu sei. Eu sei que também tu me procuras mas não sabes. Eu abro as conchas das tuas manhãs e faço-te brilhar, sou as palavras desabrochando no teu silêncio. Há em ti este desejo poro a poro de mim, há em ti a vontade de provares todos os meus poemas, como se eles fossem a festa das marés às portas da areia. Mas não te preocupes, essas maleitas vão ter um fim, o que desanima agora será alegria no tempo aberto às colinas onde correremos como animais livres. Hoje almocei com a Ana, falámos sobre o assunto “abandono”, ficou tudo esclarecido. A ver se me livro desta temática de uma vez por todas. Ela vai tirar férias, está a pensar em ir à praia, ainda está bom tempo. Se me convidasses para ir à praia eu dizia-te: “pois, a praia, a areia (escaldante), o mar (poluído), o horizonte (cheio de anúncios parvos), ocasionalmente gaivotas (esfomeadas, a comer qualquer merda). Um sítio fascinante. Pessoas, muitas pessoas, criancinhas (feias) aos berros. O sol a foder-me a pele cristalina. Litros de creme piolhoso invadindo-me o corpo todo, bem, pelo menos recebo uma massagem nas costas (mas a qualidade depende da pessoa, portanto). Mar, nem tocar-lhe com um dedo senão morro de hipotermia. Mas não deixa de ser um sítio fascinante…” Vai ser um drama levares-me à praia, como estás a ver.
Já começo a fechar os olhinhos. Tenho de me despedir de ti, por hoje claro. Achas que eu te deixava? Só se fosse louca. Mas sou um bocado louca por estar durante cinco anos há tua espera. Espero que valha a pena rapaz! Pela amostra acho que sim. Mas amostras são amostras, depois o produto pode ser outra coisa. Agora só me apetece chamar-te coisas queridas. É sinal de que estou mesmo com sono, fico totó. Aposto que gostas que te chamem coisas queridas, se não gostares passas a gostar. Desculpa lá estar a falar-te assim, é o sono. Quando eu estiver contigo e com sono tens de ter um bocado de paciência. Bem, tens de ter paciência em geral (risos). A caminha espera-me. Beijos flores em abertura.
Olha, e se eu começa-se a chamar-te amor, tinha a sua piada, amor para aqui, amor para ali. Será que era do teu agrado, soava bem aos teus ouvidos? “Bom dia amor, dormiste bem?”, “Olá amor, fiz uma pausa só para te mandar um beijinho”. Era tão romântico, não? Mas não podemos ir tão depressa. Até porque essa história do amor ainda não está resolvida. Mas acho que nós dois ainda vamos longe.