segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Apesar de já ter dormido, tenho de ir dormir outra vez. E até é cedo, mas estou com sono. Tenho muitas saudades tuas. Mais do que nunca queria que estivesses aqui. Estou a sentir-me bastante mal e o teu calor ajudava. Queria que me levasses para a cama e que ficássemos a dizer coisas queridas um ao outro, enquanto adormecíamos. Tenho a certeza de que íamos ser os dois muito queridos, assim agarradinhos. Preciso de ti na minha vida. Estás tão longe. Quase me apetece chorar. Porque há dias assim, em que a tua ausência é tão pesada, tão difícil. Parece que nunca te vou encontrar. Beijo agarrado a ti.
Acabei de acordar, estive a dormir depois do jantar. Quando isto acontece, dormir a estas horas, não acordo lá muito bem disposta. Era uma boa altura para estares aqui, sempre me podias tentar animar. Estive também a rever uma parte dos poemas negros, não sei o que hei-de fazer com aquilo, além disso deixaram-me bastante transtornada. Fui à minha médica de família cedíssimo para ficar a saber que não ia ter direito a consulta, mas a verdade é que também não ia com consulta marcada, mas é sempre chato, terei de voltar de novo àquele concentrado de gente sedento do estetoscópio.
Bem, vou deitar-me. Continuo mal disposta, mas a vida continua. Sei bem o que disse lá em baixo, mas isso não me impede de sonhar connosco. Aliás, não faço mais nada. Tenho de acordar bem cedo amanhã e ainda estou por aqui…Estava a ouvir esta música, cujo refrão me fez lembrar de ti:

Watch things on VCRs, with me and talk about big love
I think we're superstars, you say you think we are the best thing


(The XX, “Vcr”)

Bem, para acabar a noite algo belo, não é? Gosto muito de ti. Beijo música terna chegando até ti.

(Michiel Sittow, "katherine of Aragon")
Se calhar queres que eu te fale de mim, da minha vida. Não há muito a dizer, a minha vida está completamente estagnada e eu estou completamente fodida da cabeça. Queres uma gaja assim? É por tua conta e risco. Não me estou a tentar impingir. Vivo num mundo só meu, incomunicável, sinto-me extremamente sozinha e estou muito revoltada com o estado da minha vida. Morri no sítio onde estive, dancei sobre fogo, voltei a morrer, cresci em árvore. Mas morri mesmo, os joelhos desceram até ao chão e depois senti o frio das facas. A seguir o sangue rebentou pelos poros até se esgotar. Fiquei deitada sobre chuva décadas…Mas o que é que interessa esta conversa? O que é que te interessa a minha vida? Não estás aqui para ouvir nada disto. E eu que me sinto tão mal com tudo isto. Mas estou a falar para o vazio. É verdade que me pode fazer bem desabafar, mas era tão bom haver uma palavra desse lado. Tudo o que os meus olhos viram e foram fazem-me ser uma pessoa completamente fodida da cabeça. Nunca quis estar encharcada de Escuridão, nem andar a saltar montanhas vertiginosas de oiro. Vi demais e fui depenada, deixei de saber quem era. Claro que agora tenho um enorme problema de identidade. O que resta de uma pessoa que passa por uma situação destas? O que é que ela é? E é ridículo pensar em ti neste quadro. É tudo tão feio aqui. E tu na verdade não existes, a não ser na minha cabeça obsessiva. O que posso querer de ti tendo em conta tudo isto? E isto mais tarde ou mais cedo vem tudo ao de cima se estiver contigo, o tempo não faz milagres. E será que vais aguentar com este peso que eu carrego? Porque mesmo eu mal aguento o peso. Depois vais ficar assustado…como lidar com uma pessoa como eu? Só te posso dizer que te compreendo. Mas há outras pessoas, eu sei que há, que conseguiam estar comigo nestas condições. Porque vejamos, eu posso pôr em causa se tu serás a pessoa mais adequada para mim. E isto pode dar para o torto, e não vale a pena ir por esse caminho, não é? Mas o que será será, de nada vale estar aqui a fazer conjunturas. É só que a minha vivência imprimiu em mim uma faceta tão negra que acho difícil lidar-se com alguém assim. Se calhar estou a exagerar, já estou bastante mal disposta.