quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Olá. Não te escrevi nada ontem porque estavas no meu congelador, bastante longe de mim, bem gelado, sem poderes chegar-te nem a um centímetro a mim. Decidi não levar até ao fim a simpatia que tinha feito para ti, acho que as pessoas não se devem ver livres assim das outras só porque têm problemas com elas. E acho que iria falhar de qualquer maneira, com ou sem simpatia. Mas eis que achei uma forma excelente de resolver o problema que tenho contigo: vamos ser amigos. Os amigos têm relações muito mais fáceis e escusamos de estar aqui nesta relação estranha em que eu nunca sei o que quero. Resolvi então ir buscar o papel que estava no congelador com o teu nome e retirei-lhe a agulha. Procurei um livro do Eugénio de Andrade ao calhas, e vê tu bem que era o número 28, quando abri uma folha ao acaso era o número 32 (também tem um significado especial, depois explico). O papel ficou dentro do livro, depois podemos ler o poema juntos, se quiseres. Por falar em amizade, por exemplo hoje estive com um amigo meu na esplanada do Adamastor a falaricar e a comer qualquer coisa. Podias ter sido tu, estás a ver, um amigo com quem se passeia naturalmente, sem stresses. Claro que não era um amigo que eu queria. Mas até me faltam amigos, portanto. Mas que raio de amigo é que podes ser, também ausente? A ver vamos…Por outro lado, já não posso fazer sexo contigo, compreendes? Tu não me dizias, mas se calhar até gostavas muito, para ti era a loucura. Se calhar vais ter saudades. Se calhar vais ter saudades que eu goste de ti de outra maneira. Olha, tenho de me ir deitar, já não te posso convidar para vires comigo. Para te atirares para cima da cama agarrado a mim. Boa noite amigo. Beijo desabrocha flor.