terça-feira, 17 de junho de 2008

É tal o desalento quando a estrela cai porque ela afinal não vem do fundo da terra, era apenas um ideal. Deita-se aos meus pés e chora. És o crime de todos os meus dias e o brilho da estrela que cai permanece sempre uma sombra. Estou deitada num quarto a arder de febre, tu sorris uma qualquer estação quente. A memória tem movimento, ela sai comigo para a rua diariamente. Talvez pudéssemos beber uns copos de aguardente, eu e a estrela caída em desgraça, e esquecer-me por três dias da memória que apenas ferra o ser.

And still they don't believe me?
How can they hear me say those words
Still they don't believe me?
And if they don't believe me now
Will they ever believe me?

(The Smiths)

Apago os cigarros nos maços de tabaco e dispo-me com a janela aberta e a luz acesa. Nunca acreditarias que sou o sol da manhã. De cabeça erguida, visto-me apenas assim, com uma peça de roupa. Meto a cabeça fora da minha rua. Nesse instante rio-me, se me vês riste-te também ou não sabes nada sobre o mundo. Queres fazer parte de mim, tu que falas comigo? Eu dou-te tudo o que transbordo. Declaro vozes, engenhos raros, as folhas mansas que crescem por entre sentimentos descobertos. Os olhos alheios são comédias numa corda de viola. Eu toco os seus sons. Hei-de calar as notícias que vêm dessa rádio antiga. A amargura que cresce delirante e sobe em dias predestinados. Há uma enchente deslocalizada neste nosso contacto de erosão das rochas interiores sedimentadas há muito. O tempo da colheita exalta-se…

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