domingo, 13 de julho de 2008



(Cy Twombly, "Blue room")
Irrit(abilidade)

Tenho tido um pequeno problema com a irrit(abilidade). É deveras irritante. Às vezes cerro os punhos e os dentes para tentar controlá-la. É um problema chato, chego a irritar-me sozinha, sem ambientes exteriores. Digo-me “cala-te!” imensas vezes, “estás aqui estás a levar!”, "não tenho paciência para isto, foda-se, caralho!” (e muitas mais asneiras preciosas…) Também me dizem que sou irritante (dizem), ora isto tem de extravasar para algum lado, não é só para cima de mim, foda-se!
Adormeci com lágrimas queimando-me o rosto, adormeci com essa vontade de dormir, pensando que talvez tudo fosse igual a sempre. Chorei o resto das lágrimas e adormeci querendo que o talvez não fosse igual a sempre.
A Liana mal chegou a minha casa perguntou: "queres que te corte o cabelo?" A Inia disse logo, "disparate, está bem assim, com essa espécie de ondulação..."

Cá está...
Ao amor que te dedico...

Almas são cousas
Lunáticas
precisam é de uns Mimos
Arranjos na cabeça

P.s.: consegui alcançar-te?
Pés que se conjugam como um verbo e seguem o sopro de uma flor. Longe vão nessa travessia que alcança os caminhos do vento direccionado nessa direcção que um dia percorremos. E há mais dias de gestos diversos e quentes, contigo poisando em mim o teu olhar de diamante.
Um dos meus poemas preferidos de todos os tempos, já antigo...

ORVALHO

habitas em mim sempre
de sempre para sempre
a minha existência reúne-se
com a tua nos minutos luminosos
de todas as horas
se por vezes no meu caminho
não te vejo
sei a tua mão na minha
se estás só, a minha solidão
fala-te rios imparáveis
habito em ti sempre
de sempre para sempre
tudo em nós é puro
os Pássaros, a Música, o Amor
para nós há sempre orvalho
De mim para mim...



(R.E.M, "You Are The Everything")

"Sometimes I feel like I can't even sing (say, say, the light)
I'm very scared for this world
I'm very scared for me (say, say, the light)
Eviscerate your memory
Here's a scene
You're in the back seat laying down (say, say, the light)
The windows wrap around
To sound of the travel and the engine (say, say, the light)
All you hear is time stand still in travel
And feel such peace and absolute
The stillness still that doesn't end
But slowly drifts into sleep
The stars are the greatest thing you've ever seen
And they're there for you
For you alone you are the everything"
António, são flores aquilo que vês nas minhas mãos para as tuas. António, esse medo vem de ti, da terra estéril e treme com razão de ser. Mas António, eu estou em ti, não apago o medo, mas também não te deixo apagares-te.

Oriana
Advertência: este lá-lá-lá é mesmo lá-lá-lá

Olhares

No olhar, nesse teu olhar que deixei que me visse, estava também o meu olhar, esse meu olhar que se via no teu olhar.

Nesse teu olhar, esse meu olhar uma fogueira fizemos, uma fogueira que nunca se apagou. Vive em mim, vive em ti, o meu olhar no teu, o teu olhar no meu.

Este meu olhar não larga o teu olhar. De olhos fechados vejo-te, nesta saudade do teu olhar. Teu olhar que me procura, este meu olhar bem dentro do teu.

P.s.: palavra proibida nos próximos dez posts: olhar (risota generalizada!)
Pediram-me no outro dia um electrocardiograma, até dois. Eu olhei estranhamente para a médica… “Passe lá esses também”. Mais um exame, menos um exame. Recordo as insónias de tabaco e álcool, sozinha com alguém ao meu lado. Não me posso esquecer da urina, amanhã de manhã. Alguém que ouve e não corresponde, fala a linguagem desacertada. O gin aquece, mas não deixa de arrefecer. Nem te deixava falar, tal era o abismo da minha alegria. Mas o ritmo continuava indefinido, mais dois comprimidos para as dores de cabeça… Agora ouvia música alta que não deixaria certamente dormir outro alguém. Pediram-me um electrocardiograma por que razão? – questionei-me. Se eu sei que as pálpebras fecham-se sobre os olhos doentes e quem as segura são as mãos…


(Maurice Estève)
A sociedade não existe
É um conceito apenas
Para simplificar a complexidade inatingível
Há vida, isso sim, parece haver
Vida às vezes moribunda até
Os conceitos continuam: pós-modernidade, sociedade da informação
Dar nomes a coisas inatingíveis
Classificar, a necessidade de classificar
Para melhor compreender
A complexidade inatingível
Já que estou neste barco
Prefiro escrever sobre a vida
Em vez de tentar perceber o inatíngivel
Faz-me mais sentido
Mas continuo a perguntar-lhes
Às pessoas, querendo explicações
Observo, converso, vou mais adiante
Podemos atingir as pessoas
Remando contra os conceitos e as classificações
Momentos, momentos na tentativa de captar o numeno
O ser em si mesmo
Caminhar sempre
Porque às vezes o inatingível alcança-se
De uma forma simples
Como o desabrochar de uma flor ao sol

Sofia
perfection lies within. in solitude. only. unspoken.
no one will ever understand your concept of perfection.
perfection is a solo dream and unreachable to nobody but you.
in some rare occasions, those concepts can coexist.

(Jumeaux)


(Blur, "Country House")

Falando em piqueniques. Epá, levem-me para o campo, aqui estou a dar em maluca foda-se!
Que nome tens, tu pessoa que deixaste cair todo o fardo pesado e opressor da noite negra sobre mim, essas pedras que esfaqueavam constantemente a pele. Que nome tens, nome de ninguéns, porque não te vi no cerrar das portas, tentando abri-las comigo. Encharquei-me na solidão déspota, uma solidão tantas vezes chorada em lágrimas queimando o rosto, ensanguentando a totalidade do meu mundo. Nesse tempo em que tudo era imóvel e frágil, era esse o meu nome. Partiu-se o nome e o tormento do inferno instalou-se. Não te vi em piqueniques, não te vi em visitas e convites, não te vi em presença viva, não te vi em lugar nenhum. Que nome tens?
Jaime o amor dói, dói e eu sigo, persigo os passos do seu rasto… Jaime, o sonho do amor é o mais louco de todos e a centopeia continua a caminhar. O meu olhar ávido, este tempo bolorento… As mãos guiam-se uma pela outra Jaime.

Osgariano

A Maluca da
Elsa
Morreu ao olhar para uma
Osga e agora
Roberto sente-se em
Igualdade, mas foi posto na rua pela sua senhoria obscena e de cor esverdeada e anda cheio de crises de
Ansiedade e de um estranho
Sonâmbulismo osgariano
Sara, o teu mar, este meu amar. Sara, a tua mão na minha afagando a mão d’ele. Agarrei-a com amor e nesse sonho que ele sonhava estava o meu olhar n’ele.


(pollicino, "Bolle colorate")

Coisas de miúdos, pensam as pessoas. ERRAdo. Coisas de pessoas que sabem e querem aproveitar a vida. Sempre a queixarem-se de queixumes e aqui está algo tão simples e prazeroso. Enjoy life, senão ela come-vos mesmo!

Celeste
Como se desiste desse desenho a duas mãos? Como se desiste do que não se sabe desistir? A minha pele amigou com a tua e preencheram-se desses movimentos de humidade acordada, gotas de orvalho, talvez um rio… Partiste e a minha pele imcompletou-se. Restou o perfume da tua ternura em saudades aflitas.

Sofia Sara
Paris nº 2

Sara, em Paris chamaste pelo amor. O amor Sara, ele vive em todo o lado, no alto da torre em que te encerraste, desconhecendo o seu paradeiro. Ele estava em terra iluminando os pirilampos. O senhor Eduardé te avais dit: je suis bien a côté de toi. Adormeci ao som da cidade de l’amour nos teus braços...


(Markus Luepertz, "Hirte mit Vogel (Shepherd with Bird")
O pessoal opina muito sobre a minha forma de vestir. Quando não tinha palavra a dizer levei com 500 vestidos de bonecas, que a minha avó gostava que eu vestisse. Sempre “muito bem vestida”, portanto. Tive ali uma crise na pré-adolescência e então nem vestia nem carne, nem peixe… Andar à procura de um estilo aos 12 anos é tramado. Adolescência: quem manda Sou Eu! E fui mesmo! Eles podiam dizer o que queriam que eu me estava a marimbar, queria era um estilo que se adequa-se a mim. Comecei por vestir-me “tipo Axl Rose”. Ficavam-me bem as fitas de várias cores na cabeça. Depois avancei para a frente: GRUNGE. Estava feito. Sempre me identifiquei, até hoje em dia. Claro que houve gente que não concordou. “Já viste como estás vestida, não condiz, pareces uma pedinte, blá, blá…” Oh yeah! E lá tinha de dizer: eu visto-me como Quero! Era o “Come as You Are” levado a sério. Depois comecei a vestir outras coisinhas também, um pouco mais decentes algumas, na visão deles. Nos últimos anos piorou tudo: engorda, emagrece, engorda, emagrece. Uma confusão. Odeio ir comprar roupa, a minha mãe tem de ir comigo senão não vou. Visto-me um pouco à balda, porque é esse também o estado do mundo. Estão a enganar quem? Fuck’em! Come as You Are e às vezes um pouco bonequinha, ‘tá bem assim?! (semi-ironia esta última frase)

GRUNGE is ALIVE!
Com um pedaço desse copo de vidro envidraçado me cortei. Lembrei-me que sempre foi assim… Cair, cortar-me e esses todos etcs, que não têm piada nenhuma nos primeiros 2 minutos, mas que a seguir só me fazem rir. Devia ser uma empreendedora. Dona de uma empresa de pensos e água oxigenada. Teria a sua piada. Hoje cai: dez degraus. Disse “Eu sou Luminosa!”, sorri, abri os braços e caí por ali abaixo. Fiquei 2 minutos no chão sem me conseguir levantar por causa das dores e depois fiquei mais 2 minutos a rir-me sozinha. Continuei a pensar que sou luminosa, claro! Quedas, tantas quedas. Mais uma, menos uma… Mas por favor, um descanso de 6 meses, pelo menos agora, está bem? Só pequenas quedas, sem pernas ou braços partidos. Nunca parti nada, digo fisicamente. É pena, sempre quis andar engessada. Sempre foi um sonho meu. Mas enfim, tenho a vida toda pela frente. E com a minha tendência para as quedas, mais dia, menos dia vai acontecer. Eh, eh, eh!
O Pensamento
Era
Romântico, disse a
Traça, uma rapariga da
Urbe
Riu-se
Balançando-se na cadeira e olhando para o
Amarelo da camisola que ia
Mordiscar
A ocorrência da lua azul é uma canção que persisto em escrever-te e dirigir-te, como um ninho de braços, aqueles que adquirem essa vida só sua, por entre ramos e folhas que agora a distância arrefece. De manhã falo-te do início das cores, afasto o nevoeiro das fachadas e o mundo começa todo de novo na minha linguagem de notas manchadas por um florir que se principia na luminosidade das mãos.