segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ontem fui ao concerto dos MGMT e adorei. Nada como ir a um bom concerto. Deu para fumar uns cigarros à socapa enquanto uns putos ao meu lado faziam um charro. Quando saí só me apetecia ir à casa de banho, tive de esperar horas para chegar a um bar no Cais do Sodré para mijar. E agora vou ter uma recaída: pena não teres estado lá comigo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tempo merdoso, já de Inverno, muito frio. No entanto, tudo na mesma. Os homens das obras desapareceram finalmente. De que me serve agora? Com este frio não vou andar a bombar a bela da música dançando pelo quarto nua. As gatas sofrem muito, estão viciadas nos aquecedores. Eu lá me organizei de forma a escrever pelo menos um poema por dia. Mas está difícil, digo, a meio deles: “a poesia é um inferno”. E realmente é, sai-me lá mesmo do fundo, sabe-se lá de onde. Nunca escrevo para mim, os poemas são sempre para outras pessoas. E veja-se bem que há bastantes dedicados ao rapaz pois ainda tenho em mente escrever um livro para ele. Na verdade já não penso tanto nele mas isto não está totalmente resolvido. Mas felizmente dei um grande passo em frente. Está a saber-me tão bem estar a ver-me livre desta obsessão. Estava realmente possuída. Estava totalmente parvinha. Olhando para trás pergunto: como é possível uma pessoa ficar tão doente por causa de uma pessoa que só se viu uma vez? Pronto acontece. A mim e a tantos milhares doutros coitados. Acontece mas cura-se. Este rapaz foi um pesadelo na minha vida durante tempo a mais. Mas ainda é um assunto pendente pois ainda existem muitos flashes dele no meu cérebro. Acho que é normal demorar o seu tempo. Estas coisas não se resolvem do dia para a noite. Mas estou muito confiante pois já avancei bastante. Isto agora vai ser sempre em frente. Estava mesmo a afectar a minha sanidade mental. Estava a interferir com a minha vida pessoal. Veja-se bem, um tipo sobre o qual não sei nada, que nunca mais vi em dois anos e quatro meses. É uma perfeita loucura. E depois há a parte mais louca: voltaremos a encontrar-nos? Há quem pense que sim. Dois aspectos fulcrais a ter em consideração. Da forma como mudei de aspecto ele nem sequer me iria reconhecer. E obviamente porque haveria de querer envolver-se comigo? Estou tão desinteressante fisicamente, muito diferente em relação à pessoa que ele conheceu. Duvido muito que ele tenha ficado a pensar em mim. Aliás, já nem se deve lembrar de mim. Ele pode estar com outra pessoa. E dizia-lhe o quê? Lembras-te daquela noite, eu sou aquela rapariga com quem estiveste a conversar e fodeste, queres ir beber um café? Ele achava que eu era maluca. Basicamente encontrava-o e era rejeitada, que bonito. Então para quê toda esta obsessão, esta doença? No fundo é uma forma de humilhação. Eu afundo-me nesses joguinhos da minha mente. Nesse sadismo interior. Estes pensamentos persecutórios instalam-se em todo o ser e afastam-me do real. O sonho é outra coisa. Não é esse rapaz. O sonho sente-se de peito aberto. O rapaz aborta na pele. O sonho está na melodia dos dedos. Ao rapaz falta-lhe a música das estrelas e do sol. Ao rapaz falta tudo, na verdade. Basta faltar a sua existência. Sem a sua existência real não pode haver a sua existência ao pé de mim. Por isso tudo isto é um absurdo. Como dizia um amigo meu: até pode estar morto. Para mim há-de morrer.

terça-feira, 9 de novembro de 2010


O meu toque chama por ti

Deseja a tua pele

Confundes-me com a tua voz

Rodopiando nos meus pedidos

Foi demasiado tempo sem ti

Mas não desaprendi o teu nome

Ele soava chama dentro de mim

E quase me mataste

Apenas quero o teu sabor

Mais e mais

E os teus abraços em ninho

Sara



(Childe Hassam, "The room of flowers")
Sobrevivo da música. Agora estou a ouvir uma música da minha pré-adolescência: “Careless Whisper” do George Michael. É fácil dançaricar ao ritmo deste slow. Se não tivesse o braço neste estado miserável convidava alguém para o dançar comigo. Até já sei quem. E que fantásticos seríamos, o som entrando-nos nas vértebras e de nós saindo estrelas em chamas. O arrastar dos pés, a lentidão dos movimentos, tudo convergindo para a sensualidade da dança. Danças comigo só com um braço?
Estou toda lixada do braço esquerdo. Tudo isto por ter ido dançar. Não consigo levantar o braço, tenho bastantes dores quando o faço. Para me vestir e despir e tomar banho é um suplício. Novidades? Nenhumas. Tirando o facto de me estar a apetecer dar um tiro nos cornos. Mas acho que isto já não é nenhuma novidade. Uma caçadeira de canos serrados era o ideal. Não falhava. E os canos são sexys. “Miúda perdida na vida estoira a cabeça com canos serrados sexys disparando sensualmente”. Ando a escrever poesia, aí está uma coisa positiva no meio desta depressão toda. Posso deixar uma bela poesia como nota de suicídio. Era romântico.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Essa história da felicidade não vale nada. Eu aqui nada sei disso. E na minha infelicidade vivo. Não acreditando em nada mais. E porque havemos de ser felizes? Há dias calmos, há dias infernais. Mas esta é a minha vida. Porque hei-de ser feliz? E há uma certa tristeza acompanhando a infelicidade que tem de ser aceite. A infelicidade é uma maneira de estar como qualquer outra.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um comentário de aniversário: e para o ano, nesta altura, como estará a minha vida? Num ano podem acontecer muitas coisas ou absolutamente nada. Tenho um terrível pânico deste último cenário. Continuar mais tempo no barco onde estou é afogar-me.
No meu jantar de anos fui dançar a dois bares. Já não dançava em bares há algum tempo. É tão bom. Tudo agradeceu: o corpo e a cabeça. Costumo dançaricar em casa, aí danço de forma muito desengonçada e divertida, ninguém me está a ver. Bem, há quem esteja. Eh, eh, eh.
Este foi o poema que o Tiago leu no meu dia de anos no Largo do Carmo com os meus amigos todos em roda bem junto de mim:

Os amanhãs são meus
Levantam-se como casas abrindo as suas pálpebras
Perante a carícia de uma brisa
Com o sol nascendo nas minhas mãos
Escuto a minha respiração
Aquela que abre as portas para a sementeira
Tudo quanto amo canta alegria comigo
E se o sangue são palavras
Elas escrevem voos abertos
Como esta vida que agora sinto
Tão próxima do corpo
Demorando-se nos rios e no céu da alma
Do meu olhar vem luz
Esse desejo de ser sempre claridade
Há um gesto em mim
Que se dirige para ti
Que é duna e mar
Um convite de paisagens sonhadas
Há também um gesto em flor
Que sabe os nomes das cores do lume

(De mim para mim)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Olá rapaz. Faço anos hoje.

Guess what? Não estás aqui.
Parabéns! Não há muito para celebrar, mais enfim. Está quase a acabar mais um ano de resistência às adversidades da vida. Pouca resistência porque as forças já não são muitas. Parabéns por te aguentares, apesar de tudo. Isto resume-se tudo a aguentar-me. Parabéns por não perderes a cabeça. É tão difícil conseguir manter-me à tona quando quase tudo puxa para baixo. Não há muito para celebrar porque a minha vida tem sido um pesadelo. Há poucas flores no meu caminho. E o caminho em si não me leva a lado nenhum. Antes o meu futuro era uma incógnita, eu não sonhava com nada em especial, mas tinha o sonho dentro de mim, agora o sonho morreu. Eu quero mas sei que não posso. Não posso dar-me ao luxo de sonhar. Não serve para nada de qualquer maneira. Aliás, é uma facada no coração. Não se pode ter, não se pode ter, aceita-se. Até poderia dizer parabéns por existir, mas não é coisa que me apeteça muito na maior parte do tempo. Muito depressivo este post para um dia de anos, não? Mas também não há grande alegria em mim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rapaz. A ver se nos entendemos, eu estou farta de ti! Farta, compreendes?! Infernizas-me a vida. Sempre na minha cabeça. Não consigo fazer nada sem que tu estejas lá. Persegues-me! É assédio! Estou fartinha até às pontas das raízes dos cabelos! É insuportável! Deixa-me em paz! Eu tenho outra pessoa na minha vida. E não posso estar a meter-te no meio. Tens de desaparecer, entendes?! Pôr-te a milhas. Evaporar-te. Ir à tua vida. Bem, na verdade tu já estás na tua vida, o problema é meu. Só queria dizer-te que já não posso contigo, fazes-me alergia. Não posso culpar-te porque estás lá ao longe a fazer a tua vida e não tens nada a ver com esta parvoeira toda. A culpa é toda minha. Eu é que me deixo afectar por esta história desta maneira. Estou farta desta história, fartinha. Há limites. Esta história não tem pés nem cabeça. E faz-me mal à cabeça. Sendo bastante directa: fode-me completamente a cabeça! Tudo isto é doentio. Entendes que eu estou doente à conta desta história? Como é que se pode falar em amor se tudo não passa de uma doença e eu só quero que ela passe. Estou farta de ti. Estou farta de pensar em ti. É tão cansativo pensar em ti, é sempre a mesma coisa. É tão vazio. Não há nada em ti, só uma noite. De que é que isso vale? O que é que tu vales? Nada. Porque não pertences à minha vida. Não estás comigo, está tudo dito. Nem sequer sabes que eu existo, eu não importo na tua vida. O que é que eu valho para ti (fazendo a pergunta ao contrário)? Nada. Sabes que mais? Eu até valho a pena. Talvez não para um miúdo palerma como tu. Sim, porque todo aquele teu comportamento na casa pode ser considerado bastante infantil. És uma sanguessuga. Estou muito revoltada com esta situação toda. Não faz sentido a importância que tens na minha vida. Mas eu sei que há quem me esteja a fazer uma lavagem cerebral para ajudar à confusão. E eu nem percebo porquê, deve ser para me prejudicar, para me pôr mais avariada da cabeça. Só mais uma vez para me sentir um pouco melhor: estou farta de ti!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Rapaz…Sabes que faço anos para semana? E tu não vais lá estar. Que tristeza. 33 anos. Começa a ser muito ano. Quando eu te encontrar já devo ter 36 anos. Até mete medo. Aos 36 anos já devo estar acabada (risos). Disseram-me que tenho medo de ti porque tenho medo que não gostes de mim o mesmo que eu gosto de ti. É verdade. Vê bem, ainda nem nos conhecemos e eu já te sou tão dedicada. Diz-me lá como é que vais igualar isto? Pois é, meu querido, se calhar não és do meu campeonato. És um tipo normal, com comportamentos normais. Vais-te assustar com tudo isto. Olha para mim, levei com esta história toda em cima, esta maluqueira e sobrevivo. Às vezes complica-me muito a cabeça mas já interiorizei que isto é como é, aceitei. Aprendi aos poucos a lidar com a situação. Toda a gente acha que eu sou maluca, mas eu sei bem que não e é isso que interessa. Às vezes dou em maluca, o que é diferente. Mas se a ti te vai assustar a mim não me assusta, nem nunca me assustou. Aliás, até acho uma história bem bonita, apesar de ser uma tortura ter de esperar. Seu medroso! Não tens vergonha de não te entregares sem medos à mulher que amas?! Esperava mais de ti. Vais deixar-me numa posição muito difícil. A minha auto-estima é uma merda. Se me dás para trás eu morro de tristeza. Se começas com muitas complicações, dúvidas, eu passo-me, deixas-me à toa, arrastas-me para uma angústia terrível. Não me faças sofrer, eu sei que isto tudo pode parecer assustador mas eu explico tudo. Não é tão mau como parece, pelo contrário, é maravilhoso. Vais ver que depois até gostas. Vais ver que até vais gostar de gostar de mim. Mas diz-mo logo rapidinho. Beijo solar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A minha amiga Ana fez anos e houve uma festa porreira em casa dela no fim-de-semana. Ofereci-lhe este poema:

O teu cabelo regressa
De uma viagem ao vento
E toca os teus lábios para lhes revelar
A imagem aberta do céu
No teu íntimo desejas existir
Com a paixão de uma estrela
Conquistando a sua luz
É necessária a tua presença
Para cantares os versos
Aqueles onde dormes ao relento
Onde respiras o fruto mais puro
O teu gesto invisível, encostado ao silêncio
Acorda para ir tocar os dedos
De quem te ouve
Estremece o ar
E frente ao teu olhar abrem-se
Ruas com coração de fogo

Contra a minha vontade ela disse o poema à frente de toda a gente, ainda eram umas quantas pessoas. Eu estava tão envergonhada que fugi para a cozinha. Bateram palmas e tudo. A seguir a Ana disse o poema uma segunda vez. Ter protagonismo é um bocado estranho. Gosto muito do poema, acho que é perfeito para ela e está bem escrito. Se calhar o teu braço sobre o meu ombro também é perfeito. E para não dizeres que não tens direito a nada aqui vai um poema também para ti:

Há um cesto de canções
Desperto pela procura
Da brisa do amor
Queria dizer-te que te guardo
Nas gotas do mar que apanho
Para envolver o meu peito
Os gestos que nascem em mim
Amanhecem só para te tocarem
As estações despem-se
Acariciando a única razão
Que és tu

Claro que está super romântico, como podes ver. Mas não comeces com ideias, é simplesmente um poema. E os poemas exageram. Mas às tantas já não sei: tudo o que sinto por ti é também um exagero. Entendes? E faz-me sorrir durante o dia, sorrir muito. E às vezes até me rio, um riso aberto. Achas que te amo? Gostava de saber a tua opinião? Porque eu penso nisto algumas vezes. Vamos ficar juntos, entendes? É normal que nos amemos. A questão é quando é que nos vamos amar? Em relação a ti só posso contar com isso quando nos reencontrarmos. Agora eu aqui feita parva à espera…Estão a fazer-me uma lavagem à cabeça. Pode-se dizer que eu sinto uma amizade por ti. Unicamente? É uma bonita amizade então. De grande proximidade. Eu espero que venhas e que arrebates o meu coração. Mas neste momento o meu coração não te pertence. Claro que é fodido escrever poemas para ti, há um certo descontrolo, desorganização dos sentires. Tudo se baralha. Não tenho uma pessoa há tanto tempo…Apesar de seres um ser ausente, acabo por me centrar em ti. E depois espera-me tanto tempo, tanto tempo para aprofundarmos a nossa amizade (risos). Beijo licor.

terça-feira, 19 de outubro de 2010




(Emil Nolde)
Hoje fui ver o documentário “Gateiras” dos meus amigos Tiago e Ana. Aposto que ias gostar tanto dele como eu. A seguir uma grande festança cheia de gente, tão bom. Aposto que te ias dar bem com toda a gente. O Tiago disse-me para eu aceitar a tristeza, para eu deixar-me estar triste. Na verdade parece-me inevitável eu estar triste e tudo me doer, portanto é deixar sentir essas coisas naturalmente. Sinto que tão depressa as coisas não vão mudar, tenho de ser paciente. O termo que aqui se aplica é ser resistente. O que é muito difícil quando a pessoa já está tão cansada. Não tive um minuto de sossego desde que isto tudo começou. Que Inferno! O conselho do Tiago pareceu-me muito acertado, acalmou-me um bocadinho. Não posso começar a atacar-me porque eu não sou culpada, nem nunca fui culpada. Se soubesses o quão difícil é lidar com isto tudo rapaz. É uma parte minha a puxar para cima, a outra a puxar para baixo. E a que puxa para baixo é com muita força porque algo com ainda mais força ainda a puxa mais. Esse algo é a tortura onde vivo todos os dias. Mudando de assunto. Tens-me feito falta. Ando a fazer amor contigo, o que é uma vergonha, dado que a nossa relação é suposta ser uma relação apenas de companheirismo. Uma réstia de paixão? Bem, pode ter a ver com o facto de eu não ter sexo com ninguém há algum tempo. Enfim, que se lixe. Mas olha, eu gosto muito de ti. Queria que soubesses isso, mas mesmo a sério. Tipo não sei onde estás, o que estás a fazer, mas gosto muito de ti. Não há muito a acrescentar. Quer dizer, eu conheci-te numa noite e gostei quase instantaneamente de ti, nunca te esqueci, penso constantemente em ti desde aí. Gosto de ti, não é? Porque tu és especial, como outras pessoas são especiais para mim, e vieram até mim de formas especiais. Não penses que és mais especial do que as outras pessoas. Mas vê como preciso de vir para aqui contar o meu dia, desabafar contigo, falar sobre a nossa relação (e tanto que eu falo dela). Há quem ache que eu te amo. Eu acho que não porque para isso era preciso eu conhecer-te, estar contigo, essas coisas todas e nós só passámos uma noite juntos e eu nem me lembro do que dissemos, só me lembro da parte carnal. Não é possível amar uma pessoa nas circunstâncias em que estou, isso seria uma história de encantar muito bonita, mas nós vivemos no mundo real. No mundo real as pessoas amam-se, encantam-se estando uma com a outra. Nesta distância de desconhecimento o amor é uma ilusão. Nesta distância de desconhecimento não faz sentido falar em amor. Não há uma única palavra. Não há um único toque. Silêncio. Não te posso amar, não sei quem tu és. Não se ama assim. Não é possível. Ama-se com o carinho de várias noites. E tu nunca estás comigo, apesar de eu te chamar. Beijo pirata.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Rapaz, diz que queres os meus braços porque, embora eu deseje os teus braços para me abraçarem, também quero sentir que te estou a abraçar com força. Davas-me o teu corpo e eu sentia todos os seus contornos enquanto o ia apertando. O que te dizer? Tudo o que eu quero é ter-te ao pé mim. Não sei se compreendes-te: ama-me!, vira o meu mundo ao contrário. Vira-te para mim e ama-me. Consegues dar-me cabo da cabeça quando eu só quero a certeza do teu amor. Porque os meus sentimentos não interessam para o caso, eu só preciso de me sentir amada. Eu não preciso de amar de volta, basta gostar de ti, sentir um grande carinho por ti. Porque é isso que me inspiras. Já passou tanto tempo desde aquela noite que a paixão deu origem a uma certa familiaridade. Na verdade, nesta fase da minha vida eu tenho uma grande necessidade de ser amada. Eu caía nos teus braços tão rapidamente…Gostavas que eu te amasse de volta? Beijo água doce.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quero-te tanto rapaz. Quero as tuas mãos nas minhas. Quero o sossego da tua canção. Nada não tem sentido e os cortes sangram. Há tesouras nas minhas mãos que cortam profundo. Agarra-me. Sê a minha pulsação. Sê tudo em mim. Não me deixes sofrer aqui sozinha no meio da escuridão. Ama-me. Faz o que quiseres, mas ama-me. Porque eu preciso tanto do teu amor. Preciso e preciso e isso faz todo o sentido, nada mais faz sentido. Beijo chocolate quente.

sábado, 16 de outubro de 2010

Olá rapaz. Ainda bem que falo contigo, foi um dia muito triste este. Cada vez é mais difícil levantar-me da cama, mas hoje custou mesmo. Tinha de trabalhar, mas não fiz nada o dia todo a não ser amaldiçoar a minha vida e chorar. Já estou há tanto tempo nesta vida que não faz sentido nenhum…Já me arrasto há tanto tempo nela…Não encontro um emprego, sinto-me uma inútil, esta história do desemprego já dura há tanto tempo. Depois as outras actividades que arranjei foram uma frustração, acabei por ser dispensada ou por desistir delas. Depois oiço gritos, muitos gritos, e no fim acabo eu também por gritar, tudo isso faz-me mal ao coração. Hoje mais uma vez ouvi gritos, mais uma vez gritei. E parece-me que entre os meus gritos de “não me grites!” também estão os gritos “tirem-me deste inferno!” Acordei com uma ligeira dor de barriga que ao final da tarde piorou. Não é a primeira vez que sinto estas dores. Tenho o estômago às avessas, acho que é do sistema nervoso. E voltei a fumar, não aguentei. Deves compreender rapaz que estou numa pilha de nervos. Transcrever entrevistas sempre foi uma das coisas que mais odiei fazer. E estar fechada em casa sem ver ninguém a fazer isso é uma verdadeira tortura. Não quero sair da cama porque não quero existir. O que me espera? Estou num buraco sem saída, é o que sinto. E passo tanto tempo sozinha, é desesperante. Sabes, nesta situação desesperante em que estou não costumo chorar mas hoje não aguentei, acho que não deve ser muito bom sinal. Deve querer dizer que estou mesmo farta, que já não aguento mais, que estou caída no chão. Estou tão farta rapaz. E depois não há salvadores. Sabias? Ninguém te vem salvar. Dás à praia morto. Talvez depois te levantes. Pergunta-me, eu conheço bem demais esta história. Neste momento só preciso de uma coisa: um bom emprego. Sim, convém que seja bom senão voltamos à história das frustrações. Eu podia ter sido socióloga, ora se eu não tenho jeito nenhum para aquilo…Eu podia ser o quê? Eu até tenho vontade de rir…ora eu tenho jeito para o quê? Não faço ideia rapaz. Talvez aquando do nosso encontro eu já tenha descoberto. Espero bem que sim, senão é a minha desgraça. Chorei muito e tu não estavas aqui, fizeste falta, teria sido muito bom chorar no teu ombro e depois teres ido buscar um lenço de papel para eu me assoar. Teria sido bom ouvir-te dizeres-me palavras ternurentas que acabariam depressa com as lágrimas. Um abraço dado que cuida no íntimo. Somos tão próximos rapaz. Vê como eu te falo de tudo da minha vida. Vê-se que eu gosto muito de ti. Retomei este blog só para poder falar contigo. Fiz um intervalo para comer. Estava a dizer que gosto muito de ti rapaz, é verdade, não posso negá-lo, embora às vezes comece com parvoíces. Estou a sentir-me tão miserável, gostava tanto que estivesses aqui agora, que viesses cá dormir. Só dormir, assim agarradinhos, todos queridos. Deixavas-me queixar um bocado e depois contavas umas coisas divertidas da tua vida enquanto eu adormecia. No dia seguinte levavas-me o pequeno-almoço à cama e fazíamos amor assim do nada, mas sem entornar o leite com café. Depois ficávamos juntos para sempre. E no meio casávamo-nos com direito a alianças bonitas. Não te rias desta parte porque eu gostava muito de me casar. É um grande desejo meu. Talvez fale melhor disto mais adiante. Depois de escrever tudo isto sinto-me melhor. Estou a fumar um cigarro e vou para a caminha. beijo leite entornado (risos)



(Claude Monet)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Só um comentário: hoje fartei-me de pensar em ti, acredita que pensei mesmo muito. Estou cheia de saudades tuas, mesmo muitas. Queria-te tanto ao pé de ti, é tão triste estar sem ti, mas ao mesmo tempo também me rio ao pensar naquilo que te vou dizer, nas possibilidades do que irá acontecer. Estive a pensar no sorriso que tinhas feito quando me falaste das bocas e dos olhos nas janelas, lembro-me, embora vagamente, que era bem bonito, irradiava pela sala. Só quero vê-lo de novo…
Tenho a dizer-te uma coisa: estou-me a marimbar para uma relação harmoniosa, de grande crescimento, que me dê tranquilidade e segurança. Eu quero uma paixão arrebatadora, que me tire os pés do chão. Quero um amor que me faça viver todos os sentidos em danças iluminadas e dê os meus gestos todos a quem amo como se tratasse tudo de raízes minhas. Quero receber a alegria do outro saindo do seu terraço para me ir apanhar, amando-me como explodem os frutos queimando no Verão. A harmonia é para quem tem tempo, porque aqui é preciso saltar de telhado em telhado e não há tempo para fazer pausas nas telhas. Até porque a harmonia não tem movimento, às tantas fica em silêncio. O grande crescimento é para as crianças, aquilo que deve crescer é o aprofundar do amor, tudo o mais é conversa fiada de revistas para mulherezinhas sem nada para fazer. A história da tranquilidade é a mais divertida. Eu preciso precisamente do oposto, esta é para me deitar ao chão e rebolar a rir. Segurança pronto, um bocadinho sim, não faz mal claro. Vem com o pacote. Portanto, estamos falados. Percebeste a cena? O que eu quero? Uma paixão brutal e um amor extasiante. Achas que estás à altura? Ou só a harmonia, o grande crescimento, a tranquilidade e a segurança? Olha que eu deixo-te, não duvides. Eu quero viver um amor a sério. Ou és tu, ou há-de ser outra pessoa. Desculpa a frontalidade, mas é mesmo assim. Achas que pode ser uma relação de amor muito apaixonada? Bem, tenho de ir para a caminha e levo um bocadinho de ti comigo. Beijo demorado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Olá rapaz, bem disposto? Sabes o que é que eu ando a fazer agora? Saio à rua e cravo cigarros às pessoas porque estou mesmo à rasca nesta minha ressaca tabagista. Mas isso vai acabar porque eu tenho vergonha e além disso nunca mais deixo de fumar à séria. É como contigo, faça o que faça parece-me que nunca vou conseguir deixar-te à séria. Acho que já nem vale a pena tentar. O tabaco é importante deixar, faz mal para caramba. E tu? Já somos tão próximos, não é? Tu não queres que eu te deixe, pois não? Ficavas destroçado. No teu íntimo sim, eu sei que sim. Embora não o demonstrasses, eu sei que sim. Eu sei que sou a tua gaja, um dia destes disseste-me isso. Resta saber se tu és o meu gajo. Isto não é assim rapaz, não chegas aqui e é tudo teu. Para já nem sabes se eu estou “disponível para amar” (nome de um filme que eu nunca vi). Posso não estar. Posso estar a passar por um período de reclusão. Certifico-te que não estou. Mas posso não estar disponível para te amar a ti. Vê bem a quantidade de pessoas no mundo amáveis. No filme “Disponível para amar” Vasco Câmara questiona sobre os dois personagens: “será que eles se amam; ou será que eles inventam tudo?” Pois eu tenho de pensar muito a sério sobre esta última possibilidade no que diz respeito a nós os dois, até que ponto os meus sentimentos não serão uma invenção minha? Não viverei uma mentira dia após dia? Isso põe em causa uma parte de mim, porque a minha vida emocional não pode andar nestes tumultos. Sempre tive muita imaginação e quando ela se dirige para a história do príncipe encantado faz milagres. Venha ela, fantasia, invenção…E sabe-se lá do teu lado, na volta estás com o braço em cima do ombro de uma tipa qualquer. Nem sabes o que queres. Eu quero ir dormir e quero que venhas meter-me na cama. Beijo mar a arder.

terça-feira, 12 de outubro de 2010





(Edvard Munch, "Cupido")
Rapaz, rapaz, o que andas a fazer a estas horas por aqui? Pairas por mim durante todo o dia, mas eu já estou tão cansada que às tantas já não me importo. Quando leres isto deves achar que eu sou realmente louca. Como é que uma noite pode dar a volta à cabeça de uma pessoa desta maneira? Ou melhor, como é que tu tiveste este efeito sobre mim numa só noite? Conversa do msn: como arranjar sexo pelo sexo. O meu companheiro de sempre diz-me que eu tenho de sair. Eu pergunto se andar de autocarro serve, ele diz que sim: “encosta-te a eles...respira-lhes profundo no pescoço e espera pela reacção...podes é ter uma reacção menos agradável... ou então se fores descarada, pergunta mesmo no ouvido se eles querem dar uma...e espera pelo que dizem...” Tinha piada eu fazer uma coisa destas e conseguir ter sexo de jeito. Mas sexo só mesmo contigo, é difícil esperar mas por outro lado há uma certa beleza nisso. Mas foda-se 3 anos é demais, mesmo masturbando-me. Nem me anda a apetecer masturbar-me, quero sexo! Quero que me toquem, quero sentir. Quero que me desejem. Quero que me digam isso. De forma bem ardente! Mas basicamente quero isto de ti. E de ti quero mais, muito mais. Entendes-me? Somos amigos mas eu quero o teu amor, para poder provar o sabor do amor de alguém porque aqui ninguém me ama. E tu podes amar-me rapaz, podes estar sozinho na noite e vires ter comigo num abraço comprido, que oferece a substância da tua linguagem. E o teu amor é gritado aos quatro ventos, para que cá dentro tudo saiba que me amas. Vem nessa noite então, amando-me. Beijo paisagem d’ouro.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rapaz, rapaz. O que andas a fazer por aqui…Hoje andei a pensar em ti. Em ti e noutro gajo, sonhava acordada que te deixava por outro gajo. Estás a ver a parvoeira. Bem, se calhar até era um alívio para ti. Acabei de fumar outro cigarro, vê tu bem. Lembrei-me que tinha um cigarro algures na secretária, um Águia, que um tipo me tinha dado para experimentar. Não resisti, mas é o último, prometo. Achas que eu te trato mal? Se calhar às vezes sou um bocado bruta. Peço desculpa, não é minha intenção de todo. Esta situação toda complica bastante o meu sistema nervoso, tens de entender. Ninguém a entende porque as pessoas não fazem um grande esforço para se porem na minha situação, nem sequer acreditam nesta história. Estou sozinha contigo, somos só nós dois. Bem, tu és a minha fantasia, faz de conta que estás comigo. Faz de conta que estás agora ao pé de mim e me perguntas se já estou melhor do estômago porque acabei de passar 20 minutos enfiada na casa de banho cheia de diarreia (verdade). Faz de conta que és um amigo maroto e me dás um beijo na boca “sem querer”, e ris-te. Enquanto te ris e não te ris eu já estou em cima de ti e a tua boca já está coberta pela minha. A tua sweatshirt salta num instantinho. Eu percorro o teu peito com a minha língua desejosa até tu estares muito entusiasmado entre as calças (risos). Ai saltam as calças e a minha boca assalta o que há para atacar. Mas não penses que avanço muito…Bem, depois eu convido-te para um chá de Jasmim. Vê bem como isto parece andar para a frente e para trás, falo da nossa relação. Não se define muito bem. E depois do teu lado, não sei o que tu queres. Se me quisesses…Se a tua fantasia me quisesse. Eu posso manipulá-la, eu sei. Eu posso fazê-la amar-me, se quiser. Eu posso fazermo-nos dançar juntos ao ritmo de qualquer música. Eu posso tudo contigo. Nós podemos dominar o mundo! Pronto, já estou a raiar a loucura. Mas, apesar de seres meu amigo, posso dizer-te que: quero-te! Tu respondes: eu também, muito! E cada um vai dormir para sua casa muito feliz. Beijo passeio longo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Dia chuvoso, passado a trabalhar. Momento prazeroso, cinema, filme: “Tamara Drewe”, um retiro literário para vários personagens no meio do campo. Era o que eu precisava, escrever poesia no meio do campo a sério, no meio das vacas. Bem, o que eu precisava mesmo era de uns braços quentes agora, começa a ficar frio e este quarto está um bocado frio. Ontem usei pela primeira vez o meu saco de água quente. Já te tinha avisado que era muito friorenta. Dormi muito bem, ao contrário das outras noites. É assim, cada um vem com os seus defeitos de fabrico. Quais serão os teus? Bem, tenho de te desejar as boas noites porque estou cheia de sono. Beijo gatito.

sábado, 9 de outubro de 2010





(Odilon Redon, "Two young girls among flowers")
Hoje está a chover tanto, estamos mesmo no Outono. Neste dia melancólico tenho saudades tuas. Pode ter-se saudades dos amigos, muitas saudades, especialmente daqueles que já não se vê há muito tempo. Quando apareceres queres ver um pôr-do-sol comigo? Lembrei-me disto agora porque está este tempo de merda. Não se vê nada, eu não vejo nada. Um pôr-do-sol era uma visão maravilhosa, não resolvia a minha vida, mas certamente iluminava-a. Mas não me apetece fazê-lo sozinha. Acho que serias uma boa companhia. Hoje havia um exercício na Cambridge chamado: “Getting to know you”. Uma das perguntas era: “qual foi o único melhor momento da tua vida?”. Eu respondi “foi quando conheci o Francisco”, mas tive algumas dúvidas, também podia responder: a noite em que conheci o rapaz. Depois disse também que a minha maior ambição era tornar-me uma grande poeta. Respondi igualmente que uma das viagens que mais queria fazer era a Amesterdão para ir ver as pinturas de Van Gogh. Talvez pudesses fazer essa viagem comigo. Mas porque hás-de fazer qualquer viagem que seja comigo? Deves ter companhia mais do que suficiente para as tuas viagens, eu seria um estorvo. Eu, aliás, na tua vida, seria um estorvo, na tua vida completa o que estaria a fazer? Estaria sempre a mais. Porque sou eu que te persigo como uma louca, se tu soubesses só te querias pôr a milhas. Eu compreendo, eu faria o mesmo, dizia-me: é melhor pirar-me o mais rapidamente possível, este tipo é completamente apanhado da cabeça! Para que é que tu querias uma tipa a bater mal da cabeça, além disso? Pareceste-me tão certinho. E uma miúda que não vai a lado nenhum, qual é o interesse? Soma-se tudo e tens uma mão cheia de nada. Bem, de qualquer maneira tenho saudades tuas e isto aqui não é a mesma coisa sem ti. Hoje encontrei um maço de tabaco cheio num buraco qualquer aqui do meu quarto e não me aguentei, fumei um cigarro. Depois fui a correr deitar o resto para o lixo. Nem imaginas a vontade com que fiquei a seguir de voltar a fumar depois do esforço que tenho feito, burra, mas soube-me tão bem. Dás-me um beijo especial, só uma pequena recaída?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Olha amiguinho, ando um bocado deprimida, só me apetece ficar na cama a dormir e ando a arrastar-me para cá e para lá. A ideia é: “não estou com muita vontade de existir”. Como meu amigo podias dar-me algum apoio, se estivesses aqui. É sempre se estivesses aqui…O que é que te custava, como meu amigo, vires aqui um bocadinho, estares aqui um bocadinho, ouvires-me um bocadinho? O que te custava encostares a tua mão à minha e dizeres-me que tudo ia correr bem quando ambos sabemos que não é verdade. Mas só o facto de estares aqui mudava todo o meu dia e por uns minutos enchias-me de esperança. Poderás dizer-me que outras pessoas poderão desempenhar bem esse papel. Mas porra, mesmo como amigo não deixas de ser especial para mim! És mesmo um gajo especial. Às vezes ainda penso em ti da outra forma, daquela mais ardente, mas lá tenho de me controlar. Às vezes é difícil. É chato, o desejo controla-me. É chato, os sonhos controlam-me. Mas foi melhor assim, vais ver. Deixas-me de me arrebatar com aquela tremenda força com que o fazias. Quem quer viver assim permanentemente? Já estava farta. Todo o Santo Dia contigo colado à pele. Até já pedia ajuda a Deus, embora não fosse crente. Rezava (esta parte estou a inventar). Estava a dar em maluca. E tu nem sequer estás aqui. Vê bem a loucura. E continuo nesta loucura, só quero que fales comigo, que me respondas. Gostava que me dissesses que também gostas de mim, que não estou nesta loucura sozinha…Quanto ao tabaco estou há 5 dias sem fumar, tem sido complicado, mas tenho-me aguentado, quando fizer um mês ficarei mais calma. O meu problema é mesmo a minha vida estar um caos. Os teus pais estavam quase a matar-te porque nunca mais acabavas o curso de Filosofia, então deves saber o que é que é ter a vida toda parada. Pois, a minha está assim, não avança para lado nenhum, sinto-me completamente encurralada. A minha vida é assim, bastante negra. Não queria acabar assim o post. Portanto, deixa-me que te diga que hoje no autocarro vi um tipo mais ou menos parecido contigo. Foi para os bancos detrás e eu passei o tempo todo a olhar para trás, a dar uma grande bandeira, só para o ver. Beijo cabine telefónica.



(Paul Gauguin)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Olá. Não te escrevi nada ontem porque estavas no meu congelador, bastante longe de mim, bem gelado, sem poderes chegar-te nem a um centímetro a mim. Decidi não levar até ao fim a simpatia que tinha feito para ti, acho que as pessoas não se devem ver livres assim das outras só porque têm problemas com elas. E acho que iria falhar de qualquer maneira, com ou sem simpatia. Mas eis que achei uma forma excelente de resolver o problema que tenho contigo: vamos ser amigos. Os amigos têm relações muito mais fáceis e escusamos de estar aqui nesta relação estranha em que eu nunca sei o que quero. Resolvi então ir buscar o papel que estava no congelador com o teu nome e retirei-lhe a agulha. Procurei um livro do Eugénio de Andrade ao calhas, e vê tu bem que era o número 28, quando abri uma folha ao acaso era o número 32 (também tem um significado especial, depois explico). O papel ficou dentro do livro, depois podemos ler o poema juntos, se quiseres. Por falar em amizade, por exemplo hoje estive com um amigo meu na esplanada do Adamastor a falaricar e a comer qualquer coisa. Podias ter sido tu, estás a ver, um amigo com quem se passeia naturalmente, sem stresses. Claro que não era um amigo que eu queria. Mas até me faltam amigos, portanto. Mas que raio de amigo é que podes ser, também ausente? A ver vamos…Por outro lado, já não posso fazer sexo contigo, compreendes? Tu não me dizias, mas se calhar até gostavas muito, para ti era a loucura. Se calhar vais ter saudades. Se calhar vais ter saudades que eu goste de ti de outra maneira. Olha, tenho de me ir deitar, já não te posso convidar para vires comigo. Para te atirares para cima da cama agarrado a mim. Boa noite amigo. Beijo desabrocha flor.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Olá. Agora estou numa de te esquecer. Parece-me ser tão difícil quanto deixar de fumar. Como está a correr essa parte, podes perguntar? Estou a subir pelas paredes, estou a ressacar como o caraças. Enfim, agora quero esquecer-te. Então, resolvi recorrer à magia, tipo magia negra (também há a branca, para ficares esclarecido). Há as chamadas simpatias que são rituais usados principalmente para as pessoas encontrarem um novo amor ou então “amarrarem” (é assim que eles dizem) a outra pessoa. No meu caso, eu estava à procura de uma simpatia para esquecer um ex-amor, tu. Existiam algumas mas, ou não as podia fazer por falta de componentes, ou porque davam muito trabalho, então inventei uma minha. Escrever o nome da pessoa em causa, que se quer esquecer, neste caso “rapaz”, num bocado de papel, espetá-lo com uma agulha de um lado ao outro e metê-lo no congelador. Depois de estar lá três dias, deitá-lo para o caixote do lixo dizendo: “com esta esterqueira te irás porque tu também és sobras na minha vida. Desaparecerás com o apodrecimento destes restos.” Sei que é muito forte, mas é suposto sê-lo para me ver livre de ti. Até deves ficar mais descansado. Mas vai ser difícil tirar-te do corpo, bem sei como já está a ser difícil lidar com a falta do tabaco. Não posso vacilar, nem contigo, nem com o tabaco. Escreve as minhas palavras: eu não irei fazê-lo. Já estou farta destas merdas, ai gosto, ai não gosto, pareço uma miúda. Caramba, estou a morrer por um cigarro, não fazes ideia do sofrimento desta merda. E era exactamente ao computador o sítio onde eu fumava mais, à maluca, cigarro atrás de cigarro. Descobri aqui o número da Linha SOS Deixar de Fumar e amanhã telefono para lá, para ver se eles me dão umas dicas. Pena que não haja uma Linha SOS Casos Desesperados Marteladas na Cabeça das Gajas Estúpidas que Têm de Se Ver Livres das Suas Obsessões Patéticas. Eu seria a “cliente” nº 1. Olha que alívio rapaz, já devias sentir-te tão sufocado com tudo isto. E agora de empreitada, boa noite. Beijo estoirando.



(Ando Hiroshige, "Moonlight")

domingo, 3 de outubro de 2010

Acabei de fumar o meu último cigarro.
Olá rapaz apoquentador. Hoje estou tão mal disposta, e ainda nem sequer deixei de fumar. Estive a embirrar com o meu pai sem nenhuma razão, toda irritadiça. Depois perguntava-me se faria o mesmo contigo, mas é normal que o faça, a pessoa nem sempre está nos seus dias. Só espero não exagerar muito, às vezes consigo ser verdadeiramente insuportável. Eu controlo o meu “mau génio” e tu tens um bocado de paciência. Mas mesmo nos meus piores momentos tem calma que não te parto pratos em cima. Posso é durante 10 minutos entrar em greve de sexo. No entanto já atirei por duas vezes com um prato para cima da minha irmã. Mas duvido que sejas tão insuportável como ela. Aliás, uma das vezes tudo aconteceu por causa do meu pai, ele estava a provocar-me, eu irritei-me à séria e a minha irmã, que estava à minha frente, levou com um prato de bacalhau cheio de azeite. No outro caso, eu estava sozinha em casa com a minha irmã e ela conseguiu irritar-me de tal maneira que eu pus um prato a voar durante 4 metros até aterrar nos pés dela. Outra experiência com pratos foi quando vivia sozinha, deu-me uma coisinha má e resolvi desatar a partir pratos contra a parede da cozinha. Mas este já era um grande sonho meu, pegar num molho de pratos e ir para um sítio deserto parti-los para descarregar o stress. Já estás com medo? Depois tendo em conta que tenho uma ligeira tendência para falar alto imagina quando me zango. Portanto, rapaz convém que a gente se entenda senão vamos ter problemas com os vizinhos. Credo pareço uma bruxa! Neste momento da minha vida não tenho muito jeito para dizer coisas bonitas acerca de mim mas sei que há. Talvez possas ver isso através da minha poesia.

Uma canção simples
Para chegar até ti
Pelos peixes que moram no interior das rochas
Que me mostram o vento
Que leva ao teu caminho
Brincam crianças na rua do teu bairro
Mas eu não sei qual é a tua porta
E fico sozinha na noite
Todas as cidades do mundo
Mantêm-se acordadas comigo
Esta canção simples
Não te desperta, amor?



Como não conseguia lembrar-me de nada para te dizer sobre mim fiz uma chamada relâmpago para o Luís para ele me dizer algumas qualidades que eu tinha: amiga, carinhosa, atenciosa, interessada, curiosa, divertida, bem-disposta, charmosa. Não está mal, hã? Eu acrescentava, tendo em conta este blog, muito romântica. É o meu lado Sara, aquela que procura o príncipe encantado. Ela e eu formamos uma parelha incrível, não nos calamos. Somos as melhores amigas. Claro que há os Outros todos, é a chamada Alcateia, Somos Todos importantes. Depois há aqui quem sinta o Amor. Chamam-se Jaime e Alexandre, estão apresentados, espero que isto não me comece a atazanar a cabeça. Mas por outro lado, estou bem protegida, há tanta gente que me vai apoiar que é impossível eu ser caçada por essa ideia do Amor. Vamos brincar à Alcateia? São jogos divertidos, com toda a gente a falar ao mesmo tempo, com palhaçadas e zaragatas, mas também com conversas sérias. Enfim, tu metido na Alcateia, não antevejo bons resultados. Só baralhas a minha cabeça… Já é muito tarde, por isso ficam já aqui as boas noites. Beijo macio.



(Stuart Davis)

sábado, 2 de outubro de 2010

Olá e boa noite. Venho do cinema: “Todos os outros”, era sobre um casal. Passei o tempo todo a pensar em nós, a diferença é que aquele casal tinha alguns problemas relacionais. Como seremos enquanto casal? Só falta um maço de tabaco para a minha vida acabar, mal acredito. Olha para mim…eu estou mesmo à tua frente. Porque é que não me vês…se estou bem perto de ti. Porque é que não me tocas…se o desejo tanto. Sempre os mesmos pensamentos, já deves estar farto (um dia que leias isto). Um dia que leias isto vai perceber o que é sofrer de verdade por não se ter quem se deseja. Vais perceber que sempre te quis muito na minha vida e que a tua ausência sempre foi uma tristeza prolongada. Não há forma de me livrar de ti. Já não consigo viver sem ti. Embora não te tenha. Não consigo viver sem a tua presença. Embora não estejas comigo. Assusta-te? A mim assusta-me porque é uma dependência muito grande. Preciso de vir aqui todos os dias, no fundo para dizer que gosto de ti. Assusta-me porque é tudo muito maior do que eu. Bem, já é tarde, tenho de ir para a caminha. Quero fazer amor contigo esta noite. A noite toda. Pode ser? Beijo trim-trim.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tenho de me ir deitar: médica de família, desta é que é. Não sei o que te diga, passei o dia todo mal disposta. A minha vida não me corre nada bem e às vezes não é muito fácil lidar com isso. Depois amanhã é que é, acaba o tabaco, que pilha de nervos. Vou arranjar uns calmantes para ajudar. Sinto-me sozinha, passo muito tempo sem ver pessoas, pessoas familiares. Serias a minha melhor companhia. O que andas a fazer na minha cabeça? Porque andas sempre lá enfiado, não percebo minimamente o que andas lá a fazer. Andas a tentar pôr-me maluca rapaz? E lá vai mais um cigarro, a culpa é tua. E lá vai mais uma noite sem ti…Beijo mãos dadas.
Boas noites, meu querido (bem foleiro, hã?). Só faltam três maços de tabaco para o fatídico dia. O que é que se há-de fazer? Tens de me ajudar. Seja de que forma for, mesmo estando longe. Era tão mais fácil sermos os dois a deixarmos de fumar ao mesmo tempo. “Está-me mesmo a apetecer fumar um cigarro!” e vai o outro e espeta-lhe um beijo. “Vou fumar um cigarro agora mesmo, estou desesperado(a)!”, “nem penses, vais é dar uma queca!”. Já abri o terceiro maço, neste preciso momento. O countdown selvagem!!! Era tão sexy uma poeta fumadora, com o fumo à sua volta como um véu misterioso. Olha lá rapaz, isto por aqui está um bocado mortiço, não queres aparecer por cá? Isto aquecia rapidamente, sabes disso, certo? Pelo menos eu aquecia, e comigo quente tu ias a seguir (risos). Mas aparece, estás sempre convidado. És o convidado principal, aliás. Tens direito a tapete vermelho e tudo (curtinho, que o dinheiro não é muito). Hoje ouvi demasiados berros aqui em casa, senti que não era muito desejada. Enfim, realmente preciso de ti para trazeres Amor à minha vida. Entendes, Amor! Achas que consegues sentir isso por mim? Eu agradecia. Tu ou qualquer outra pessoa. Porque já não dá mais para ficar nesta solidão do coração. É porque há um vazio que só o Amor Romântico pode preencher, e esse vazio é muito grande. Eu estou tão sedenta de Amor que é desnorteante, e chega mesmo a ser estúpido porque pareço uma parvinha a tentar a achá-lo em tudo o que é sítio. E sinto-me vazia na mesma, porque falta-me ainda qualquer coisa. Talvez me faltes tu. Acredito que sim. Porque na verdade tens-me feito tanta falta. Tanta falta, tanta falta…onde é que estás? Beijos braços abertos.

(Otto Dix)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bem, vou dar-te umas boas noites rápidas porque estou mesmo cheia de soninho. Deitei-me um bocadinho na cama e já estava a adormecer. Ontem à noite tive a doença dos pés, é quando os meus pés ficam com uma espécie de frio interior que depois se espalha às pernas e tenho de pôr uma pomada com menta para aquecer. À conta disso não fui à médica de família, passei mal a noite toda. Se estivesses aqui ainda me podia agarrar a ti. Beijo cor-de-rosa.
Estou quase a entrar em pânico, só tenho mais 4 maços de tabaco para fumar, isto vai-se num instantinho. Depois o que vai ser da minha vida!? Que desespero do caraças! Houve uma vez que me deu a maluqueira de deixar de fumar assim da noite para o dia, como agora. Vivia sozinha, a meio da noite entrei em pânico, e como ainda havia lá um cinzeiro cheio desatei a fumar as beatas, umas atrás das outras, tal era o desespero. Foi uma nojice do caraças. Claro que não consegui deixar de fumar. Mas houve uma vez que consegui esse feito durante 3 anos. Que engraçado, será que consigo estar os 3 anos de espera sem voltar a fumar? Vamos a apostas: 70% que sim, 30% que não. Tenho mesmo de me esforçar. Para começar porque não tenho outro remédio. Mas no futuro as condições económicas poderão mudar e eu terei mesmo de me controlar. Lembro-me que naquela noite já não tinhas tabaco e então começaste a fumar dos meus cigarros. Naquela altura eu fumava português suave. Fumaste os meus cigarros sem nenhuma preocupação, como se fossem teus. Quando eu saí fui comprar comida mas estava especialmente preocupada com o facto do tabaco ter acabado. Não foi só isso que acabou, pois não? A tua presença também acabou, não foi?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Estou a fazer um bolo, está no forno, bolo de iogurte. Quando era mais nova costumava fazer imensos bolos, alguns dos quais ficavam um pouco (muito, nalguns casos) chamuscados. A ver como fica este. Claro que te ofereço uma fatia, várias. Amanhã tenho a saga da médica da família parte 2. Por isso não vou poder ficar a falar aqui muito tempo contigo. O bolo ficou bom, bem, um bocado queimado...A minha paixão por ti também queima um bocadinho. Aqui vão os beijos de boa noite directamente dos meus lábios húmidos, que acabam de lambuzar-se de bolo.
Está na hora da caminha. Amanhã deves ter de acordar cedo e agora já deves estar a dormir mas isso não me impede de te encher de beijos. Saltavam beijos para todos os sítios, cantos e recantos do teu corpo. Ficavas quieto, só para os receberes. Depois trocávamos. Sentir os teus lábios a percorrem-me docemente a pele…Já estou arrepiada. À noite apetece sempre mais…ter os teus carinhos. Não é verdade, durante o dia também apetece, só que à noite eu venho para aqui pedir-te e dar-te coisas boas, e durante o dia só penso nelas. Beijos coloridos de sol.

(Mary Cassatt, "Woman Sewing")

É a minha figura enquanto te espero...

domingo, 26 de setembro de 2010


Adoramos roçarmo-nos um no outro quando a pele pede. E a pele pede tanto. A minha pele é seda na tua e a tua é toque de humidade na minha. Eu dispo quem tu és do princípio ao fim, e dou-te mil beijos profundos. Riqueza de coração sinto-te mais do que nunca no interior das minhas veias, percorrendo-me ondas quentes. Dizes o meu nome com carinho e eu digo-te que a minha sede és tu. Vem, quero saborear-te de olhos fechados e tudo ser nós dois. Quando a noite é lenta o nosso Amor Verdadeiro canta alto e sobe aos céus para descobrir os segredos das estrelas. Tu és a minha estrela e o meu caminho ilumina-lo tu. Procuras o meu peito para te sentires cada vez mais próximo de mim. juntos criamos um mundo nosso e nele somos felizes.

Sara
Bem, aqui vai mais um poema dedicado a ti. É um poema de amor, lá por não te amar quem disse que não te posso dedicar poemas de amor, inspiras-me:

Este calor
Que apela a tua presença
Demora o seu sabor no meu corpo
Ouvisses tu as palavras que principiei
Ao nascer do sol
Para que viesses ter comigo
Talvez não houvesse terra ou mar
Que parasse a tua navegação até mim
Deixa-te estar, assim quieto
Que o meu amor irá insinuar-se no teu caminho
E beijar o teu coração
Boa noite paixão acelerada. Só tenho oito maços de tabaco para fumar (eu compro ao volume). Quando acabarem estou feita. E será enquanto estiver a falar contigo à noite tenho a certeza. Pânico total. Espero que me possas ajudar, sabe-se lá como. Saudades muitas. Beija-me os lábios de fogo nu para eu te beijar esse corpo irrompendo vida de constelação.

(Oswaldo Guayasamín)
Vou ter de deixar de fumar devido a problemas financeiros, vê tu bem. Uma grande crise de nervos vem a caminho. E o plano de deixarmos de fumar juntos vai ao ar, era tão romântico, pode ser que eu até lá recomece a fumegar, já sem problemas económicos. Porque isto de fumar nunca nos deixa, a pessoa faz pausas, umas podem é ser permanentes. Mas pode ser que eu leve a sério este meu plano de deixar de fumar e depois te ajude a deixares de fumar, assim era bonito. Já está a ficar tempo de Outono, o que é uma desgraça: odeio frio e chuva. Odeio como me massacram com a sua insensibilidade e como fazem de mim escrava das suas vontades. Menos mal existir o Outono como uma suave passagem para o Inverno. Por exemplo, contigo foi logo a abrir, não houve quase suavidade nenhuma. E do outro lado da rua as bocas das janelas talvez tenham esboçado um sorriso. Foi a minha vez de fazer o jantar, jantar do costume: massa. Espero que tenhas mais jeito do que eu para preparar refeições, e mais imaginação. Eu sou um autêntico desastre na cozinha. E detesto, apesar de adorar comer. Devia tirar um curso de culinária. Se formos os dois uma nulidade podemos tirar os dois um ao mesmo tempo, um casal cheio de ingredientes. Bem, mas a comida não se faz só na cozinha. E aposto que noutras divisões as coisas vão correr muito melhor. Podes perguntar ao sofá. Se bem que na cozinha com a farinha a voar…Estou chateada, acho que gostava de te amar. Se bem que é um sentimento monstruoso. A paixão é uma cobra venenosa, o amor parece um cordeirinho mas na verdade é bem selvagem. As pessoas também perdem a cabeça por ele. Não sei o que te dizer: és um habitué na minha vida, estás aqui em todos os momentos. Só não estás porque realmente não estás, não é? Não posso de todo partilhar a minha vida contigo. Falo para o boneco. Sinto-te e do outro lado não vem nada. Não temos nenhuma relação. Tu não sabes que eu existo. Já me esqueceste. Até vou fumar dois cigarros de seguida tal é o desgosto. Como é que me podes abandonar desta maneira? Como é que pudeste sair porta fora? Desgraçaste-me. Podias enviar-me um sinal. Não sei, num sonho. Aquilo que eu sei é que eu estou mesmo a ficar maluca, acredita em mim. E tu ai quietinho na tua vida, sem fazeres a mínima ideia de que há uma rapariga louca por ti que te persegue todos os dias. Ainda ontem estava a contar a nossa história a um tipo do msn e dizia ele que, ou eu estava a gozar com ele, ou não estava boa da cabeça. Depois convidou-me para sair. Eh, eh, eh. Mas o que é que esta gente toda sabe? Que eu não estou a bater nada bem da cabeça por tua causa tudo bem, mas não me lixem a parte de que nós nos vamos encontrar e vamos fazer um par do caraças. Vais ver que depois concordas com o par do caraças. Vais ver que seremos muito concordantes.
Quando eu te amar unes a tua mão à minha? (segundas intenções)

sábado, 25 de setembro de 2010

E aqui vai um poema sobre ela para ti:

O desejo vivo
Nas veias das cidades
Correndo pelas ruas sussurrando:
Procuro essa boca que veste a minha
A paixão galopando
Nas suas viagens de delírio
Derramando o seu encontro com o outro
Em mim sinto-te como toque
Que enleia todo o meu corpo
E a vida não é senão isso

(Goli Mahallati, "Pure Passion")
Agora que sei o que sinto por ti já posso dizer: boa noite minha grande, melhor, enormíssima paixão. Digo-te completamente inflamada, com esta paixão louca infiltrada nas veias. Digo-te até a tua pele se encher de mim e se embriagar com as esplanadas do meu ser. Gostas que eu tenha esta paixão arrebatada por ti? Não te importas com esta maluqueira toda? Deves achar que eu não regulo de todo da cabeça. Só este blog, completamente doida…Vou para a caminha imaginando o teu corpo colado ao meu. Beijo incendiado.
Hoje fui almoçar com o Tiago. Surgiu o “teu assunto”. E ele dizia-me: “onde é que há Amor? Ele não está contigo, não dão as mãos, não fazem coisas juntos, etc.” Ele tem razão, não posso negá-lo. Até tenho pena. Acho que seria mais bonito ser Amor, pensando melhor. Uma obsessão é uma coisa tão vazia. Uma obsessão não passa de uma estupidez sem limites que apanha a pessoa na sua teia-prisão. E o que é que eu estou a fazer nessa perigosa armadilha? O Amor, quem sabe, é uma paisagem de viagens desenhando-se no olhar, raiz de árvores de fogo, uma sede em voo para um oásis. Porque lá está, eu não sei. Mas deve ser muito bonito isso do Amor. Há quem saiba, não é? E está contente. Quem é que não quer Amor? Pois eu preferia sentir Amor por ti, se bem que em termos práticos não ia mudar os pensamentos obsessivos. A componente obsessiva disto tudo dá cabo de mim. Isto é mas é uma brutal paixão! Obsessiva! E mais nada! Uma paixão fatal! E eu caí na sua cilada feita Branca de Neve com a maçã da Bruxa Má. Santa ingenuidade. Uma noite fatal: um rapaz muito sedutor, uma noite inesquecível, um rapaz apaixonante, deixando o seu sapatinho para trás. Tive de ir acalmar os meus calores numa fonte. Não há dúvidas: que paixão violenta! Claro que tinha de ser obsessiva! Desvia o cérebro! Acidentes cerebrais! Pensamentos delirantes! O que é uma paixão violenta? Segundo a Wikipédia a paixão: “(do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação difícil) é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, regra geral, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio”. Como podemos entender por esta descrição eu estou fodida da cabeça à conta desta história. Vejam bem: patológico. Eu estou mesmo doente. A perda do poder de raciocínio já estou a sentir. Perde a sua individualidade, é muito grave mesmo. E por fim é um sentimento doloroso, claro está. Porque come a pessoa de tal forma, consome-a como se esta fosse um pequeno doce que acaba por estoirá-la. Sinto-me um pugilista no chão sem me conseguir levantar. Sinto que não há escapatória possível, como se fosse uma condenada. Dizia o Manuel: “lidas com uma imagem, não com uma pessoa”. E caramba é verdade, mas a forma como esse rapaz gira à minha volta como se fosse uma pessoa...Fode-me tanto como eu deixo estas coisas acontecerem, como eu tenho tão pouco controlo sobre elas. Mas as paixões brutais são assim, descontrolam-nos, apoderam-se de nós, não nos deixam respirar, fazem de nós o que elas querem. Rastejo perante a sua magnificência. Elas subjugam à séria. Tenho poucas defesas. Maldita paixão, está a desgraçar-me! A minha cabeça parece que anda numa montanha russa. É que podia ser uma pequena paixão que não incomoda muito, e não esta paixão ferocíssima que arranca as entranhas. Enfim, não me safo tão depressa disto.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


(Arshile Gorky, "Enigmatic Combat")
Escrevi agora mesmo este poema para ti, aproveita-o bem, não ando muito dada à poesia nos tempos que correm:

Nas paisagens existe a tua imagem
Oceano crepusculando a vida
Neste sonho onde abro a persiana
Desafio-te a descobrires os sentidos das tuas mãos
E percorreres o meu falar
A minha pele estonteia com os teus passos
Quer ter a certeza do teu corpo
É tempo de rondares a minha casa
De revelares o teu toque
Bem, aqui vão as boas noites. Até a minha gata te espera. A esta hora da noite, quando me vou deitar, só me apetece agarrar-te. Mas eu sei que isso vai acontecer. Pena que estas noites tenham de ser tão solitárias agora sem ti, durante tanto tempo. Depois nunca mais te largo. Beijo melado.
Hoje chegou-me uma segunda carta da clínica de oftalmologia a que me referi no post abaixo, igualzinha. O que quererá dizer? Ando a ver assim tão mal? Será que ando a ver esta história do rapaz sem os óculos postos? Porque é inevitável que os use para ver bem. A verdade é que me sobressalto constantemente com a sua ausência, sinto um vazio no coração. Sim, um vazio no coração que deixaste quando te foste embora. Não sei como é possível, após uma noite tal acontecer. Já me estou a repetir, como sempre. Mas é que isso confunde-me tanto. É que também posso estar mortinha de amores por ti, e não obcecada. Como saber? As duas são más. Uma obsessão é sempre má, corrói-nos por dentro. Estar caída de amores por ti também não me parece bem, estás tão longe, e coração sofre como o caraças. Estar caída de amores é como descer por uma falécia abaixo sem controlo, e assim não pode ser rapaz. Entre um e outro venha o diabo e escolha, porque eu sinto-me uma bola de ping pong. Esta coisa de não perceber o que sinto está a tramar-me a cabeça. A Bruna disse-me com muita certeza que era Amor. Depois toda a gente diz que não é nada provável. Bem, segundo os conceitos é verdade que não é provável. Mas pergunto: o Amor enlouquece uma pessoa? Porque eu estou completamente louca por ti.

(Roberto Matta, "Morning on Earth")

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lá fui ver um filme francês meio amalucado, como costumam ser quase todos. Podias ter ido vê-lo comigo, é pena…Já viste que te ando a pôr muito em causa, tem de ser, tenho de manter uma certa sanidade mental. Era só para te desejar uma boa noite. Talvez possas sonhar comigo sem dares por isso, ou quem sabe acordares lembrando-te do sonho. Bem vou deitar-me, se o teu edredão for tão bom como o meu fico contigo de certeza. Je t'embrasse doucement.
Enviaram-me uma carta da clínica de oftalmologia a que eu fui quando tive de usar óculos. Acontece que eles não avaliaram bem os meus problemas de visão, portanto continuei a ver mal. Acabei por ir à médica da minha avó, numa ruazinha escondida de Moscavide. Agora é possível eu ler a carta, mas não me interessa nada o seu conteúdo: vão mudar de instalações, mas eu não tenciono voltar a lá pôr os pés. “Manteremos o mesmo profissionalismo”, dizia também a carta. A quantas pessoas vão eles continuar a engasgar os olhos? Depois, se bem me lembro, tenho problemas em ver ao perto e também em ver ao longe, o que explica a minha “relação” com o rapaz. Agora quero que ele me saia da vista. E quanto ao futuro vejo muito mal. Não tenho nada contra ele mas acho que se trata de um problema de compensação. Porque a minha vida é um deserto, um vazio e é fácil ser preenchida por uma fantasia como a do rapaz. Há um coração vazio há muito tempo por onde entra facilmente o sonho de um grande Amor. Existem carências afectivas que precisam de gestos e palavras. Há a escuridão que necessita de me largar para eu viver, e há a ilusão de que esse rapaz pode ajudar. No entanto, após o pensamento dele passar o meu mundo continua na mesma. Mas sim, não passa de uma compensação, de toda uma vida que precisa de ser preenchida. Ele cai que nem uma luva. As memórias daquela noite caem que nem uma luva. O problema das memórias é que tornam tudo perfeito e o das fantasias também. Em momento algum desta história estou no mundo real. Eis o perigo dela. E é incrível como tenta chantagear os meus dias. E eu não tenho nada para lhe dar. A não ser esta criatura obsessiva que se vai queimando no seu corpo. Mas é preciso ter a noção de que o rapaz não “possui” o meu ser. É verdade que está cá bem dentro, mas não dorme no meu coração. E jamais uma fantasia dormirá dentro do meu coração. Isso não faz sentido nenhum. Não vamos confundir obsessões com sentimentos reais. Fantasias com pessoas reais. Estou muito chateada, penso demasiado no rapaz, acho bastante prejudicial, como já tenho dito. Isto não pode continuar assim, mas é complicado de controlar. É tão complicado, sinto-me um rato numa gaiola sempre à volta com estes pensamentos. É doentio.

(Carel Fabritius, "The goldfinch")

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vou dormir. O que queres que te diga? Preferes que te faça? As duas coisas? Se aqui estivesses. Hoje faço birra. Não estás aqui, não faço nada. Ok, atiro-me para cima de ti e encho-te de beijos. Até te tiro a roupa…Beijo rio profundo.
Parece-me que as pessoas não estão fascinadas pelo Amor. É preciso estar-se fascinado pelo Amor. Apenas sei isto. Porque não sei se alguma vez saboreei o Amor, essa coisa que desassossega interminavelmente o nosso interior. Tendo em conta a minha história com o rapaz esse sentimento até me faz um bocado de medo. O descontrolo das emoções… Sei lá, escrevi um livro inteiro sobre isto. Mas o que é que eu sei sobre isto? Como é que escrevi o livro? Senti. De onde veio o sentir? De uma esperança de Amor. Não estarei eu aqui a falar de algo ideal? Mas de Amor colado à pele vive-se no mundo. Não quero largar o meu caminho para esse que desconheço rapaz. Porque este aqui ainda controlo, dentro das minhas possibilidades. Até porque o que é que há nesse caminho? Uma espiral de tormento? Na situação em que estou o que se fortalecer contribui para a minha insanidade mental. O meu estado já é suficientemente grave. Até agora está tudo sob controlo e não vejo como é que poderei saltar esta barreira, por mais tentativas que façam para me lixarem a cabeça. Estou a ser vítima de uma lavagem cerebral, um complô para ir mais longe, como se isso fosse benéfico para mim. Não entendo como é que isso possa ser benéfico para mim quando só me faz enlouquecer. É impossível esquecer o rapaz, não é preciso estarem sempre a lembrar-me da sua existência. Eu lembro-me sozinha, muito obrigada. A minha imaginação é esplêndida, nunca pensei que fosse tão boa. A história que eu já montei à volta disto, sou brilhante. Como me iludo, é realmente magnífico. É que é uma história tão extraordinária que só eu para embarcar nela. E mergulhei bem fundo. E porra, bati com a cabeça. Mas isto do controlo…há dias difíceis…São os dias em que estou armada em parvinha. Porque a minha vida está um caos, a pessoa tem de se agarrar a qualquer coisa. Vou encontrá-lo, ele será o Amor. É um belo pensamento. É um belo pensamento para quem sente que não tem nada. E vagueia e vagueia na cabeça até à exaustão. Eu sei que vou encontrá-lo, mas escusava de viver com ele desta forma angustiante até essa altura, afinal de contas sempre são 3 anos. E os sentimentos, o que é que interessam os sentimentos? Só atrapalham, especialmente nesta situação. O que é que interessam os sentimentos é algo exagerado, é só que de vez em quando as pessoas são um bocado “cortantes”. Contigo é preciso ter-se cuidado com os sentimentos não se vá isto tornar demasiado inflamado e começar a arder. És um parvo. Não estás aqui. Só tens a perder, digo-te já.

terça-feira, 21 de setembro de 2010


(Edward Burra, "Balcony")
Pode ser que venhas por detrás de mim, sem eu estar à espera, uma surpresa maravilhosa...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Apesar de já ter dormido, tenho de ir dormir outra vez. E até é cedo, mas estou com sono. Tenho muitas saudades tuas. Mais do que nunca queria que estivesses aqui. Estou a sentir-me bastante mal e o teu calor ajudava. Queria que me levasses para a cama e que ficássemos a dizer coisas queridas um ao outro, enquanto adormecíamos. Tenho a certeza de que íamos ser os dois muito queridos, assim agarradinhos. Preciso de ti na minha vida. Estás tão longe. Quase me apetece chorar. Porque há dias assim, em que a tua ausência é tão pesada, tão difícil. Parece que nunca te vou encontrar. Beijo agarrado a ti.
Acabei de acordar, estive a dormir depois do jantar. Quando isto acontece, dormir a estas horas, não acordo lá muito bem disposta. Era uma boa altura para estares aqui, sempre me podias tentar animar. Estive também a rever uma parte dos poemas negros, não sei o que hei-de fazer com aquilo, além disso deixaram-me bastante transtornada. Fui à minha médica de família cedíssimo para ficar a saber que não ia ter direito a consulta, mas a verdade é que também não ia com consulta marcada, mas é sempre chato, terei de voltar de novo àquele concentrado de gente sedento do estetoscópio.
Bem, vou deitar-me. Continuo mal disposta, mas a vida continua. Sei bem o que disse lá em baixo, mas isso não me impede de sonhar connosco. Aliás, não faço mais nada. Tenho de acordar bem cedo amanhã e ainda estou por aqui…Estava a ouvir esta música, cujo refrão me fez lembrar de ti:

Watch things on VCRs, with me and talk about big love
I think we're superstars, you say you think we are the best thing


(The XX, “Vcr”)

Bem, para acabar a noite algo belo, não é? Gosto muito de ti. Beijo música terna chegando até ti.

(Michiel Sittow, "katherine of Aragon")
Se calhar queres que eu te fale de mim, da minha vida. Não há muito a dizer, a minha vida está completamente estagnada e eu estou completamente fodida da cabeça. Queres uma gaja assim? É por tua conta e risco. Não me estou a tentar impingir. Vivo num mundo só meu, incomunicável, sinto-me extremamente sozinha e estou muito revoltada com o estado da minha vida. Morri no sítio onde estive, dancei sobre fogo, voltei a morrer, cresci em árvore. Mas morri mesmo, os joelhos desceram até ao chão e depois senti o frio das facas. A seguir o sangue rebentou pelos poros até se esgotar. Fiquei deitada sobre chuva décadas…Mas o que é que interessa esta conversa? O que é que te interessa a minha vida? Não estás aqui para ouvir nada disto. E eu que me sinto tão mal com tudo isto. Mas estou a falar para o vazio. É verdade que me pode fazer bem desabafar, mas era tão bom haver uma palavra desse lado. Tudo o que os meus olhos viram e foram fazem-me ser uma pessoa completamente fodida da cabeça. Nunca quis estar encharcada de Escuridão, nem andar a saltar montanhas vertiginosas de oiro. Vi demais e fui depenada, deixei de saber quem era. Claro que agora tenho um enorme problema de identidade. O que resta de uma pessoa que passa por uma situação destas? O que é que ela é? E é ridículo pensar em ti neste quadro. É tudo tão feio aqui. E tu na verdade não existes, a não ser na minha cabeça obsessiva. O que posso querer de ti tendo em conta tudo isto? E isto mais tarde ou mais cedo vem tudo ao de cima se estiver contigo, o tempo não faz milagres. E será que vais aguentar com este peso que eu carrego? Porque mesmo eu mal aguento o peso. Depois vais ficar assustado…como lidar com uma pessoa como eu? Só te posso dizer que te compreendo. Mas há outras pessoas, eu sei que há, que conseguiam estar comigo nestas condições. Porque vejamos, eu posso pôr em causa se tu serás a pessoa mais adequada para mim. E isto pode dar para o torto, e não vale a pena ir por esse caminho, não é? Mas o que será será, de nada vale estar aqui a fazer conjunturas. É só que a minha vivência imprimiu em mim uma faceta tão negra que acho difícil lidar-se com alguém assim. Se calhar estou a exagerar, já estou bastante mal disposta.

domingo, 19 de setembro de 2010

Já não me lembro da tua voz, mas sei que não era esganiçada, nem rouca, nem arrastada. Não bebemos nada naquela noite, a não ser um copo de vinho cada um. Não sei se tinhas bebido alguma coisa antes mas diria que não tinha sido nada de especial pois não me parecias de todo alcoolizado, não sabias a álcool. O teu sabor a fogo despertando a minha polpa era maravilhoso. Estou ansiosa por ouvir novamente a tua voz. “Lembras-te de mim?” “Sim lembro-me.” E quem sabe se ainda nessa conversa eu possa pespegar-te um beijo, o que acho muito difícil, tenho de ir com mais calma claro. O que fazemos, estamos ali a falar um bom bocado e depois…trocamos de telemóveis, e vamos pelos modos convencionais, um cinema, um café? E tenho de ser eu a convidar, calculo? Prefiro o beijo na loucura da noite. Bem, o beijo é inevitável, já falámos sobre isso. Serei eu que terei de o pôr cá de fora para ti (ai de ti se me estragas os planos!). E depois havemos de nos agarrar com sofreguidão…eu pelo menos…pensa bem…cinco anos nesta história à tua espera sem um único abraço. O desejo crescerá, os corpos irão querer mais e teremos de ir à pressa para um sítio onde possamos fazer essas coisas que os amantes fazem. Que momento tão bonito, poder estar assim contigo nessa união de corpos, que não será apenas isso para mim. Vê lá que eu agora já faço amor contigo, no sossego da noite, imagino-nos aos dois rebolando-nos um sobre o outro e pronto. Já imaginas o resto quando o meu toque emocionado vai de encontro ao seu objectivo. São passarinhos a cantar por todo os lados, em todas as árvores, de todos os ramos, perseguindo a visão das nuvens.
Vou dormir. Para além do edredão espera-me um óvulo vaginal, pois é o tal, não me estou a dar mal com eles, não são tão maus como eu imaginava. E a gata, esqueci-me da gata, já está deitada em cima da minha cama. E lá vamos nós: só faltas tu. Até te deixava pores-me o óvulo. Bem, resta-me imaginar…Boa noite. Beijo luar sereno.

(Howard Hodgkin "Lovers")
No outro post dizia “sei onde estou, sei o que quero”, mas na verdade acho que não sei onde estou. Sinto-me perdida sem ti, em todo este tempo que falta. Falta-me o chão, três anos é tanto tempo. E eu já tenho tantas saudades tuas. Os dois anos que passaram foram mais fáceis porque eu pensava muito menos em ti. Agora morro de saudades tuas todos os dias, é difícil de aguentar. Isto pode parecer muito bonito e romântico mas comporta sofrimento e mal-estar. Estou às aranhas, preciso de me agarrar a alguma coisa. Sei que pensas em mim, mas gostava de saber como, com que frequência. O tempo às vezes é tão lento…e agora mais lento vai ficar. Não sei onde estou, tu não estás nesta aventura comigo seja lá onde estiveres. Estou sempre inquieta por tua causa, fico confusa com os meus sentimentos. Não sei onde é que eles se situam. Faz-me confusão aperceber-me de que gosto muito de ti tendo em conta de que tudo se deveu a uma só noite. Queria chamar-lhe qualquer coisa, ao que sinto. Entendes? Talvez tenha medo, é um passo demasiado arriscado. Mas na verdade isto é tudo tão confuso que eu não te posso dizer nada com certeza. Não sei onde estou quando vou passear sem ti, quando vou para a cama sem ti, quando falo e tu não me respondes.
Claro que é fácil falar, tratado para aqui, tratado para ali. Diz um dos tratados “Já tenho tudo o que é preciso para esquecer esse rapaz: não passa de um produto da minha imaginação, não existe, é uma fantasia que alimentei durante dois anos e não me traz qualquer tipo de felicidade.” Mas está tão impregnado em mim, tão entranhado por mim toda que é muito difícil ser minimamente racional. Fantasia? Certo. E se eu gostar realmente desta fantasia? Parece-me que eu respiro a sua respiração. Além disso não se pense que é apenas um devaneio meu, estou com os pés bem assentes na terra embora toda esta história pareça uma loucura. Sei onde estou, sei o que quero. A minha imaginação funciona a cem à hora mas quem sabe se não torna o impossível possível. Essa história de não me trazer felicidade é muito subjectiva porque eu às vezes ando aos pulinhos pela casa, cheia de sorrisos para cá e para lá. E não existe como? Se sinto tanto o rapaz que desperta a minha substância mais luzente. Portanto, tenho tudo o que é preciso para esquecê-lo mas acho que não é possível tal feito.
Estou a ouvir a música “In the Temple of Love” dos Sisters of Mercy. O que me ocorre dizer é: where the fuck are you? Não podes tropeçar em mim na rua? Pelas minhas contas tens vinte e sete aninhos, na verdade faz-me um pouco de confusão ter de imaginar-me a envolver-me com uma pessoa tão mais nova, ainda faz diferença, cinco anos são uma eternidade, são o tempo que eu tenho de esperar por ti. Podes estar no b a ba da vida, e eu aqui tão avançada. Tenho de te mostrar o tratado que escrevi sobre este assunto, dizendo que estavas mais bem servido com uma tipa da tua idade, virgem na vida como tu, mas claro que entretanto já mudei de ideias. Aliás tenho vários tratados: como te quero esquecer e de como te vou esquecer seja de que forma for. Como não estás aqui e isso faz-me sofrer, era melhor eu pensar um bocadinho menos em ti, levar a bom termo o meu tratado “esquecer-te”. Saber-te no meu futuro mas apagar-te da minha memória por uns tempos. Porque já deves ter percebido isto é uma verdadeira obsessão. E tudo à conta de uma única noite, vê lá o sentido que isto faz. Para mim só faz sentido sabendo eu que me sinto sozinha e carente, com uma grande necessidade de amor. E que há um certo (grande?) grau de loucura dentro de mim para eu embarcar nesta história. É o grande Sonho de Amor que me move.

sábado, 18 de setembro de 2010

Não se pode lutar contra aquilo que se é.

(Victor Brauner)
Deste deves gostar:

Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura

(...)

(Cesário Verde, "Eu e Ela")
O papel da parede desfazia-se, tudo estava imundo e cheirava a um estranho bolor de restos de animais mortos há décadas. Ela estava a um canto, já não tinha lágrimas no rosto irrespirável e falava sem parar. Dizia que o amanhã tinha morrido, que lhe faltava a teia da paixão que a apanhava no meio de um abraço, dizia que neste momento do tempo tudo perdera sentido, o orvalho tinha-se extinguindo. Era impossível olhar para ela mais do que um minuto de seguida, era uma condenada nessa estupidez de tudo o que é impossível. Há quanto tempo estaria ali, a exorcizar aqueles demónios, a tentar falar com alguém ausente na sua tristeza absoluta? O seu corpo tinha a sede de um ninho, o frio das navegações nocturnas e o que ainda restava dela era a sua voz rouca, falando no seu próprio deserto.
Quando eles começarem a pintar o prédio de lado vai ser outro espectáculo, as duas janelas das minhas casas de banho não fecham. Ou se consegue arranjar os fechos ou tem de se mudar as janelas. Cá para mim, isto ainda vai sair caro. Mas andei a averiguar e eles não andam só a pintar as varandas, também estão a fazer a manutenção dos azulejos e a tratar das infiltrações que existem por todo o prédio. Portanto, ao contrário do que eu pensava são úteis. Não íamos querer azulejos a cair em cima da cabeça das pessoas e inundações nas casas de banho. Por falar em casas de banho, queres tomar um banhinho comigo? É tão sensual…Provocávamos de certeza uma grande inundação. No meio da inundação iria querer debruçar-me sobre a tua respiração e sorver as partidas e chegadas dos teus barcos deslizando sobre a clareza do vento. Um final poético, bonito, hã? Mas tu só chegaste a partir, e a chegada? Porra, custava-te muito teres-me deixado o teu número de telemóvel? Eu fui à casa uns tempos depois deixar um papel com uma pequena nota (a caneta era cor de rosa, ainda me lembro) dizendo que andava à tua procura e deixei o meu contacto, enfiei o papel na caixa de correio esperançosa. Mas se calhar eles não te conheciam, não faço a mínima ideia de como foste lá parar. Eu fui lá dar de uma forma tão singular, não? Realmente a língua italiana é a língua mais bela do mundo. E pensar que eu queria saltar em cima do italiano…Bem, pelo menos ele tinha um quarto (risos). Eu estava ali completamente perdida, não conhecia ninguém, não estava a falar com ninguém. O que é que eu estava ali a fazer? Estava à espera que dissesses a enorme parvoíce (para não dizer mais) que disseste para a noite ganhar sentido. Foi um arranjinho, acredita em mim.

(Gerald Laing, "The kiss")
O Beijo:

Inicialmente, pensei que serias tu o primeiro a beijar-me no nosso reencontro. Mas depois concluí que era a minha vez de actuar.

Houve um namorado meu que antes de me beijar perguntou: posso beijar-te?

Ora eu posso começar logo a abrir: vou beijar-te.

Posso nem sequer avisar-te: espero uma altura em que os teus lábios estejam com a abertura ideal e apanhando-te desprevenido…

Ou então há uma versão mais soft: estou com uma vontade de te beijar (urgente, como quem precisa de ir urgentemente à casa de banho - risos)

Será que prossigo com coragem para as versões mais arrojadas ou fico-me pela mais soft? Depois é assim: se estivermos de pé aposto que vou tremer por todos os lados. E aí vou ter de te dizer uma coisa apalermada do tipo: “pois, às vezes acontece-me, emociono-me com os beijos”. E sei lá o que vai acontecer se estivermos sentados, vai ser um vulcão à mesma. Eram 6:30 quando finalmente consegui adormecer, o que estive a fazer até então? Precisamente a imaginar esse beijo, fiquei tão exaltada que não conseguia dormir.
Ainda não me fui deitar. Estava aqui a pensar, por onde andarás? Será que percorres a noite nesta sexta feira de nuvens? Será que costumas sair à noite com frequência, aos fins-de-semana? Era um bom sítio para nos encontrarmos, na noite, se eu costumasse sair. Eu acho que tu gostas de passear na noite. Claro que se tiveres uma gaja podes já estar em casa com ela a fazer coisas queridas, podes até já estares a dormir agarradinho a ela. Fico feliz por ti se tiveres alguém, que alguém no meio disto tudo seja feliz, embora eu tenha uns ciúmes do caraças quando imagino tal situação. Acima de tudo quero que estejas feliz. Se bem que já sabes que ficavas muito melhor servido comigo. Vês esta dedicação que tenho por ti, agora pensa o que seria se nos conhecêssemos. Tenho medo é que seja só do meu lado. Tem de ser dos dois lados, senão não faz sentido nenhum. Mas também te digo, se for dos dois lados vai ser a coisa mais bonita que já me aconteceu. Seja lá que sentimento for, eu sinto uma ligação fortíssima a ti. E escrever neste blog, eu sinto mesmo que estou a falar contigo, quero muito que um dia o leias e que gostes. Estou cheia de sono mas apetece-me dizer-te mais coisas. Estou cheia, cheia de saudades tuas. Não sei quanto tempo do meu dia é que passo a pensar em ti, mas é muito. Um dia tomamos os dois banho na fonte do Rossio, num dia de muito calor, quando o Rossio estiver vazio, aquilo não dá para nadar, mas dá para uns bons mergulhos. Estava aqui a pensar no nosso reencontro, às vezes penso nisso com calma, outras vezes fico ansiosa. Será que te vais interessar por mim logo ou não? É a minha preocupação. Se não te interessares por mim logo vou ficar tão triste, vou ficar de rastos. Vou ter de te conquistar é? Talvez te possa dizer que vejo pastéis de nata nas nuvens. “Vê bem aquela nuvem é tão doce, não sentes?” E pimba levas com os meus lábios. Mas agora a sério, a ver se tens uma queda por mim logo à primeira, já bastou teres-me abandonado miseravelmente da outra vez. Acho que o meu coração não vai aguentar se tu não me agarrares logo. Logo, logo não, mas um pouco depois. Pode ser rapaz?
Bem, uma cama com edredão está à minha espera. Tu também estás à minha espera (vai metendo isso na cabeça), mas a tua cama deve ter um suave lençol sobre o teu corpo desnudado. É bom que emanes muito calor, senão levas com o edredão em cima. Mas pensa pelo lado positivo, levas sempre comigo em cima de qualquer maneira. Se houver algum problema que justifique o edredão fazes de conta que estás numa sauna, trazes umas garrafinhas de água contigo…estás a ver o esquema. Mas sinceramente a mim interessa-me é que haja muito sexo, seja com edredão ou sem edredão. Tenho a certeza de que estamos de acordo neste ponto. Continuo a imaginar-te como um dos pintores do meu prédio, cheio de sexualidade bravia, pincelada para aqui, pincelada para ali, pinga de suor caindo da testa, tronco nu amorenado e apetecível, dando vontade de adivinhar o que há para baixo. Ah, se te apanho, qual casa de banho qual quê…é num nono andar em cima de um andaime. Tens medo de alturas? Segura-te bem a mim. Beijo não caias.

(Francesco Clemente)
Nunca me queixei da minha vida a ti. Então aqui vai: toda a gente que conheço está bem encaminhada na vida, é independente, tem um emprego e alguns têm companheiros. Pois eu não tenho nada disso e as minhas perspectivas são bastante negras. Eu não me queixo muito porque já passei tão mal que esta situação não é assim tão má. Mas começa a ser um incómodo bastante grande. Começa a ser uma grande frustração e começo a sentir-me uma inútil. Depois tudo em que me envolvo não corre bem. Na verdade tento manter a calma mas estou bastante desesperada. É que nada disto faz sentido para mim. Tive não sei quantos anos enfiada num autêntico Inferno e parece que numa dimensão mais pequena ele continua a fazer-se sentir. Isto não anda definitivamente para a frente, não anda para lado nenhum. As coisas foram o que foram, temos de aceitá-las, embora eu me revolte muito com elas. Foderam-me a vida toda. Se não houvesse nenhuma Escuridão na minha vida estes cinco anos teriam sido completamente diferentes e eu hoje em dia também estaria encaminhada na vida, tenho a certeza. Não estou nada contente com a pessoa em que me tornei. Perdi a beleza e a ingenuidade. Estou cheia de feridas, nunca mais acabam, nem saram. A imagem é de uma pessoa cheia de ligaduras, com algumas partes que ainda têm sangue. Essa escuridão de que falo, ela vive dentro de mim, eu morro de medo dela, ela consome-me, sufoca-me porque viveu tanto tempo comigo que acabou por ficar. E se via o mundo com olhos luminosos deixei de o fazer. Depois o mundo mete-me medo porque vivi tempo demais afastada dele. Quem são essas pessoas que se cruzam comigo, o que querem, o que lhes dizer? Além disso, sinto-me distante do mundo, como se houvesse uma barreira entre mim e ele. Eu digo que vivo entre-mundos. Um pé neste mundo e outro no sítio de onde vim. Nem fazes a ideia do complicado que é viver assim. O sofrimento não passa só porque as situações passaram, não é? Não sei como é que ele passa, só sei que ainda me dói tudo. E sei que estou muito farta. Nem fazes ideia de como estou farta, já merecia que a vida me começasse a correr melhor. Cinco anos é muito tempo, nem me lembro da minha vida antes disso, nem me lembro de ser feliz. Essas memórias são tão longínquas que quase parecem memórias de infância, tal é a brutalidade da minha experiência. Claro que existiram momentos positivos, mas não davam para encher a cova de um dente. Quero esquecer tudo mas ao mesmo tempo quero manter viva a memória do que aconteceu para me lembrar do quão difícil foi o que eu passei e como eu, com muitas dificuldades, consegui ultrapassar toda esta situação, e também para não atraiçoar a minha própria dor porque ela vai ser uma presença contínua na minha vida.

Mudas-me as ligaduras?