sábado, 29 de outubro de 2016


Jovem vida
 
Menina de rabo-de-cavalo mal feito, onde vais aos tropeções na paisagem? Deixa-me chegar um pouco até ao ritmo das tuas passadas e mostro-te um caminho de abertura total onde os pinguins se alimentam e brincam com baldes e pás. Há garoupa e corvina para imitares: o vai e vem das suas escamas vive apenas para ser tulipas. As tulipas que te ofereço são amigas do rir, elas são feitas de um pólen que viaja ao som de gargalhadas. Baralhaste na jovem vida, não te preocupes pois tenho todos os mapas que apanhei das silvas de amoras docinhas e vou descortinando a estrada sempre à frente. se fores por uma estrada esburacada sabe que há sempre outra feita de seda que esconde maravilhas só para ti. Espera-te um mundo de delícias, vais pensar que chegaste a um paraíso pensado unicamente na tua existência. Para mim a tua existência é um milagre, é como respirar o ar puro feito de uma brisa dourada.

Respiramos vida
 
Vá, vá meu peixinho diz mais uma palavra que sublinhe quem somos juntos. Repondes-me: templo. Acrescentas: vivo no teu templo sagrado e ligo-me às aves mais profundas que tens no teu interior quando entro todo no teu templo. Rio-me, depois penso que é uma ideia com o potencial das pilhas de tamanho familar, penso igualmente que sou muito para ti e sinto um gesto de ternura incansável vindo da tua parte. Quero encontrar uma palavra para ti e vem-me à cabeça ninho. Explico-te a sua proveniência: no ninho unimo-nos frente à sua fogueira de traços animados de toda a vida que existe na natureza das ervas que apanhamos para fazer um ninho fecundo, ervas escolhidas a dedo para tudo ser perfeito como Nós Dois juntos. Queres fazer-me rir e escolhes outra palavra para Nós Dois: tropelias. Sim meu caracol de mar pauzinhos piscatórios, somos reis e rainhas das tropelias que constantemente inventamos para nos sentirmos rindo como um cão se ri das pulgas que andam de baloiço no pelo dele. Construímos baloiços que andam quilómetros no ar para tudo ser mais numeroso: tudo ser mais e mais e Nós ganhamos as paisagens verdejantes que moram na simpatia do O2.

Os Nossos dias são…
 
Os dias que surgem pertencem a uma estação própria, esta liberta as borboletas de raios dançantes que são dádiva dos céus de trituração da matéria que constrói tudo e que nos oferece revelações. Os dias são todos Nossos e dão origem a serpentinas de falatório que cresce como as ervas matreiras na terra diamante. Agora é outono e Nós abanamos as folhas ferventes de aventura que desenham formas geométricas em júbilo, querem saltar à corda com o vento e Nós damos-lhes gás. No teu rabo existe um motor de gasolina vivaça que conta muitos quilómetros, é livre como os movimentos das vértebras dos sons parecidos com a dinâmica da plasticina e desarranja os horizontes. Quando olho para o céu contigo ao lado vejo constelações novas, constelações sem nome que passam a usar gestos de singularidade Nossa, são uma felicidade de contornos felinos: as suas garras agarram-se aos redemoinhos do vento e ultrapassam qualquer arma de calibre  de uma torneira em constante abertura. Os dias são Nossos e neles ganhamos terreno à respiração que contém as picaretas que permitem novas viagens a qualquer lugar habitável de riqueza múltipla: dá-nos olhos enormes para ver a criação e assim giramos à volta de rios de peixes grávidos que fazem tudo à volta ter vida.

P.s.: os peixes tiveram filhos cheios de escamas rebeldes que são uma tripla viagem: às algas que Deus criou em forma de flores temperadas com a luz de dias férteis, ao oceano de grandeza por descobrir e salvam donzelas respeitáveis que se estão a afundar num mar mais do que profundo.
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Ser copy e os anúncios
 
Estava refastelada na minha cadeira quase a adormecer e comecei a brincar aos anúncios para espevitar: “o jaguar é um acelerador de viagens. Viaje nas suas aventuras”. Saiu-me de repente, adoro jaguares e queria fazer-lhe uma homenagem. Olho atentamente para o anúncio: acelerador é uma ótima escolha para descrever este carro fantástico. Vou tentar outra vez, o que escolher? Lâmpadas Philips, a lâmpada do meu pequeno candeeiro de secretária: “faz a luz percorrer o caminho das suas necessidades”. Saiu-me assim e rio-me: necessidades faz lembrar urina e fezes. Talvez “faz a luz percorrer tudo o que é para mostrar”. Assim está melhor. Claro que não é o anúncio final, o que é que pensam: ser copy dá muito trabalho mas é um desafio enorme que se torna na aventura que desejo. Queria escrever o anúncio de um sumo, não sei bem porquê, é coisa minha mas não tem segredos. Imaginemos um sumo de ananás: “aproveite a fruta rica que cresce para si”. Não sei se é a versão final claro mas eu gostava que me dessem este anúncio num mupi: fruta rica parece fruta muito boa, fruta que jorra o sabor do ananás.

Parabéns: 28 de Outubro de 2016
 
Acordo-te com o cheiro de croissant, levantaste num repente e vês a tarde solarenga, sim é o teu dia e queres cada minuto seu para comemorar a vinda de um grande ano. Riste: “tem piada ser o número 39, é um sinal”. Continuas a levantar-te e quase cais por escorregares na madeira do chão cheia de contra indicações. Eis que também te espera uma bola de berlim acabada de sair do forno, comes num golpe e vais experimentar o dia. Ele cumprimenta-te com as suas flores de inverno, tu riste novamente e sem estares à espera vês um jaguar preto, um desses motores que querias ter para desfilares nas noites bem aparecidas. A meio caminho de não sabes onde aparece um camaleão vestido de vermelho pois está pousado num anúncio ao sumo de tomate. Olhando bem para o anúncio dizes: “eu faria melhor” e inventas mil slogans de palavras robustas que soam quase a obras-primas. Queres tomar um dos teus cafés do dia e escolhes um lugar vivaço, diria que crescente em tamanho de ontem para hoje: mais um ano e desejas escolher sempre lugares vivaços para a tua vida futura. Desenhas um pássaro numa folha amachucada e ela voa rua cima e não para, é como tu: fazes paragens de recobro mas continuas sempre feita caracol-rápido andando na direção certa. Sabes qual é a direção certa e sabes que nem sempre é um caminho fácil mas desde miúda fazes curvas e quando queres és perita nisso: avança pequena menina pois há paraíso à tua espera. Quando eras criança brincavas aos paraísos com bonecos cosidos a ouro, rias-te e dizias bem alto: “há um mundo melhor para quem tem um mundo belo, eu chegarei a esse mundo com o rebuliço que tenho no meu interior sempre a funcionar a mil à hora”. Canto este dia especial com palavras livres e transformo-me numa obra-prima andante. Viva este dia de outono que faz as folhas voarem numa dança recheada de brincadeiras sortidas que alegram toda eu: viva o 28 de Outubro!

Rabo-de-cavalo
 
Quero o teu rabo-de-cavalo para sentir a sua maciez no meu corpo eriçado pela turbulência da vida, quero tê-lo nas minhas mãos para sonhar com as juras de Amor que ele contém, ele é mágico: faz viagens por mundos selvagens onde se observam papagaios a rosnar os seus nomes de asas compridas, são aves que se apoderam dos amanheceres e enriquecem a pele de todos os horizontes.