sexta-feira, 11 de março de 2011



(Ernst Ludwig Kirchner, "Paar")
Tenho uma tenda no começo da Primavera e sinto-me como uma fera às cambalhotas pelo seu altar. No meu pescoço crescem formigas que temperam o meu corpo em efusão. Levo numa trela um lápis de colorir para poder renascer com os arco-íris.
Rapaz, consegues encontrar o meu nome quando abro a janela? Ouves o tilintar do seu rosto quando te lanço a minha respiração? Chamo-te, chamo-te tanto, dá-me uma palavra de volta, dá-me um sopro do teu vento. Ah, isto de te querer desfaz-me a pele. Se tu ao menos me percebesses, se te pusesses no meu lugar. Estou num quarto quente, aquecido por um aquecedor, com roupa quente e ainda assim tenho frio, pois sinto tanto a tua falta. Sinto falta de um amor que podias sentir. Esse amor que se podia traduzir no teu braço enrolado em mim. Despe-te, despe a tua roupa toda, esquece o mundo e caminha até mim. Poderíamos aquecermo-nos um no outro…