quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A minha amiga Ana fez anos e houve uma festa porreira em casa dela no fim-de-semana. Ofereci-lhe este poema:

O teu cabelo regressa
De uma viagem ao vento
E toca os teus lábios para lhes revelar
A imagem aberta do céu
No teu íntimo desejas existir
Com a paixão de uma estrela
Conquistando a sua luz
É necessária a tua presença
Para cantares os versos
Aqueles onde dormes ao relento
Onde respiras o fruto mais puro
O teu gesto invisível, encostado ao silêncio
Acorda para ir tocar os dedos
De quem te ouve
Estremece o ar
E frente ao teu olhar abrem-se
Ruas com coração de fogo

Contra a minha vontade ela disse o poema à frente de toda a gente, ainda eram umas quantas pessoas. Eu estava tão envergonhada que fugi para a cozinha. Bateram palmas e tudo. A seguir a Ana disse o poema uma segunda vez. Ter protagonismo é um bocado estranho. Gosto muito do poema, acho que é perfeito para ela e está bem escrito. Se calhar o teu braço sobre o meu ombro também é perfeito. E para não dizeres que não tens direito a nada aqui vai um poema também para ti:

Há um cesto de canções
Desperto pela procura
Da brisa do amor
Queria dizer-te que te guardo
Nas gotas do mar que apanho
Para envolver o meu peito
Os gestos que nascem em mim
Amanhecem só para te tocarem
As estações despem-se
Acariciando a única razão
Que és tu

Claro que está super romântico, como podes ver. Mas não comeces com ideias, é simplesmente um poema. E os poemas exageram. Mas às tantas já não sei: tudo o que sinto por ti é também um exagero. Entendes? E faz-me sorrir durante o dia, sorrir muito. E às vezes até me rio, um riso aberto. Achas que te amo? Gostava de saber a tua opinião? Porque eu penso nisto algumas vezes. Vamos ficar juntos, entendes? É normal que nos amemos. A questão é quando é que nos vamos amar? Em relação a ti só posso contar com isso quando nos reencontrarmos. Agora eu aqui feita parva à espera…Estão a fazer-me uma lavagem à cabeça. Pode-se dizer que eu sinto uma amizade por ti. Unicamente? É uma bonita amizade então. De grande proximidade. Eu espero que venhas e que arrebates o meu coração. Mas neste momento o meu coração não te pertence. Claro que é fodido escrever poemas para ti, há um certo descontrolo, desorganização dos sentires. Tudo se baralha. Não tenho uma pessoa há tanto tempo…Apesar de seres um ser ausente, acabo por me centrar em ti. E depois espera-me tanto tempo, tanto tempo para aprofundarmos a nossa amizade (risos). Beijo licor.