domingo, 13 de março de 2011

Há qualquer coisa que escapa ao meu olhar hipnotizado por esta floresta de sons rabiscados pelo sistema solar. Vejo e revejo e não compreendo. Vou passear então para o rio que fala abertamente e encontro peixes com dentes inchados comendo moscardos até rebentarem as escamas. Sei agora que o dia se abriu a meu favor.
Ontem à tarde foi a Manifestação da Geração à rasca, eu não fui, não tinha companhia (estavas lá?), mas faço parte dela, infelizmente. Se estiveres interessado na minha vida está tudo na mesma, não tenho emprego e sinto-me muito frustrada por causa disso. Vivo muito mal monetariamente, tinhas de ser tu a pagar as contas todas. Fumo, continuo a fumar e fumo muito. Vamos fumar um cigarrinho juntos? A minha gata preta continua a fazer-me companhia enquanto te escrevo estas coisinhas lindas. Está a chover e eu não vou sair a lado nenhum. Sinto-me sozinha. E a tua vida como vai? Espero que tudo te corra pelo melhor! Ando a cozinhar umas coisas novas, não ficaram nada más, foram umas receitas que tirei da net. Fiz uma grande entrevista à minha avó que agora ando a transcrever. Que vida tão rica que ela teve, havias de ler. Pena que eu não saia a ela, pena que eu não saia a ninguém da família. Não passo de uma desgraçada, uma miserável. A minha vida não faz qualquer sentido, pareço um barco à deriva. Deixa-me queixar-me, deixa-me dizer-te que a minha vida é um inferno. Já foi pior, bem pior mas ainda assim não se consegue viver desta maneira. Vamos fumar um cigarrinho juntos? Vamos ficar juntos? Ai rapaz, nem fazes ideia do quão problemática sou. Às vezes penso que sou maluca. Não sei o que te dizer, só quero que gostes de mim como eu sou. E não como me viste naquela noite, que é apenas uma parte de mim, quero que me conheças na totalidade e que gostes de mim dessa maneira. Estou meia com sono mas não me apetece ir deitar, apetece-me ficar aqui a falar contigo mas não sei o que te dizer, não estou nada bem disposta e tu não me respondes. Estou a ouvir Nirvana, sempre dá para acordar um bocado. Estou à espera de uma carta, adoro receber cartas! Tenho o aquecedor aceso e a cama toda desfeita. O quarto está todo desarrumado, para variar. Estou a fazer conversa da treta, como podes ver. Hum, deixa pensar. Estive a falar há bocado com a Ana sobre ti e ela veio com a conversa do costume, claro que eles nunca vão acreditar, se eu estivesse no lugar deles também não acreditava. Disse-lhe que o que me andava a apoquentar era o facto de eu andar a pensar tanto em ti e achar que tu não estavas nem aí. Enfim, a conversa de sempre. Ando a aprender inglês, acho que ainda não te tinha dito isto. Tive 75% no teste que fiz, nada mau hã? Ok, podia ter-me esforçado mais. Tell me i’m your everything. Era bonito rapaz dizeres-me isto assim do nada numa noite frouxa como esta. A noite não é frouxa, eu é que sou. Chiumf, chiumf. Espero que te estejas a divertir, a curtir a noite. Talvez apanhes uma piela e comeces a cantar na rua, era divertido! Ai de ti se estás na cama! Ao menos que estejas acordado a pensar em mim ininterruptamente. O que te dizer mais? Às vezes penso como seria amar-te. Não faço ideia mas, pelo que já acontece actualmente, calculo que seja de levantar voo e furar as nuvens. E tu, quando pensas em amar-me? É bastante tarde, a gata dorme, toda a gente cá em casa dorme. Já te disse que tenho outra gata? Dorme com a minha mãe. Quero-te gajo, quero-te tanto!!! Vem para os meus braços, é a melhor coisa que podes fazer. Sou maluquinha mas posso fazer-te feliz. Bem, está na minha hora, estou mesmo a cair de sono. Beijo esperança.
Há qualquer coisa que brilha na íris daquele palácio de fantasia: parece ser o animal que quer escapar. Tanto brilha que alimenta a paisagem mesmo em frente cheia de damas sorridentes. Estas mulheres caminham agora com passos de serpente e afastam o luar.