segunda-feira, 15 de agosto de 2016


Queria que um sonho me despertasse levantando-me pelo noturno da cidade rumo a um molho de árvores azúis, mas os sonhos acabam de manhã e a confusa aventura da vida prossegue na respiração do ser. Perco-me na cidade em ruínas, na cidade onde dormem os restos de folhas e danço com o pó dos dias. Conheço o grito das palavras e procuro um rio que passe por dentro dos meus pés, um rio que se confunda com a cor das mãos e o tamanho dos poros. Talvez a água possa absorver os braços corpulentos de manejar comboios e talvez possa ver árvores azúis.

Vivo numa casa tua e as suas janelas visitam pirilampos que fazem festas embriagantes. Olho bem dentro dos teus olhos e vejo profundidade, vejo camadas de riqueza infindas. Liberto os meus balões para me veres melhor, os balões voam até ti e rodeiam-te. Ganho mais vida quando estou contigo porque és a ardência que existe no calor. Ergo-me alto rumo à substância inicial, desejo oferecer-ta e coroar-te com ela.

Dormi contigo e durante a noite sonhei num ritmo diferente: balouçava com as cigarras. Tudo era luz e tive de abrir os olhos com força para senti-la encadear-me, sempre fantasiei com o teu raiar. Agarrei-me a ti para sentir a tua pele incendiada pela lua. Sonhei tanto que viajei pelos teus mil planetas, tens tanta vida e eu quis sê-la. Fiquei feliz com as tuas mãos acasalando com as minhas, enredaram-se tanto que eramos um só.

És a minha tulipa e eu guardo-te ao pé das libélulas, guardo-te sempre próximo de mim. As tuas pétalas abrem-se com a minha voz e cantam-me a magia que és. Misturei as tuas raízes com as minhas, elas crescem juntas rumo ao vento do Sul. Jurei-te o meu Amor e dedico a minha vida a ti, faço mel para sentires o meu doce nas tuas veias. Sei o teu interior de cor e ele invade-me de júbilo.

És o meu par e espero sempre a tua mão para mais uma dança, agarras-me com a ternura dos teus átomos mais profundos. Vamos ser a dança do Amor pois o nosso romance é a magia dos voos que floram beleza. Preciso das tuas ventosas fazendo ninho na minha pele, quando vão ao meu íntimo sinto um caleidoscópio cheio de vida. Sonhei-te e vieste guardar o teu tesouro no meu coração, ele respira apenas o teu quente.

Lume de vela
 
Amor, vivo do teu sangue e desenho a sua arquitetura apaixonada. No meu peito vive um sistema solar novo pois tu acasalaste os nossos planetas. Bordei todas as minhas estrelas no teu céu e todas as noites acendo uma paisagem só para ti. A minha respiração viaja mais longe ao teu lado e tem o brilho do interior do teu coração. Recheio-te de vida surpreendente e tu sentes o mundo a ganhar a cor das fogueiras. Sou teu pois deste-me um novo rumo, tudo o que nos espera em frente é a nossa aventura.

Peixe rico em reservas
 
Amor, és peixe de rio comprido e fazes corridas que terminam sempre no meu coração. És veloz e chegaste com pressa até mim, quiseste conhecer-me a meio de um mergulho meu. Sinto as tuas escamas por toda a pele, elas aproximam-me do céu e trazem-me o milagre das sementes que germinam mais planetas. Quando te vi soube que fazias parte das minhas raízes, nelas fizeste crescer mais oxigénio.

A alegria que é manta no meu interior transborda e enche-te de borboletas em tropelia, vem como torneira banhar a tua sede de contentamento. Facilmente atravessa a pele para se rir bem alto no cimo das tuas montanhas de química dançarina. Junta-se aos teus rios e adoça todo e qualquer ritmo de vida. Espalha-se em ziguezague pelas chaminés para se tornar a tua atmosfera.