quinta-feira, 15 de dezembro de 2016



O hipopótamo e a alergia

Era uma vez um hipopótamo que vivia muito mal pois estava sempre cheio de alergias, vários médicos especialistas observaram-no e cheios de certezas recomendavam-lhe certa medicação, mas nada. Tinha borbulhas eruptivas grandíssimas de cores escuras e feias que lhe davam muita comichão. Um dia farto pediu para falar com a rainha das alergias: por favor queria um pouco de paz, o que tenho a fazer para esta alergia se ir embora? A rainha disse que era fácil: tinha de matar todos os mosquitos que passavam junto dele pois eram seus inimigos. O hipopótamo passou a fazer isso e a alergia melhorou, a meio da matança veio um mosquito falar com ele e perguntar-lhe porque andava a matar mosquitos que nada de mal faziam. O hipopótamo cheio de culpa explicou tudo ao mosquito. Então arranjaram um plano: o mosquito ia falar com uns amigos dele os mosquitos Anophelinae que limpam a pele de todos os males através de uma magia milagreira que recua milhões de anos, limpa desde pontos negros a verrugas, facilmente se vê livre da alergia. Quando a artilharia mosquiteira atacou a alergia do hipopótamo a começou a desaparecer. Apareceu novamente a rainha das alergias fula da vida: tramaste-me, agora não temos casa e estamos no inverno, é demasiado frio para nós, todos aqueles que são a tua alergia vão adoecer e morrer e nem lembrados seremos. O hipopótamo teve muita pena da alergia comprou um avião particular para levar a alergia para um sítio mais quente, neste momento está na praia Ngapali na Birmânia e estão à espera de novos elementos para a sua colónia pois há gravidezes no seio alergia.

Sei que me salvas todos os dias, uns dias mais do que outros. Agradeço-te sorrindo.


Momento de (des)obstruir as casas de ardência: histórias de um submarino

As montanhas uniram-se e vieram todas morar para dentro de mim e como é óbvio levaram as suas tempestades mais fulgurosas para operarem no meu interior, passei a ouvir apenas trovões que imitam a rocha a desfazer-se, a desfazer-se até ficar completamente nua e o meu sentir passou a ser apenas um comboio sem rédeas faiscando tudo o que via, eram os raios a fazer das suas. Chovia muito mas não era água, era uma estranha eletricidade muito provocadora pois sabia o que fazer e onde fazer e fazia de propósito para ter existência e reconhecimento. Ai credo, há demasiados movimentos trespassando-me, ora sorrio ora rio ora gargalho, é um balanço permanente que rasga cada pedaço da minha pele e a põe em chamas os meus poros, tal é a aventura que pareço estar num bungee jumping daqueles que têm muitos quilómetros de corda e demasiados parafusos, é um voo que quer preencher o coração dando-lhe mais vida íntima e fá-lo viajar numa montanha-russa de caminhos sem fim à vista mas cuja meta é o Amor.

Pergunta da autora do Escrito: expliquei-me bem?

Resposta da Felícia, uma leitora atenta: muito bem. Não te esqueças que precisas de desobstruir as narinas cheias de ranho multicolorido que apenas tem uma constipação fajuta que brinca com os pulmões ingénuos, pulmões que só: "girls just want to have fun". Estou aqui a congeminar: que tal some fun Felícia?!

Resposta da Felícia, a leitora que passou a personagem: tenho uma música para ti que diz tudo "no ordinary love", também podes dizer que é um sentimento estranho, seja como for é Amor Verdadeiro!


Ninho de penas

Comecei por brincar com algas, era a rainha roda-viva das algas pois estas envolviam-me tanto o corpo que ele mal se via e passei a ser herbívora pois as algas são saborosas e têm muitas vitaminas preciosas, depois mergulhei fundo e passei a gostar de corais, decorava a minha vida com as cores deles, por fim vieram os peixinhos que me mordicavam a pele para se meterem comigo, neste momento posso dizer que vivo quase só dentro de água e que me começaram a crescer escamas, com olhos cada vez mais de pechum aquilo que mais gosto de observar nas águas em turbilhão é o krill, mergulho a minha boca na água e como dez toneladas de krill de uma só vez, no entanto tenho pena de já não poder dormir no meu ninho cheio de penas.
Algas pardas alimento meu cheio de proteínas, cheio de tudo: é o meu novo multivitamínico que o Durval arranjou para me pôr saudável.



Obrigada

Toca-me por dentro, vai pela minha epiderme e depois escorrega pela minha derme e espalha-te como se fosses luz às riscas azúis e verdes abrindo-se para tornar o verão delicioso, sê o meu verão e faz crescer algas pardas nas minhas veias, dos pés à cabeça sou tua mas agora tens-me mais porque o meu húmus cresce no interior do teu, as Nossas vidas estão demasiado entrelaçadas: tudo no ar é vida respirada por Nós e tem as Nossas cores unindo-se. Sei que cuidas de mim, tratas de mim, proteges-me e pões-me saudável, só tenho uma palavra para ti: obrigada; lamento não usar mais vezes esta palavra contigo.