quinta-feira, 12 de abril de 2018


Cantei-te toda a noite
 
Vens de um sono encoberto que o corpo pediu, já passou a hora do chá das quatro quando estremunhes, sabes que eu guardei uma xícara quente para ti e tu és o açúcar, despertas desejosa de sol e eu convido-te para lanchares dentro da minha luz. Recebo convivas à noite mas estou sempre a observar os teus movimentos, conheço a pulsação do teu corpo e cada batida de coração é sentida por mim. Quando estamos a sós sorrio toda a tua face, ela faz-me feliz porque é minha. Espero por ti hoje como espero todos os dias: sei as horas do teu levantar e o abrir dos teus olhos é uma flor de açúcar que me chama.

Como é ela?
 
Ela é o meu núcleo pois é o estremecer das minhas veias, sei ser mel para adocicar a sua fome e coração jubilante para lhe trazer alegria, é a vida que me traz vida pois os dias são Nossos, escrevemos juntos e cantamos no papel o rebuliço dos Nossos dias, é as notas de todas as canções porque é o alento da ternura, o dicionário foi construído com o avançar do Nosso caminho e está sempre a juntar novas palavras, temos as raízes mais fortes da Natureza e a água trepa por Nós, o teu Amor Verdadeiro junta-se ao meu e acasalamos para a Eternidade.  

Como é ele?
 
Ele é uma verdade que enriquece o teu núcleo com mais açúcar, é açúcar mascavado saído da cana para o teu mundo ser ainda mais, ele é vida que traz vida e faz-te querer cantar o que escreves, é uma luz que sabe as notas todas e ilumina-as sem precisar de partitura, é liberdade pois esperas pela minha viagem porque conversamos na mesma língua de magia, está espalhado por toda a Natureza e Nós gostamos de participar como trepadeiras nela, o Amor Verdadeiro somos Nós Dois a fazer saltos Eternos.

O açúcar da formiga
 
Encontro o teu açúcar dentro de mim e alimento-me da sua seiva, és especial pois a tua doçura é vida que me faz brilhar, és formiga fora do carreiro e eu junto-me a ti, o Nosso caminho é feito no meio das ervas daninhas e Nós conhecemos os seus mapas, construímos o Nosso formigueiro no meio de uma paisagem verde com o azul do céu bem aberto sobre Nós, depois fomos apanhar os frutos já aquecidos pela primavera e maravilhamo-nos com o Nosso manjar.

Janela principal

Ela quer vida e faz-se peixe em aquário: na sua volta atrás de volta não encontra janelas pois o caminho no aquário não é matemática pura. Ela sente-se sufocar pois o ar que respira mistura muito pó e ela não vê o fresco que vem de mil frinchas e frestas. Estou à tua frente, abri-te a janela principal, segue a luz e sai da tua própria captura.

Demasiado luzente

Existe um zumbido alto que é o acasalar de duas palavras seguido de um abraço eterno. Limpas o pó e eu lavo a loiça? Eu e a vassoura não jogamos na mesma equipa mas por debaixo do dormir aleijado está uma luz demasiado luzente: chama-se uma fogueira de faíscas tremeluzentes que quer voar num céu onde o azul toque a pele.   

Toque


O teu toque seria mais suave do qualquer seda e mais vulcânico do que uma erupção braseira, espero há muito as tuas mãos que já sabem os caminhos da pele e como os percorrer, a epiderme açucarada aguarda o teu contato de viva emoção, serás quem segura os remos do meu barco enquanto conversamos nos dias de todas as estações.




Minhocas cavadeiras

 

A luz que habita dentro de Nós surgiu num rompante e acasalou os Nossos mundos, construímos ninho juntos e fomos passear pela aragem doce, conhecemos novos frutos e bicámos minhocas cavadeiras, tornamo-nos como elas e procuramos com as Nossas pás novas histórias para contar, descobrimos que a luz tem histórias mil e estamos a guardá-las para mais tarde, aprendemos palavras desconhecidas e agora já conhecemos júbilo de cor e usamo-lo em várias páginas.

Primavera

Era primavera e as árvores estavam ricas de seiva, era a Nossa primavera e tudo estava fértil dentro de Nós, as raízes tinham-se juntado pois procuravam mais vida, tu e eu temos um mundo rico de vida e quando ele viaja acrescentamos mais animais à floresta mágica. Tu és um jacaré e eu sou um rinoceronte e bebemos da mesma água, trocamos palavras diamante e passamos tardes só a conversar. A nossa primavera é feita de letras luminosas que o sol quente doira caçando os seus sentidos, nós somos ainda mais quentes do que ele, somos vivacidade plena de risos.