quinta-feira, 15 de dezembro de 2016



Salvas-me, nem sequer posso dizer que estou à beira do abismo, caso contrário não me ria assim, um rir que parece estar a festejar a vida. Salvas-me até quando estou a dormir mas deixas-me andar de costas tortas, daqui a vinte anos vai-me saber a fel. Salvas-me como se eu fosse um pequeno mosquito cego indo na direcção da teia de aranha. Pões ao meu redor colunas de som gigantes cuja música me toca a alma pois põe-me zen ou vibrando todas as notas musicais. Andas constantemente à minha volta a tentar resolver as coisas do meu mundo, dizes que são muitas coisas e eu assusto-me. É verdade que sou assustadiça, quando estou em casa sozinha qualquer baralho me alarma e me põe de pé atrás. Por vezes tenho de dormir com o candeeiro aceso pois nem todas as energias que passam por mim são boas e vê-se melhor na claridade do que na escuridão, isso é óbvio mas ver os dois mundos ao milímetro como já me aconteceu é uma experiência divina e uma experiência aterradora. Salvas-me do terrível, mal que também tenho no meu interior, metes-te dentro de mim e lavas-me como faz uma boa lavadeira aos lençóis. Não tocas no meu coração, deixa-lo a bater carinhosamente junto do teu.

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