domingo, 30 de outubro de 2016


Os ratos e o vinho
 
O rato Esqueleto foi visitar a sua amiga ratita Champanhe e levou duas garrafas de vinho tinto (atenção: as garrafas eram de humanos e portanto tinham excesso de álcool para ratos). O Esqueleto andava em baixo pois tinha mudado de casa e não estava satisfeito com a mudança, mal a Champanhe entrou queixou-se: “esta casa parecia espaçosa mas é mais pequena do que a outra e tive de comprar sofás novos mais pequenos. Não gosto deles mas eram baratos.” Sentaram-se os dois no sofá a beber o vinho. A Champanhe entornou um pouco de vinho no sofá e desfez-se em desculpas. Olhou melhor e disse: “Esqueleto e se fizéssemos mais umas manchas de vinho no sofá, ficava mais animado, ia ficar parecido com os buracos da lua” O Esqueleto estava por tudo e concordou. No entanto exageraram e o sofá ficou totalmente manchado. Riram-se os dois já bastante alcoolizados. Passada uma hora estavam bêbados que nem um cacho, a Esqueleto disse “estas paredes precisam de animação, que tal mais um pouco de vinho?”. Em cinco minutos as paredes estavam todas bordô pois eram apenas vinho. A Esqueleto disse: “ainda temos mais vinho, vamos pintar a casa toda e assim já vais gostar mais dela.” O Esqueleto disse que sim e divertiram-se a encharcar a casa de vinho, pintaram todas as divisões. O Esqueleto apercebeu-se que a casa cheirava muito a vinho: “só o cheiro dá para um rato se embebedar”. A Champanhe lembrou-se que o Esqueleto tinha algumas guaches de quando andava armado em pintor, foi buscá-las e pintaram as paredes com desenhos de ratas nuas em posse provocadora, também pintaram queijos variados, especialmente queijos gourmet. De repente repararam que tinham vinho pelo joelho, a casa agora parecia uma pequena piscina, então tomaram um banho de imersão longo. O Esqueleto disse: “li na Revista ’Queijo Fresco’ que o vinho tinto faz bem à pele, é revigorante para a epiderme, a minha pele de rato velho está mesmo a precisar disso”. Champanhe riu-se e disse que tinha uma surpresa para ele, então foi buscar chocolate de queijo Beaufort e comeram-no em três tempos. O Esqueleto também tinha algo para a Champanhe: doce de queijo Sainte-Maure de Touraine, era um dos favoritos do Esqueleto, ele dê uma dentada que deu cabo do doce de queijo. Estavam nas suas sete quintas: bem bebidos, bem comidos e com uma casa feita da arte dos dois. Entretanto chegaram os bombeiros, o vizinho do Esqueleto tinha chamado os bombeiros pois a sua casa estava inundada de vinho. Quando os bombeiros se aperceberam o que se tinha passado riram-se muito e também beberam uns copos de vinho com o Esqueleto e a Champanhe. Quando o Esqueleto lhes mostrou a casa eles tiraram muitas fotografias para postar no facebook. No dia seguinte os posts da casa do Esqueleto tinham sido vistos por uma multidão de ratos e estavam cheios de likes. Nesse mesmo dia apareceram muitos ratos à porta da casa do Esqueleto para verem com os próprios olhos a casa pintada de vinho, estavam particularmente interessados nas pinturas das ratas nuas: estavam tão bem pintadas que pareciam reais. No dia seguinte aconteceu algo estranho: os queijos gourmet tinham desaparecido das paredes, Esqueleto percebeu logo o que se tinha passado, as ratas precisaram de comer. Fim.

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