domingo, 20 de julho de 2008

A morte foi ao dia e disse “é dia de morte.” E lá foi. Carro funerário pronto. Perguntei ao rapaz se pintava os mortos e ele disse que sim, até gostava, dava-lhes vida. Vi uma pessoa morta no outro dia, nem chegou a um minuto, achei-a gorda, mais gorda e amarela. Depois fui olhar para os cavalos e soube mais tarde que ela fazia o mesmo, até fazia corridas com eles e ganhava muitas vezes. Apanhei umas pedras coloridas no cemitério, estavam a dar-me azar, passados uns dias deitei-as fora pela janela do meu 1º andar, atirei-as com toda a força. Como é com toda a força? Deve ser como se diz não à morte “não”. Tive de lhe dizer “não” muitas vezes, ela dizia “sim”, eu chorava, chorei muito, nunca ninguém compreenderá, há coisas só nossas. Por isso, agora, toco os outros… O meu chapéu foi levado por uma gaivota e eu sorri-lhe, pode ser que ela o saiba usar…

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