sexta-feira, 18 de julho de 2008

Agora carcomidos os dentes, esses documentos
que queriam ser mais que as gentes
Importantes de lombas que não descolavam
E vestes ironicamente santificadas

Dois pombos inchados de tanto fornicar
não quiseram ir ao altar
mas mais tarde os seus filhos foram

Tempos em que as tardes nasciam com brilho
não voltariam a voltar
Mas a noite ficaria para se acocorar
em desilusões com o mundo

Continuam dois pombos
já moribundos
A cheirar as mortes
das promessas não cumpridas

Lês qualquer coisa,
percebes finalmente que não faz sentido
o real entra-te pelos olhos

Não interessa,
ou interessa tudo
O real são dois minutos de pena
e cinco segundos de heroísmo
para depois
seres o que deves
realmente ser

* Alterado de um poema já existente

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