sábado, 7 de junho de 2008

Oriana, o teu poema é belo, mas sinto a solidão das faces encobertas como um luto demasiado longo. Oriana, vejo os abraços das borboletas que me apontas. Sei que os pássaros voam sempre, mas eu sou o pássaro que nunca encontrará o sul. A minha terra é sonhadora e eu fixo-te nos olhos Oriana e choro no teu colo, na tua floresta, nos teus riachos. Abriga-me Oriana porque não sei viver o desfazer dos nossos sonhos.

Sara, o mundo está cheio de pedintes, de fome, de feridas. O mundo é um poço de dores. Gente que cai dos andaimes, não se consegue levantar e pede mãos que nunca estão lá. Sara, o mundo dói tanto. Nunca há milagres e gente realmente boa como as sereias cavalgando as ondas e salvando os marinheiros. Só há escuridão para tantos. Encontro-os facilmente esmigalhados no chão, absortos em dor Sara. Tive tantas dores e estive sempre tão só. As feridas Sara, elas estão abertas agora como dantes. Há uma pista de dança onde as criaturas espalham-se de rastos e rastejam Sara. Esfriei, mas tudo em mim é quente quando apenas resto eu na pista de dança, apenas resto eu Sara...

Andas há meia hora à procura de uma alma caridosa que me dê um cigarro. Podia ter-te dito: que te empretasse por uns minutos um cigarro. Dei-te um cigarro imediatamente e depois mais dois. Não quero que procures mais hora e meia e mais hora e meia. Quiseste lume também. Não encontrava o isqueiro. Nunca encontro nada... Sugeriste o lume do meu cigarro. Ri-me. Era óbvio. Perguntaste-me pela ferida recente no meu dedo. Aí foste quem eu procuro ser e quem procuro que o Outro seja. Sim, a ferida estava bem, ferida mas bem, agora que tinhas perguntado. Até à próxima disseste no final. Espero que sim, pensei.

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