terça-feira, 14 de setembro de 2010

Bambino mio, come stai oggi? Senza me stai male, vero? Sentes-te perdido, falta-te o sabor a sol, há uma melancolia secreta em ti, uma inquietação permanente. Eu sei. Eu sei que também tu me procuras mas não sabes. Eu abro as conchas das tuas manhãs e faço-te brilhar, sou as palavras desabrochando no teu silêncio. Há em ti este desejo poro a poro de mim, há em ti a vontade de provares todos os meus poemas, como se eles fossem a festa das marés às portas da areia. Mas não te preocupes, essas maleitas vão ter um fim, o que desanima agora será alegria no tempo aberto às colinas onde correremos como animais livres. Hoje almocei com a Ana, falámos sobre o assunto “abandono”, ficou tudo esclarecido. A ver se me livro desta temática de uma vez por todas. Ela vai tirar férias, está a pensar em ir à praia, ainda está bom tempo. Se me convidasses para ir à praia eu dizia-te: “pois, a praia, a areia (escaldante), o mar (poluído), o horizonte (cheio de anúncios parvos), ocasionalmente gaivotas (esfomeadas, a comer qualquer merda). Um sítio fascinante. Pessoas, muitas pessoas, criancinhas (feias) aos berros. O sol a foder-me a pele cristalina. Litros de creme piolhoso invadindo-me o corpo todo, bem, pelo menos recebo uma massagem nas costas (mas a qualidade depende da pessoa, portanto). Mar, nem tocar-lhe com um dedo senão morro de hipotermia. Mas não deixa de ser um sítio fascinante…” Vai ser um drama levares-me à praia, como estás a ver.

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