quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pequenas alterações de um poema de Al Berto de que gosto muito:

ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua voz
cantar a próxima esquina
e o teu olhar possa ser o passo seguinte

vai até onde seja ouvida essa voz
uma voz falando ilimitada
liberta como os desejos das mãos e dos frutos
reconhece-te caminhando por esses campos
que correm atrás de ti e levam fontes nos braços e pernas
as crateras nunca extintas mostram-te: vai por essa porta
de vales tão vastos quanto os começos dos dias

deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as suas loucas flores que o oráculo te falou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o verão te traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu eterno coração - ouve-me...

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