quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Rapaz, rapaz, eu estou muito diferente é verdade. Mas talvez tu gostes um bocadinho de mim. Talvez te encantes um bocadinho comigo. Há quem goste desta nova mim. Ouve estes diálogos internos:

Sara: o que é achas de mim?
Sofia: és uma miúda porreira.
Sara: só?
Sofia: és fabulosa. És daquelas raízes que rebentam com os vasos!

Mas depois:

Sara: dói-me o sangue a sair pela ferida.
Sofia: ela está demasiado aberta para sarar.
Sara: não sei existir assim, tudo se cobre de negro.
Sofia: só te posso dar a minha mão…

Há esta escuridão em mim, estas feridas incuráveis que são um ambiente nefasto para qualquer um. Só conheceste o perfume inebriante das minhas flores e maravilhaste-te por ele. Mas neste momento as flores perderam a sua vida e eu arrasto-me numa vida sem sentido, não apreciando em nada a minha existência. Tornei-me numa pessoa fria, triste, desconfiada, ressentida, de mal com a vida. Estou num processo de decadência já há muitos anos e isso fode a cabeça de qualquer um. Por todas estas razões tenho a certeza de que não me irias querer ao teu lado. Fode-me que penses em mim e não me conheças realmente, porque é tudo uma mentira. Sabes lá o Inferno que eu passei e o inferno que eu ando a passar, podes lá ajudar-me. Mas porque havias de me ajudar, uma desconhecida qualquer…Para me ajudares era preciso preocupares-te a sério. De qualquer maneira pensa com mais força rapaz porque eu preciso de sol nos meus olhos! Sabes uma coisa: esses sentimentos de amor e paixão não valem nada, as pessoas é que são muito carentes, põem-se com historiazinhas da treta e pronto, fim de conversa. Já estou com muito sono. Espero que não estejas a dormir com uma gaja, porque eu punha-me aqui a bater com a cabeça na parede. Quem sabe um dia possamos dormir juntos uma noite inteira.

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