Os
ratos e o vinho
O
rato Esqueleto foi visitar a sua amiga ratita Champanhe e levou duas garrafas de
vinho tinto (atenção: as garrafas eram de humanos e portanto tinham excesso de álcool
para ratos). O Esqueleto andava em baixo pois tinha mudado de casa e não estava
satisfeito com a mudança, mal a Champanhe entrou queixou-se: “esta casa parecia
espaçosa mas é mais pequena do que a outra e tive de comprar sofás novos mais
pequenos. Não gosto deles mas eram baratos.” Sentaram-se os dois no sofá a
beber o vinho. A Champanhe entornou um pouco de vinho no sofá e desfez-se em
desculpas. Olhou melhor e disse: “Esqueleto e se fizéssemos mais umas manchas
de vinho no sofá, ficava mais animado, ia ficar parecido com os buracos da lua”
O Esqueleto estava por tudo e concordou. No entanto exageraram e o sofá ficou
totalmente manchado. Riram-se os dois já bastante alcoolizados. Passada uma
hora estavam bêbados que nem um cacho, a Esqueleto disse “estas paredes
precisam de animação, que tal mais um pouco de vinho?”. Em cinco minutos as
paredes estavam todas bordô pois eram apenas vinho. A Esqueleto disse: “ainda
temos mais vinho, vamos pintar a casa toda e assim já vais gostar mais dela.” O
Esqueleto disse que sim e divertiram-se a encharcar a casa de vinho, pintaram
todas as divisões. O Esqueleto apercebeu-se que a casa cheirava muito a vinho: “só
o cheiro dá para um rato se embebedar”. A Champanhe lembrou-se que o Esqueleto
tinha algumas guaches de quando andava armado em pintor, foi buscá-las e
pintaram as paredes com desenhos de ratas nuas em posse provocadora, também
pintaram queijos variados, especialmente queijos gourmet. De repente repararam
que tinham vinho pelo joelho, a casa agora parecia uma pequena piscina, então
tomaram um banho de imersão longo. O Esqueleto disse: “li na Revista ’Queijo
Fresco’ que o vinho tinto faz bem à pele, é revigorante para a epiderme, a
minha pele de rato velho está mesmo a precisar disso”. Champanhe riu-se e disse
que tinha uma surpresa para ele, então foi buscar chocolate de queijo Beaufort
e comeram-no em três tempos. O Esqueleto também tinha algo para a Champanhe:
doce de queijo Sainte-Maure de Touraine,
era um dos favoritos do Esqueleto, ele dê uma dentada que deu cabo do doce de
queijo. Estavam nas suas sete quintas: bem bebidos, bem comidos e com uma casa
feita da arte dos dois. Entretanto chegaram os bombeiros, o vizinho do Esqueleto tinha
chamado os bombeiros pois a sua casa estava inundada de vinho. Quando os
bombeiros se aperceberam o que se tinha passado riram-se muito e também beberam
uns copos de vinho com o Esqueleto e a Champanhe. Quando o Esqueleto lhes
mostrou a casa eles tiraram muitas fotografias para postar no facebook. No dia
seguinte os posts da casa do Esqueleto tinham sido vistos por uma multidão de
ratos e estavam cheios de likes. Nesse mesmo dia apareceram muitos ratos à
porta da casa do Esqueleto para verem com os próprios olhos a casa pintada de
vinho, estavam particularmente interessados nas pinturas das ratas nuas:
estavam tão bem pintadas que pareciam reais. No dia seguinte aconteceu algo
estranho: os queijos gourmet tinham desaparecido das paredes, Esqueleto percebeu
logo o que se tinha passado, as ratas precisaram de comer. Fim.
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