sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


(Sentadas rente ao chão)
- Só há noites porcas que vejo das janelas por onde salto todos os dias para te encontrar e te dizer que estou contigo a um milímetro da tua dor, mas nunca nos podemos tocar porque dentro da amizade no meio da sujidade há sempre gente corrompida que nos quer comprar para nos esfregar no chão azedo das beatas e das escarretas. - Digo-te olá, já ao fim de uma longa noite, sabes que há um cheiro a podre que invade tudo, mas ainda há em mim para ti um certo brilho de luz de verdade que diz que a perdição não nos afoga por completo. Ao completar esta frase rio-me porque sei que é a maior mentira que já disse. Vieste aqui porque a tua solidão é igual à minha e magoa tanto que sangras ainda mais do que eu. - Hoje não tenho nada para enrolar as tuas feridas, desculpa amiga, tenho gelo nos olhos porque está tudo demasiado negro. Segura os braços com força, estás a sujar o chão tudo e daqui a pouco levamos ainda mais porrada se nos encontraram neste estado, duas tipas sozinhas, miseráveis, com uma placa na testa que não vemos: maltratem-nos.