segunda-feira, 4 de agosto de 2008


(Kivuthi Mbuno, "Mang'oka Na Tumbiri")
Dinis, uma gaiola este tempo de ti afastada, à tua porta exaltada, por ti expectando. As palavras enchem-se de néctar, escritos acesos por ti, multiplicam-se pés ante pés numa fila que não se apaga, viva e dourada. Às tuas mãos quero chegar Dinis, o meu coração habita já solto no mais do que o teu íntimo. Os pensamentos respiro-os em ti, tudo te espera, num voo alargado, no espaço de todos os mundos.
***-** **** a pensar em mim...
A avó da minha bisavó Laurinda, a Clara de Jesus, era filha de um casal de ingleses e foi abandonada em Oliveira de Azeméis, junto do Porto, numa Roda (espécie de creche). Um médico falou com a esposa sobre a menina e eles adoptaram-na, teria ela 2 anos. Mais tarde os pais vieram buscá-la e ninguém disse onde é que a menina, já com cerca de 7 anos, estava. Durante o dia os pais guardavam-na no sótão, com uma ama. Mais tarde a minha avó Laurinda acabou por ir para Luanda com a mãe viúva, viviam as duas numa pensão, e aí conheceu o marido aos 16 anos. Passado um ano nasceu o meu avô Fernando. A pele claríssima e os olhos azuis que tenho devem-se a essa avó da minha bisavó, Clara de Jesus. Os meus avós, Fernanda e Fernando conheceram-se num casamento de amigos comuns. Daí nasceram a minha mãe Margarida, a mais velha, e o meu tio João.
Os grilos e as cigarras cantam o Nosso Amor!

(Ricci Otto)
Sara, esta aflicção do coração, este amor que fala alto como todos os animais desejando um espaço mais vivo, este amor que os poetas cantam há séculos, que as flores trocam entre si, que os gatos com ternura se olham quando anoitece, que a luz da floresta acende todos os dias, este amor Sara, ele encanta-me a todas as horas e leva-me à revelação das planícies, ao cimo dos degraus dos montes, ele está no rosto das árvores, no enrolar das ondas, no encaixe perfeito das conchas, nas colheitas que se estendem para lá dos horizontes, nas ilimitadas margens dos rios, na canção de uma menina, no movimento de um pássaro dançando o céu, no néctar dos frutos, nas carícias subterrâneas dos amantes, na terra que se entrelaça nos pés, nas portas que se abrem às conversas, nos abraços insaciáveis das crianças, é um coração de fogo que acompanha outro coração de fogo.

Sofia
Dinis, a minha pele cheira à tua, o meu interior ao teu, uma febre que te abraça de corpo inteiro, as mãos que te sentem como se fosses uma conchas virada para dentro de mim, os seios que anseiam o toque que tocaste, o corpo que sentiu o teu por completo nessa vontade mais que vontade numa relva que era um jardim só nosso, do tamanho dos nossos mundos, o enlace profundo de dois encantos. Diz-me Dinis, como é possível senão esta essência?