sábado, 7 de junho de 2008
“Dreams never die”
Ela disse que era um disparate, eu apenas queria ternura, pois era a ternura
Sei quem tu és
És a ternura
Sorrio ao dizer-te isto
Tens cor de ternura. Mal te olhei soube
É uma espécie de poesia
O sol abre-se
Fingimos que ele não tem raios mas somos atingidos por ele abruptamente
Mas olha, não ficamos cegos
Apenas estás dourado e és um peixe que nada dentro de mim
É tal a mistura que somos uma nova cor
Não sei como se chama, mas podia ser Amor
Podia ser esse teu abraço no meu
As tuas palavras nas minhas
O teu corpo sentindo por toda a parte o meu.
“Dreams never die”
Foi como se quisesse provar todo esse sangue do mundo, engoli-lo por inteiro e quase morrer com essa dor de ser e ser e ser. Sobrevoar a cidade querendo tocar tudo o que era vivo, mas nada me era permitido, e mesmo não sentido, tudo era dor. Voei nesse dia de sol de asas ardentes e quis ser maior que tudo, sabia onde ia rompendo pelos lugares adentro. Entrei pela janela daquele dia onde tu me deixaste entrar, e beijei-te, beijei-te como se o nosso beijo fosse o curso de um rio longo e os meus lábios tocando os teus iniciassem o andamento das águas.
Ela disse que era um disparate, eu apenas queria ternura, pois era a ternura
Sei quem tu és
És a ternura
Sorrio ao dizer-te isto
Tens cor de ternura. Mal te olhei soube
É uma espécie de poesia
O sol abre-se
Fingimos que ele não tem raios mas somos atingidos por ele abruptamente
Mas olha, não ficamos cegos
Apenas estás dourado e és um peixe que nada dentro de mim
É tal a mistura que somos uma nova cor
Não sei como se chama, mas podia ser Amor
Podia ser esse teu abraço no meu
As tuas palavras nas minhas
O teu corpo sentindo por toda a parte o meu.
“Dreams never die”
Foi como se quisesse provar todo esse sangue do mundo, engoli-lo por inteiro e quase morrer com essa dor de ser e ser e ser. Sobrevoar a cidade querendo tocar tudo o que era vivo, mas nada me era permitido, e mesmo não sentido, tudo era dor. Voei nesse dia de sol de asas ardentes e quis ser maior que tudo, sabia onde ia rompendo pelos lugares adentro. Entrei pela janela daquele dia onde tu me deixaste entrar, e beijei-te, beijei-te como se o nosso beijo fosse o curso de um rio longo e os meus lábios tocando os teus iniciassem o andamento das águas.
Sim Bianca, conta-me esse ódio de partir todas as grades das faces belas que te encharcam de sangue. Acompanha um som duro e sê a maior das ratazanas, a loucura rasgando todos os vidros e estoirando as portas seguras dessas gentes sem significado. Arder as suas cabeças Bianca, atirá-las para poços profundos. Tirares-lhes a respiração e rir-te no seu olhar aterrado, perguntado apenas: “quem vos vai salvar agora da minha maldição?” Vá Bianca, atira-as pelas escadas de mil degraus, parte-lhes todos os ossos, massacra-lhes toda e qualquer emoção. Depena-as Bianca, como galinhas assustadas de terror, arrancando-lhes a pele impiedosamente. Corta-as ao meio com o ódio com que essa gente te violenta sem qualquer comoção.
Alexandre, sinto uma imensa saudade tua, dessas tuas palavras que se confundem com o ritmo de um mar sonhado quente navegando dentro do suor das minhas veias. Ondas doces que espero ao nascer de cada dia, chamando-me pelo recorte do corpo acidentado, sentindo-me gaivota da aragem de uma paisagem hexagonal, adivinhando o penetrar da tua substância no país que somos.
Sara
Alexandre, sinto uma imensa saudade tua, dessas tuas palavras que se confundem com o ritmo de um mar sonhado quente navegando dentro do suor das minhas veias. Ondas doces que espero ao nascer de cada dia, chamando-me pelo recorte do corpo acidentado, sentindo-me gaivota da aragem de uma paisagem hexagonal, adivinhando o penetrar da tua substância no país que somos.
Sara
Quanto te odeio Líria porque sorris tanto e quanto tudo é mentira. Queres de mim o que nunca me deste Líria. Vens com belas flores nas mãos Líria sempre sorrindo e queres que te sorria. Mas o meu sorriso é o meu ódio. Tudo em mim diz-me que tudo em ti falhou e agora essas flores são de todas as cores, enquanto a minha cor é um sorriso que esconde o meu ódio Líria.
Quem chamas nesse rumor que percorre o gelo que lentamente dirige a navegação incerta que um dia declarou os golpes ágeis das travessias do desassossego? Essa avalanche que esgrime contra as impossibilidades, as espadas roubando as redes, para que o grito se oiça mais alto. Quem surge como vibração de rosto rasgado, assassino sem bússola, na distância esfumaçada que arranca palavras à respiração oscilante do tacto desgastado dos precipícios que neste mundo estranho embatem uns nos outros? Quem chamas atrás da língua, tentando recordar o nome da terra esquecida, quando às escuras os pés se afundam?
Celeste, menina que flui a vida, brincas ao mundo e o mundo diz em voz alta os nomes das coisas. Celeste, brincas com o sol e a chuva nos olhos e sabes que o nome das coisas não se aprende, vive-se de mãos nas sementeiras. Celeste, as tuas veias correm ao contrário, é esse o teu nome. Aprendes as palavras começando por dizer “sinto a tua falta” e depois cantas todas as canções que o mundo já inventou e tu começaste a inventar.
Celeste, menina que flui a vida, brincas ao mundo e o mundo diz em voz alta os nomes das coisas. Celeste, brincas com o sol e a chuva nos olhos e sabes que o nome das coisas não se aprende, vive-se de mãos nas sementeiras. Celeste, as tuas veias correm ao contrário, é esse o teu nome. Aprendes as palavras começando por dizer “sinto a tua falta” e depois cantas todas as canções que o mundo já inventou e tu começaste a inventar.
António, há um mundo estranho que te fala e tu não o ouves com claridade. Surge a angústia, o teu pranto. A tua intranquilidade apenas quer seguir os caminhos dos animais que passeiam em rebanho, pastando em campos serenos. Mas os teus dias são preenchidos pela habitação dos homens e pelas suas vozes. Como escapar a essa explosão dos sentidos, quando sentes que nada tem sentido por vezes nos seus mundos? António, a tua cabeça é cortada uma e outra vez e repetes uma qualquer oração desconhecida. Quem te segura a mão António?
Há flores gigantes que crescem por aí para ti e para mim Alex. Há pássaros que voam à velocidade da luz e do som levando-nos com eles nas suas asas de ternura. Há rios inventados só para nós Alex, cheios de sonhos azuis vestidos com a força do fogo, que afastam o frio do medo. Há mil janelas Alex, que se abrem para que regressemos à casa que sempre procurámos...
Sara
O fedor das coisas continua a estar estendido nos caminhos. Sara, não me engano com as gargalhadas dos seres que agora me tentam amansar, aqueles que outrora fizeram a minha queda ainda mais desumana. A cela apenas muda, estou no exterior mas imersa de sujidade e a minha revolta Sara tem mil olhos. Tudo é falso. Encontro-me só nos meus sentidos, mas eles valem o mundo inteiro. Aqueles que se cruzam comigo são dementes, desejo constantemente a fuga. Há seres Sara, no entanto, que são azuis, seres como nós, seres raros que talvez possam viajar connosco.
Há flores gigantes que crescem por aí para ti e para mim Alex. Há pássaros que voam à velocidade da luz e do som levando-nos com eles nas suas asas de ternura. Há rios inventados só para nós Alex, cheios de sonhos azuis vestidos com a força do fogo, que afastam o frio do medo. Há mil janelas Alex, que se abrem para que regressemos à casa que sempre procurámos...
Sara
O fedor das coisas continua a estar estendido nos caminhos. Sara, não me engano com as gargalhadas dos seres que agora me tentam amansar, aqueles que outrora fizeram a minha queda ainda mais desumana. A cela apenas muda, estou no exterior mas imersa de sujidade e a minha revolta Sara tem mil olhos. Tudo é falso. Encontro-me só nos meus sentidos, mas eles valem o mundo inteiro. Aqueles que se cruzam comigo são dementes, desejo constantemente a fuga. Há seres Sara, no entanto, que são azuis, seres como nós, seres raros que talvez possam viajar connosco.
Oriana, o teu poema é belo, mas sinto a solidão das faces encobertas como um luto demasiado longo. Oriana, vejo os abraços das borboletas que me apontas. Sei que os pássaros voam sempre, mas eu sou o pássaro que nunca encontrará o sul. A minha terra é sonhadora e eu fixo-te nos olhos Oriana e choro no teu colo, na tua floresta, nos teus riachos. Abriga-me Oriana porque não sei viver o desfazer dos nossos sonhos.
Sara, o mundo está cheio de pedintes, de fome, de feridas. O mundo é um poço de dores. Gente que cai dos andaimes, não se consegue levantar e pede mãos que nunca estão lá. Sara, o mundo dói tanto. Nunca há milagres e gente realmente boa como as sereias cavalgando as ondas e salvando os marinheiros. Só há escuridão para tantos. Encontro-os facilmente esmigalhados no chão, absortos em dor Sara. Tive tantas dores e estive sempre tão só. As feridas Sara, elas estão abertas agora como dantes. Há uma pista de dança onde as criaturas espalham-se de rastos e rastejam Sara. Esfriei, mas tudo em mim é quente quando apenas resto eu na pista de dança, apenas resto eu Sara...
Andas há meia hora à procura de uma alma caridosa que me dê um cigarro. Podia ter-te dito: que te empretasse por uns minutos um cigarro. Dei-te um cigarro imediatamente e depois mais dois. Não quero que procures mais hora e meia e mais hora e meia. Quiseste lume também. Não encontrava o isqueiro. Nunca encontro nada... Sugeriste o lume do meu cigarro. Ri-me. Era óbvio. Perguntaste-me pela ferida recente no meu dedo. Aí foste quem eu procuro ser e quem procuro que o Outro seja. Sim, a ferida estava bem, ferida mas bem, agora que tinhas perguntado. Até à próxima disseste no final. Espero que sim, pensei.
Sara, o mundo está cheio de pedintes, de fome, de feridas. O mundo é um poço de dores. Gente que cai dos andaimes, não se consegue levantar e pede mãos que nunca estão lá. Sara, o mundo dói tanto. Nunca há milagres e gente realmente boa como as sereias cavalgando as ondas e salvando os marinheiros. Só há escuridão para tantos. Encontro-os facilmente esmigalhados no chão, absortos em dor Sara. Tive tantas dores e estive sempre tão só. As feridas Sara, elas estão abertas agora como dantes. Há uma pista de dança onde as criaturas espalham-se de rastos e rastejam Sara. Esfriei, mas tudo em mim é quente quando apenas resto eu na pista de dança, apenas resto eu Sara...
Andas há meia hora à procura de uma alma caridosa que me dê um cigarro. Podia ter-te dito: que te empretasse por uns minutos um cigarro. Dei-te um cigarro imediatamente e depois mais dois. Não quero que procures mais hora e meia e mais hora e meia. Quiseste lume também. Não encontrava o isqueiro. Nunca encontro nada... Sugeriste o lume do meu cigarro. Ri-me. Era óbvio. Perguntaste-me pela ferida recente no meu dedo. Aí foste quem eu procuro ser e quem procuro que o Outro seja. Sim, a ferida estava bem, ferida mas bem, agora que tinhas perguntado. Até à próxima disseste no final. Espero que sim, pensei.
I can change, I can change, I can change
Bruno, vamos com os saltos do vento, somos rostos nus perfeitos. Perdemo-nos sempre e gememos na carne que arrancamos, nessas dentadas mais profundas que os ilimitados oceanos. Somos as sementes do viver, o crescer é a erva que se abre nas nossas gargantas. Cheiramos aos restos dos infernos de onde subimos. Bruno, não há muralhas, apenas o ser livre, as ninfas sedentas de multiplicação dos peixes que correm nas nossas veias.
Carpinteira
“you and me, we got the kingdom, we got the key”
Lavo-te a cara com as minhas mãos douradas. Com o sol digo-te que tens o coração radiante. Sim Alexandre, o teu coração incendeia-se diante da minha canção. Eu serei a tua guia nas tuas horas que dizes sempre sombrias. A tua casa trancada Alexandre, encho-a de feno, quebro-lhe o silêncio, mostro-te o sol posto num caminho cheio de lanternas, num lume de carinho, e damos passos crescentes nos dias. Eu sei matar as feridas abertas das trevas Alexandre, sei como se fala com o medo e com as trovoadas que entornam o teu sangue. Estanco esse campo de batalha infindo com as minhas árvores que se estendem por amplos vales, dou-te o abrir das minhas palavras, das minhas sementes, o coração que bate nas minhas mãos.
Sara
Bruno, vamos com os saltos do vento, somos rostos nus perfeitos. Perdemo-nos sempre e gememos na carne que arrancamos, nessas dentadas mais profundas que os ilimitados oceanos. Somos as sementes do viver, o crescer é a erva que se abre nas nossas gargantas. Cheiramos aos restos dos infernos de onde subimos. Bruno, não há muralhas, apenas o ser livre, as ninfas sedentas de multiplicação dos peixes que correm nas nossas veias.
Carpinteira
“you and me, we got the kingdom, we got the key”
Lavo-te a cara com as minhas mãos douradas. Com o sol digo-te que tens o coração radiante. Sim Alexandre, o teu coração incendeia-se diante da minha canção. Eu serei a tua guia nas tuas horas que dizes sempre sombrias. A tua casa trancada Alexandre, encho-a de feno, quebro-lhe o silêncio, mostro-te o sol posto num caminho cheio de lanternas, num lume de carinho, e damos passos crescentes nos dias. Eu sei matar as feridas abertas das trevas Alexandre, sei como se fala com o medo e com as trovoadas que entornam o teu sangue. Estanco esse campo de batalha infindo com as minhas árvores que se estendem por amplos vales, dou-te o abrir das minhas palavras, das minhas sementes, o coração que bate nas minhas mãos.
Sara
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