terça-feira, 30 de novembro de 2010
Tempo merdoso, já de Inverno, muito frio. No entanto, tudo na mesma. Os homens das obras desapareceram finalmente. De que me serve agora? Com este frio não vou andar a bombar a bela da música dançando pelo quarto nua. As gatas sofrem muito, estão viciadas nos aquecedores. Eu lá me organizei de forma a escrever pelo menos um poema por dia. Mas está difícil, digo, a meio deles: “a poesia é um inferno”. E realmente é, sai-me lá mesmo do fundo, sabe-se lá de onde. Nunca escrevo para mim, os poemas são sempre para outras pessoas. E veja-se bem que há bastantes dedicados ao rapaz pois ainda tenho em mente escrever um livro para ele. Na verdade já não penso tanto nele mas isto não está totalmente resolvido. Mas felizmente dei um grande passo em frente. Está a saber-me tão bem estar a ver-me livre desta obsessão. Estava realmente possuída. Estava totalmente parvinha. Olhando para trás pergunto: como é possível uma pessoa ficar tão doente por causa de uma pessoa que só se viu uma vez? Pronto acontece. A mim e a tantos milhares doutros coitados. Acontece mas cura-se. Este rapaz foi um pesadelo na minha vida durante tempo a mais. Mas ainda é um assunto pendente pois ainda existem muitos flashes dele no meu cérebro. Acho que é normal demorar o seu tempo. Estas coisas não se resolvem do dia para a noite. Mas estou muito confiante pois já avancei bastante. Isto agora vai ser sempre em frente. Estava mesmo a afectar a minha sanidade mental. Estava a interferir com a minha vida pessoal. Veja-se bem, um tipo sobre o qual não sei nada, que nunca mais vi em dois anos e quatro meses. É uma perfeita loucura. E depois há a parte mais louca: voltaremos a encontrar-nos? Há quem pense que sim. Dois aspectos fulcrais a ter em consideração. Da forma como mudei de aspecto ele nem sequer me iria reconhecer. E obviamente porque haveria de querer envolver-se comigo? Estou tão desinteressante fisicamente, muito diferente em relação à pessoa que ele conheceu. Duvido muito que ele tenha ficado a pensar em mim. Aliás, já nem se deve lembrar de mim. Ele pode estar com outra pessoa. E dizia-lhe o quê? Lembras-te daquela noite, eu sou aquela rapariga com quem estiveste a conversar e fodeste, queres ir beber um café? Ele achava que eu era maluca. Basicamente encontrava-o e era rejeitada, que bonito. Então para quê toda esta obsessão, esta doença? No fundo é uma forma de humilhação. Eu afundo-me nesses joguinhos da minha mente. Nesse sadismo interior. Estes pensamentos persecutórios instalam-se em todo o ser e afastam-me do real. O sonho é outra coisa. Não é esse rapaz. O sonho sente-se de peito aberto. O rapaz aborta na pele. O sonho está na melodia dos dedos. Ao rapaz falta-lhe a música das estrelas e do sol. Ao rapaz falta tudo, na verdade. Basta faltar a sua existência. Sem a sua existência real não pode haver a sua existência ao pé de mim. Por isso tudo isto é um absurdo. Como dizia um amigo meu: até pode estar morto. Para mim há-de morrer.
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