sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tenho saudades de conduzir, gostava muito. A minha vida de condutora acabou no dia em que, havia acabado de chover, o piso estava traiçoeiro e eu talvez fosse um bocadinho depressa demais, e travei fazendo aquaplaning. Vai daí o carro sobe o passeio e vai de encontro a um sinal de trânsito. Estreitamento da via, era o sinal. Pois bem estreitamento da minha via também porque na subida do passeio lixei a caixa de direcção (ou uma cena qualquer desse género) e o carro foi para a sucata. A minha mãe ia-me matando e proibiu-me, nem numa emergência, de conduzir o novo carro dela, que era igualzinho ao primeiro. E eu que gostava tanto de estar dentro do carro a insultar toda a gente quando sabia perfeitamente que ninguém me estava a ouvir, gostava de passar os amarelos e mandar piropos aos gajos giros (esta parte é na minha imaginação). Partiu-me o coração nunca mais poder guiar, já lá vão uns anos. Agora já não sei se sou capaz de guiar, mas ainda me lembro onde é que é o pedal do acelerador (risos). E tu, rapaz, constantemente me aceleras, seja o que for. Espero que vá numa auto-estrada, não quero bater em nenhum sítio.

Só para introduzir aqui um pequeno momento de humor...
Aqui sim, há paredes!
Em relação à temática andaimes isto vai de mal a pior: estou numa prisão de estores fechados o dia inteiro por causa de supostos roubos uma vez que a minha janela não fecha bem. Os andaimes estão perfeitos, absolutamente perfeitos, até me dá vontade de sair pela janela e andar sobre eles mas ainda só estão construídos até ao quarto andar. Ora eles já andam nisto há uns dias e como já te disse o prédio tem nove andares, se demorarem tanto tempo a pintar o prédio como estão a demorar a montar os andaimes…E depois o prédio é construído basicamente de azulejo vermelho, paredes nem vê-las…estou com uma vontade de matar o administrador do condomínio e os vizinhos que tiveram esta ideia. Os operários de construção civil viris, suados até ao tutano na sua tarefa inútil deviam ser completamente incompetentes e deixar-lhes as janelas pintadas juntamente com os resquícios das paredes. Fui jantar com a minha mãe a um restaurante japonês, não era nada de especial mas foi o que se arranjou. Ficas a saber que adoro peixe cru, peixe acabadinho de matar, quem sabe ainda a respirar, a mexer-se no meu estômago, tal e qual como a mãe natureza o trouxe para o mundo. Quando tinha dinheiro e podia viver despreocupada gostava de ir sozinha a um dos restaurantes japoneses mais caros de Lisboa e comer à grande e à francesa, um luxo. Estás convidado a ir lá comigo, claro.
Perguntei à Ana sobre a estatura dos meus exs e ela respondeu-me que eles, em geral, eram baixos. Bem, na verdade nunca me pendurei em ninguém tão alto como tu e devo dizer que me agradou muito. Eu cá em baixo a olhar para uma colina de olhos em labaredas…e depois subir numa corda até ti. Também me estou a ver a espalhar-me na tua altura, deitada sobre ti, deve ser delicioso. Passaste a ser o meu tipo de gajo, homens altos, na rua só quase olho para esses. Depois acrescenta os óculos. Gajos altos e de óculos, são fatais. Se bem que gajos, em geral, que usam óculos com aros pretos (diz-me por favor que os teus têm aros pretos, é essa a minha memória) deixam-me bastante sobressaltada. Depois acho que és a dar para o magro, já não me lembro do quão magro, mas sim eras magro. Bem, fica um par bonito, a menina roliça e o ser esguio que a percorre. Mas deixa lá que não vou falar de tamanhos de mais nada, há pessoas a lerem este blog.
Bem, tenho de ir para a caminha. Estava agora mesmo a falar com um gajo no msn que já publicou um livro de poesia, fiquei logo cheia de inveja. Será que quando eu te reencontrar já terei conseguido publicar alguma coisa minha? Senão, é uma pena. Mas o que interessa é continuar sempre a escrever. Espero que hoje seja um dos dias em que tenhas pensado em mim, pois eu pensei bastante em ti. Dorme comigo no peito. Beijo poesia (em geral, não vamos discutir)

(Joseph-Désiré Court, "Woman Lying on a Divan")
Estou um bocado fodida, estão a pintar o meu prédio, por isso encheram-no de andaimes e operários da construção civil. Ora eu tenho por hábito andar nua pelo meu quarto, às vezes até me ponho a dançar para aqui e para ali e portanto essa brincadeira acabou-se. Agora vou ter de fechar os estores e ficar miseravelmente por debaixo de uma luz rasca. O prédio tem nove andares, vê lá o tempo que eu vou andar a penar. Mas estou a ver-te todo magrinho, já muito moreno, de tronco nu a pintares o meu prédio, com um grande pincel na mão, fazendo movimentos lentos, para cima e para baixo, imaginando que és um dos pintores destes quadros que eu ponho aqui (risos). Já não estás muito bom da cabeça porque está um sol de torrar há não sei quantas horas. Estás com muita sede, mesmo muita, vês uma janela aberta com uma garrafa de água lá dentro, no desespero entras à pressa para a sacares. Nem a trazes para fora, bebe-la sofregamente dentro da casa. Nisto dás conta que há uma gaja muito gira a olhar para ti com um ar muito lascivo. Assustaste enquanto ela se vai aproximando intoxicando-te com a sua intensidade. Basta um gesto, e o teu corpo bronzeado, muito suado está em cima da sua cama…Adivinha lá quem é a gaja…Na entrevista que eu estou a transcrever o entrevistado diz às tantas: Porque é que isso é assim é uma boa pergunta. Pois eu também me questiono: porque é que isto entre nós é assim? Porque é que tem esta força? De onde é que isto surgiu? Que coisa mais estranha…Dizem que às vezes não há explicação para os sentimentos…Pois eu acho que não faz sentido nenhum todo este meu sentir em relação a ti. É um delírio meu. Não faz sentido perseguir-te desta forma como se fosses a grande razão do meu coração. Quem és tu? Porque eu não te conheço, embora os meus sentidos tenham provado os teus gestos. Que confusão rapaz. Não é assim porque eu quero, de certeza. Aconteceu. E tenho de aceitar? Tenho de dizer: não há senão isto? Porque na verdade isto é mesmo assim.