sábado, 7 de novembro de 2015

À flor da pele

Senti a tua presença antes de chegares a mim, acontece sempre isto, a razão está relacionada com ter sempre a flor da pele à tua espera. Passaste-me a mão pela face e sentia-a bem no meu âmago. Perguntaste-me o que se passava pois não me conseguia quase mover: “és tu, deixas-me assim, sem reação.” Riste-te e perguntas-te se isso era bom ou mau. “Tens demasiada influência sobre mim, fazes-me querer-te sempre demais, é bom se quiseres fazer-me bem.” Querias, disseste, já o sabia, e fazes-me sempre bem. Disseste que sempre tinhas sido ternura comigo, tratando-me como uma princesa. Gosto de ser a tua princesa, e gosto de te levar no meu coche real. Quiseste dançar, mas não havia música, dançámos na mesma, e eu senti-me num voo intenso feliz. “Ninguém me faz sentir assim”, disse-te. “Assim como, completamente encantada”, perguntaste. Ri-me, gostei da expressão e pensei que eras a pessoa indicada para mim. “Deixas-me a respiração fora de sítio”, disse-te. “Então quero a tua respiração”, disseste com o olhar à flor da pele.
A praia

Estava a estupidificar-me em casa, peguei neles todos e fomos à praia. Estava um calor do caralho, o pessoal não gostou. Meti os meus pezinhos nus na areia, o pessoal passou-se: estava a escaldar! Dei uma corrida até à areia molhada e abanquei o meu chapéu-de-sol num sítio calmo. Pôde, então, relaxar um pouco. Mas eis que tinha de pôr o creme solar. Peguei naquela bodega oleosa e espalhei-a pelo corpo, sempre a queixar-me. Procurei um gajo giro e pedi-lhe para me pôr o creme nas costas e, quando ele o fez, até me arrepiei pois ele tinha umas mãos de anjo. Depois fui até à água. Estava com uma cor fantástica e pensei, ingenuamente, que podia tomar um banho. Quando meti os pés dentro de água o pessoal marou: “vais tomar banho!? Perdeste a cabeça!”, pois água parecia gelo. Estava completamente fora de questão tomar banho, então, meti o rabo entre as pernas e fui descansar para a minha toalha. Estava um calor do caralho ao sol, o pessoal começou a chatear-me a cabeça. Foi-me pôr debaixo do chapéu-de-sol, estava uma sombrinha agradável. Apesar de pouco me mexer, às tantas, estava cheia de areia. Eles não paravam de se queixar e eu perdi a paciência, mandei a puta da praia à merda e fui para o café.
Estou num lugar que sabe a estranho e que sai fora dos eixos. Ideias difusas caminham na minha cabeça e continuam difusas porque não há uma conclusão decente. Escrevo a giz aquilo que apago de seguida e o que não apago não me agrada. Tudo é confuso em mim e o caos é a minha verdade. Estou a envelhecer e tremo perante esta realidade, não quero perder a pele pois é tudo o que eu tenho.