Durante a escrita
Meti-me no
interior de um cavalo de Troia, mas de nada adiantou: os lacinhos de Natal
continuaram a dançar à minha volta. Sou também égua, sou-o um momento chamado
cores e desenho-as na cabeça. Tantas folhas escritas do meu lado esquerdo,
terão elas preferência por esse lado? De qualquer forma, estão demasiado sujas
de tinta e mal as consigo ler. Também parecem um papagaio, mais coisa, menos
coisa, dizem todas o mesmo. Tenho uma estrela de Natal empoleirada por cima de
um coração, há quem lhe chame Amor Verdadeiro, no outro dia, chamei-lhe formato
de químico colorido. Sou uma guerreira e manifesto os meus poderes através da
minha glândula pineal. Gosto de fazer desaparecer coisas e fazê-las reaparecer
em lugares estranhos como varandins vestidos de flores. Gosto de sentir magia
no meu interior e abro muito os braços para dizê-la, por vezes, digo-a alto demais
e acordo os meus vizinhos. Quero mascarar-me de escaravelho, mas os escaravelhos
não estão com vontade de me dar autorização, vou ser sacana e vou na mesma. Mascarar-se
tem ambição, representa cinquenta por cento do que se pode ser enquanto
migrante.