Sem caminho
Ao
caminho faltam sentidos para irmos munidos de amor. Está tudo a ruir e
pergunto-me: onde vou cair? É verdade que tenho muitas almofadas mas estou
preocupada com as pancadas. Relâmpagos ruidosos na minha cabeça, muito
teimosos. Paz é coisa que não tenho, imbróglios de todo o tamanho. Raios partam
esta canção, parece que não tem conclusão. Fugir para onde, não tenho o
dinheiro de um conde. O sinal está sempre encarnado, para mim não há rebuçado.
Falta de doces é um pecado, e eu bem os pedi no meu recado. Apanhei um barco a
pensar que ia para um destino e acabei a tocar o sino da aflição. Mas sei
nadar, e de mar em mar vou a passear com a correnteza. Com certeza que quero do
melhor que há, ao meu redor andam coisas estranhas que têm as suas manhas e
sussurram-me cartas de filosofia. Têm sabedoria, preferem brincar comigo ao
jogo criativo de rebolar nas nuvens e fazer contrabando de cores encantadas,
saladas de sabores para todos os gostos. Ninguém me faz favores, eu tenho de ir
com a minha matilha toda maltrapilha pelo jogo dentro, contra o vento, contra
tudo. E o futuro, dizem que é domínio de Deus.