Dinamitei
o relógio do tempo que apenas destila insipiência e agora pesco planetas com
nomes que desconheço, sou vadia pois nada me prende. Na minha liberdade vivo da
surpresa dos dias que me presenteia sempre com o piar de um pássaro ardente.
Possuo
truques que são ouro e quando estou è frente de pessoas faço o mundo encolher e
caber dentro de uma colher, tudo se transforma em tripas coração pois existe
quem julgue que o mundo nunca voltará a ser o mesmo.
Alguém
me disse uma frase que escrevi em muitos sítios até se tornar a minha verdade,
ela diz que quando temos muito no interior desabamos casas cheias de bicharada.
Quando quero construir sobre elas nunca coloco cercas: o pasto de letras deve
estar ao seu alcance.
As
trutas nascem das mãos e voam para longe porque são trutas de escamas corpulentas
que sabem preparar-se para voar e estonteiam o céu. É vê-las nas manhãs claras
florescendo.
Ganho
qualquer jogo de cartas porque barulho o plural da cabeça dos outros, a minha carta
é sempre a carta certa pois onde meto a mão a sorte joga a meu favor. Sou sorte,
do pé ao tornozelo e mesmo os dois braços, nunca nada falha e eu agradeço ao
fim do dia.
Sonhei
o teu nome e ouvi o teu riso desaustinado ecoando pelas grutas rocambolescas dos
meus ouvidos. Era um dia claro e julguei que fosses ouro, então peguei na
picareta e esgravatei-te toda, o que achei é segredo que não pode ser
pronunciado.