Talvez as luzes de Natal me pudessem deixar menos reflexiva. Está tudo enovelado, um mundo que anda ao sabor das curvas acidentadas dos passeios que piso nas ruas sujas por lamas daqui e dali. E eu? Caminho, por vezes... Menos reflexiva, dizia... Pois bem, olho para as luzes e elas são tão opacas que pouco ou nada me inspiram. Muito menos confiança. São tranças luzindo o que os humanos não conseguem ser ou fazer... Talvez ser uma traça, talvez pudesse ser menos reflexiva sendo uma traça comendo o alimento do Natal, devorando as roupas ainda quentes pois a carência é também uma necessidade. No fundo, o meu caminho de traçado pouco tem.
Carpinteira
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Há tantos desertos
Percorro-os dentro e fora
Um esforço em ferida que me deixa sem pele
Repetindo-se no chão soturno
Que vai à minha frente
Criança sem olhos sou
De relento em relento
Nunca consegui ser o ser
Ouve-me, porque nunca falo
Mais do que os mil livros que gritei
Nas areias dos desertos que conheci
Ouve-me e leva-me palavras
Porque nunca conheci
Uma solidão tão grande dentro de mim
Sara
Percorro-os dentro e fora
Um esforço em ferida que me deixa sem pele
Repetindo-se no chão soturno
Que vai à minha frente
Criança sem olhos sou
De relento em relento
Nunca consegui ser o ser
Ouve-me, porque nunca falo
Mais do que os mil livros que gritei
Nas areias dos desertos que conheci
Ouve-me e leva-me palavras
Porque nunca conheci
Uma solidão tão grande dentro de mim
Sara
Choro todos os dias pela minha menina, o meu coração está despedaçado sem ti ao pé de mim... Os meus dias são sempre escuros e solitários e nunca houve Inverno tão frio como este...sem ti. Como estás, sem mim, nesse país quente, cheio de novidades, pessoas que tropeçam na tua vida, cheias de algo que tu não conheces e tens a curiosidade de querer saber? Como estão esses aromas, esses sabores de África, só sua, que agora possuís, e ardem dentro de ti? Conta-me, conta-me, porque aqui só há camadas de roupa por cima de camadas de roupa e pessoas rezando para que faça menos frio. Invejo-te quando te imagino de sandálias pisando uma qualquer areia que desconheço mergulhando nesse mar quente e rindo-te, esse riso que tão bem conheço, esse riso que digo ser meu, como se pudesses ser minha assim, as duas deitadas num pano chamado toalha, o céu brilhando em cima, os olhares brincando com a energia do sexo em baixo. Conta-me com quem estás agora, quem te toca, em vez de mim? Quero saber, não para me doer, mas porque sempre foi assim... Ver-te feliz nessas paisagens que filmas constantemente com os olhos rebeldes, com essa força imparável que sempre amei em ti. Foi sempre o que quis para ti... Mas diz-me amor, quem te toca aí? Porque se ninguém o faz, fá-lo-ei pelas vezes de quem o deveria fazer a ti...
Da Sofia para a Inia
Da Sofia para a Inia
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