domingo, 11 de maio de 2014


Sonhar

Era uma vez uma menina fantástica que sonhava o céu mais bonito do que ele era pois via nele cerejas que se emaranhavam umas nas outras para fazer fogo-de-artifício em todas as cidades transformando-as em barcos de piratas brincando aos tesouros escondidos. Ela saltava à corda nas nuvens desenhando os horizontes da sua fantasia e oferecia essas cores de vida, em risos, a toda a gente. No seu voo solar habitavam mil segredos sempre prontos a serem contados e ela soprava-os ao teu ouvido. O seu sonho ela sonha junto de ti. Esperam-te mil passos em frente, seguindo-se outros mais.


Ela
 
Tinha de ser do jeito que ela queria, e ela era uma espécie de magia. O seu sorriso levantava voo e o mundo seguia-o, parecia quase uma ordem a ser cumprida. Deusa era quando queria que os olhares fossem todos joias reluzindo perante a sua pompa e circunstância. Pediam os seus conselhos, desde a mobília até ao chapéu do moço, e mudavam até a música que ouviam. Os percursos eram por ela escolhidos e quem ficasse no cais perdia a sorte de um trilho para o paraíso, segundo dizia. A sua beleza desnudava qualquer um e quem se aproximasse demasiado gozava a vida num esplendor ilimitado. A noite era sua amiga pois nela fazia as suas tropelias e confundia quem encontrava no caminho com a sua alegria. Quem a conhece sabe que ela é mais do que aparenta, menina de um coração repleto de ouro.


Filosofia de pacotilha

 A filosofia queria ir para além da sua pequenez
E estreou-se na magia
Fazia desaparecer elefantes-bailarinos
Que voltavam pirilampos
Estes execravam cantar
Pois qualquer canção distraia a yoga que faziam
Tentou lavar ruas resumidas
Com um chuveiro de jubas de leão
Que logo enlameou o chão
E derrotou o alcatrão com o peso de quinquilharias
A filosofia desejava a mestria da sabedoria
Atirou-se ao alvo:
Aprendeu a contar histórias de embalar
Porque tinha de se enfiar num qualquer buraco