Azul, Verde e o Peixe Leão Rodeado de Laranjas
Atenção: este Escrito contém
partes muito divertidas e partes artísticas pintadas (de facto deu origem a
pinturas) com palavras soberbas e apesar de desejar ser organizado pode
tornar-se ligeiramente confuso para certas pessoas. Recomendo a leitura deste
Escrito pois soa-me muito bem quando o leio em voz alta e faz-me querer ler
mais coisas desta escritora baralhada das ideias que sabe fazer contas de
somar com facilidade.
Sou demasiado organizada pois planeio cada fio condutor da minha existência
e assim tudo o que me cerca deixa de ser enevoado e tropeça num sentido de
verdadeiro viver muito rocambolesco e depois mascaro-me por dentro com a forma de um barco cujas
velas criam o burburinho presente no núcleo de todos os sons. Sinto-me a
rebentar de dores de cabeça com os sons cavernosos que invadem os meus pulmões adoentados e que me fazem encher de
rebuçados de mentol; a realidade é que a minha tosse é algo
tímida embora eu sinta vulcões a rebentar vulcões dentro de mim. Também gosto de
repetir as contas para elas serem como a minha cabeça: estarem sempre certas,
devo ajuntar que são contas de somar que me oferecem benefícios sem instruções
de uso. Acrescento que a minha visão do meu cérebro funciona de maneira meio
transcendental: se um número da máquina de calcular é um neurónio meu então todos
os números com que me entendo são infinitos, por outro lado devo avisar que tenho um Q.I. muito superior à
média pois passo o tempo a inventar palavras como quem bebe a água da fonte e tem
a sabedoria relatada em livros como aqueles cheios de discursos dos velhos
casmurros da época de Pitágoras. Também sou velho casmurro pois por vezes teimo
em dizer que os arco-íris que engulo como sobremesa têm apenas as cores do meu
romance de Amor: são azúis e verdes. Com o azul do céu moreno pinto a vida,
o céu suja-se de pele morena por ter sido atacado pelos raios do sol que trepam pelas figueiras para
estas darem frutos fora de época, querem ser os milagres da atualidade apresentando a fruta - que enche cestos múltiplos - em dias diferentes dos meses da colheita. Com uma rapidez fora de série pinto a atroada
(vulgo barulho) das cidades por descobrir com um azul-escuro que se apresenta
monárquico na sua ilustração perfeita e feito à pressa
para incluir alguns extras bombásticos. Com o verde do musgo faço
pontaria aos pássaros que desenham com os seus pincéis aguados setas de Amor por todo o céu
azul, este muda de cor: o morena que vivia em pleno ócio é preenchido por um preto
graxa-dinamite e deixa de ter corpo, passa a flutuar existindo apenas vestido com
letras estranhas escritas com o sumo de uma dúzia de laranjas. Quem vai colher tantas
laranjas? De repente surge uma força meteorito-bravia vinda de um certo e
determinado peixe leão que está chateado da vida porque a sua juba é pequena
demais, então ele faz o seguinte negócio milionário com a narradora deste
Escrito: ele colhe as doze laranjas sem lhes tocar com a dentuça e a narradora
amalucada deste Escrito fornece-lhe uma juba maior. Assim foi: o peixe leão
roubou as tais doze laranjas de forma muito discreta e a narradora deste
Escrito esboçou uma juba em forma de pirâmide colossal com cores mais do que
selvagens (diria selváticas) que o peixe leão adorou e logo, logo passou usá-la
cheio de orgulho e vaidade, todos os bichos do mar repararam na sua nova juba e
perguntaram-lhe o nome da clínica (e respetivos contatos) que
fizera a maravilhosa cirurgia plástica da juba. O leão peixe apenas respondeu: apanhem
doze laranjas e peçam que cresçam laranjais ao redor do sal da água. Claro que ninguém
percebeu o seu dito, o peixe leão queria dizer que o açúcar das laranjas
acasala bem com o sal da água do mar; o que parece esquisito à primeira vista -
laranjas e sal juntos - pode ser o início dos degraus de uma pirâmide de
sucesso. Reli o que escrevi e penso que este Escrito está muito bem organizado
e por isso percetível, se não o compreendeu aconselho-o a ir beber uma
laranjada com umas pitadas de sal grosso.