segunda-feira, 13 de setembro de 2010


(Robert Motherwell)
Olá outra vez. Estou agora a rever os meus poemas “Negros”, tenho de ter outra colecção de poemas pronta para concorrer a concursos, para já só tenho uma: “Canções de Ternura”, e vê tu bem é sobre Amor. Estou a pensar chamar a esta colecção: “A ferida por baixo da cicatriz, quem cura?” Tenho tantos poemas, tenho de os organizar. São 84 páginas, eu vou na 17, mas estou a ver na diagonal. Aqui vai um, acho que não é nada de especial, mas não estou para estar aqui a escolher:

Se o sonho volta a mão para dentro
O trigo não deixa vir a ceifa
A canção não desce do céu
Aqui, onde moram todas as raparigas
Há tristeza e chovem os tremores da terra
Os poetas cantam sem virtude
No vazio das paisagens
E a menina mais nova da aldeia
Pergunta à mãe: levas-me à praia?

Os poemas negros não são nada de especial porque, acima de tudo, foram uma catarse de momento. Há uma faceta minha muito negra, ficas já a saber. Passei por muitas merdas e muitas dessas coisas ficaram entranhadas em mim, é a vida. Chamo-lhe a Escuridão. É um sítio muito feio, mortífero. E apesar da minha vida ter mudado substancialmente, das depressões terem acabado, ainda a sinto dentro de mim.
Já não me lembro da tua cara. Eu sei, é uma desgraça, mas já passou tanto tempo e foi só uma noite. Como é que eu te vou reconhecer? Eu acho que sim, que te vou reconhecer no meio de outras pessoas ou quem sabe sozinho. Acho que vou ter contigo e dizer: “não sei se te lembras de mim, eu estou um bocado diferente, mas estivemos uma noite juntos, numa noite de um arraial gay há cinco anos atrás (se calhar esta parte dos cinco anos não te posso dizer, era expor-me demasiado, logo se vê, “há uns anos atrás” será melhor)”. Se não te lembrares terei de ser mais específica: “estivemos a noite toda a falar numa casa onde havia uma festa e depois fizemos sexo no sofá, acabaste por te ir embora porque recebeste uma mensagem da tua ex-namorada”. Assim lembraste de certeza. E depois? Pergunto-te como estão as coisas com essa ex-namorada e se já acabaste o curso (risos). São as únicas coisas de que me lembro da nossa conversa, tirando a parte da poesia rimada e não rimada (o começo da conversa). Claro que depois houve a história do engate através das janelas. E a história do menino não querer usar preservativo porque sabia que não tinha nenhuma doença, até aí tudo bem, mas sabia, incrivelmente, que eu também não tinha nenhuma doença, completa irresponsabilidade.
Estou aqui nestas horas tardias só para te desejar as boas noites. É sempre bom ir para a cama despedindo-me de ti. Acredita que subia por ti acima (um aparte, agrada-me muito seres alto, depois posso explicar melhor) e enchia-te de beijos, se estivesses aqui comigo. Depois fazia do teu corpo a minha cama. Ontem à noite fiz amor contigo, chamei-te duas vezes “amor”. Achas preocupante? Pois eu não sei o que achar, acho isto tudo muito confuso. Beijo artístico.

(Amadeo de Souza-Cardoso)
Chega sempre a uma (várias) altura do dia em que tenho necessidade de comunicar contigo. Quero sempre dizer-te que me faltas. Que te quero ao pé de mim. Agora estou a falar com o meu amigo carnal do msn e acabei de lhe dizer, no seguimento da nossa “conversa sexual”: “o que o sexo faz à cabeça das pessoas”. Ao que ele respondeu: “se sei, ui”. Eu sei que neste momento a falta dele está a foder a minha. É uma desgraça. E a conversa sobre sexo continua, estamos a concluir que o tipo é um bom amante. O que me leva a questionar: serás bom amante? Não é que a gente não possa dar a volta a isso, caso tenhas alguns problemas. Mas a julgar por aquela noite parece-me que não te sais nada mal. Eu também não faço a mínima ideia se sou boa amante, portanto. Bem, quando leres isto, já devemos saber. Será que te lembras que eu te fiz um broche, uma coisa como deve ser, esmerei-me? Agora a conversa já vai no sexo anal, vê tu bem. De repente passámos para o sexo ao ar livre. Ainda está calor suficiente para eu agarrar em ti e…em qualquer canto da cidade.