quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A zebra e a raposa

Um elefante andava em baixo e uma lebre vestiu-se de raposa para o animar. O elefante percebeu o truque e também quis ser outro animal: mascarou-se de zebra. A raposa aguçou o dente e quis comer a zebra. A zebra tirou-lhe o tarot e nele viu um novo amor. A raposa deu pulos de alegria, depois encheu a zebra de perguntas: quem é, onde está? A zebra disse apenas que era um animal preto e branco. A raposa começou a rir-se: és tu, és boa para o estômago mas és melhor esposa. A zebra atirou-se para os braços da raposa e ficaram abraçadas um dia inteiro. No dia seguinte foram-se casar. 
Begónias

De manhã levantei-me com o cheiro a begónias, um cheiro que me perfumou o início deste dia, perseguiram-me até agora, até às 17:19 de uma quinta-feira. Estava a chover, apenas levei as galochas e fui correr por vales verdejantes. Azulei um deles e ele encheu-se de comichão. A cada dia a minha confusão cresce, estou na parte alta de uma montanha e não vejo um palmo à frente porque apenas há nevoeiro à minha roda. Passa por mim um tipo de lábios carnudos e dou-lhe um beijo no lábio superior, ele ri-se. Roubo-lhe o lábio e faço dele um dos meus porta-chaves. Quando aparece um arco-íris conto-lhe as cores e faltam duas, fico muito contente porque é um daqueles arco-íris que apenas aparecem um par de vezes na vida. Faço uma magia: uma chuva de corações, as begónias ficam com odor a sol. Às 17:20 revejo as minhas notas sobre este dia e digo: boa caçada.