Era uma vez uma aranha e uma melga que viviam no
meu quarto e depois escrevi outras coisas
A minha Escrita é um grande emaranhado de teias
de aranha que capturam insetos que se entusiasmam ao falar sobre tudo aquilo
que vive nos vitrais que sublinham de forma pouco cavalheiresca (pois têm
demasiada pressa) todas as vontades rocambolescas do maior dicionário de fios
elétricos existente, ou seja, o tudo se resume ao meu cérebro transpirando palavras
de grande fertilidade em tons de energia sempre laboriosa, esta ativa o
oxigénio que me faz vibrar toda em saltos que têm a vontade de contar coisas
extraordinárias. Conto-vos agora um pequeno texto de valor questionável: não
sei por onde deambula a minha nova aranha, sei apenas que a melga que
sonorizava as minhas noites morreu. Gostava de lhe fazer um funeral condigno
mas desconheço o paradeiro do seu corpo magro de bisnaga assanhada e voraz do
sangue jovem que rebenta com as linhas direitas do meu quarto sempre desarrumado,
a sua desarrumação é como os números que são para dividir: números de tamanho arranha-céus
que ninguém consegue contabilizar. Por fim, estou preocupada com a conta da eletricidade
do meu dicionário atual: são vários comboios incontáveis que se de se reúnem aos
tropeções que são um bilhar sempre a pontuar e são dinamite pura ao escrever. Agora
vem o “por fim número dois”: nem acredito meu Deus celestial que vem um túnel na
minha direção, o comboio onde navego a minha vida respira notas de músicas quentes
constrói que são o rio em descida rumo a outras dimensões que vivem uma
catadupa existencial, o comboio é grande demais para ver o outro lado do túnel,
então furo a terra com um trator furibundo de um século antigo e sou o um barco
de terra firme velejando com uma velocidade de truques sem igual. Mas no meu
interior existem demasiados passageiros travessos que tornam o ar irrespirável
dentro das carruagens, peço educadamente às carruagens cheios de calor que
soltem músicas de fundo serenas pois é preciso acalmar a exaltação dos
passageiros mais duros de roer, furei também a régua que mede as distâncias e
que está sempre certa mesmo perante uma vertigem de turbulência atroz, uma
régua de plástico que tem os números pintados a verde alface, cor que faz lembrar
a vida campestre que todos desejamos nos sonhos de que imitam a infância
crianças, é uma régua que tem regras que existem para planear a vida de cada
minuto que passa célere, deseja assim ser outros minutos que desejam voar
mirabolantes. Apercebi-me então que sou um comboio astuto e devo acrescentar
que vendo bilhetes baratos para toda e qualquer viagem, com ou sem túneis. Fim Total: tenho saudades das minhas companheiras de quarto, não sei por onde se passeiam as minhas amigas aranha de teia ventilada e melga do apetite que treme tudo num raio de metros, elas tinham alugado uma cama de molas flexíveis na minha rebelde desarrumação, ela é uma relíquia de pó rangente no meu adormecer mas ainda assim ronco toda a noite, elas tinham alugado as camas traiçoeiras para um ano, onde estão as minhas queridinhas?
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