terça-feira, 29 de julho de 2008



(Pain)
Sentes o meu gesto
Falando a dimensão da tua pele
Porque é que ela não
Se se debruça sobre
A minha vida de mel?
Ouves o meu silêncio
Que não consegue falar
Eu não sinto o teu gesto
Que deixas morrer no meu olhar
Pearl Jam: "Blood"

spin me round, roll me over, fuckin' circus
stab it down, one way needle, pulled so slowly
drains and spills, soaks the pages, fills their sponges
it's my blood
it's my blood
paint ed big...turn ed into...one of his enemies...
it's my blood
it's my blood
it's my blood
stab it down, fill the pages, suck my life out
maker of my enemies...
take...my...life
fuck...fuck...fuck...fuck...fuck...fuck...
Nunca quiseram olhar para mim naqueles estados depressivos, fazia muita confusão, pois agora estou pior e cada vez fui ficando pior. Devem achar que estou mesmo maluquinha depois do meu episódio de mania. Achem o que quiserem, porque estou tão só que isso não interessa. Não conseguiam lidar comigo, não sabiam o que dizer, nem tentaram muito, não é, nem procurarm informar-se, se calhar eu não era suficientemente importante. Ora a maluquinha só pede que, se por acaso tomar os 80 comprimidos, publiquem a obra dela que deve ter sido a melhor coisa que ela já fez, uma vez que com as pessoas falhei redondamente. Acho que não é pedir muito.

Sofia Sara Fontes Felix Mendes Leal


(Suicide)
Poema explicativo de alguns pensamentos suicidas:

80 comprimidos
Que empurram para o fim
Enterrada no deserto
Já a distância é demasiado longa
Para se recuperar um pedaço do mundo
Porque a dor total em si mesma
Não tem de viver permanente em mim
A escuridão que mata os olhos
Que mata a vida em si
Então que morra
Com 80 comprimidos
Porque a vida perdeu todo e qualquer sentido
E não quero ter de acordar nem mais um dia
Nem mais um minuto
Para saber que vou continuar a viver
Apenas na dor de sofrer
Poema novamente dedicado às pessoas que dizem gostar muito de mim, familiares e amigos, ex-namorados e que realmente nunca estiveram lá quando precisei, ao ponto de me ter auto-mutilado, ter tido uma overdose de heroína com cocaína, de me ter drogado várias vezes com cocaína sozinha, odiado (e a elas também) e de ter pensado repetidas vezes em suicídio (a pontos tão dolorosos que ninguém faz ideia). O doença bipolar por si só não é explicação, a solidão e a falta de carinho e compreensão são muito piores:

Os gestos de sangue nos braços
Que de vida se esvaziam
Tu nem perguntaste
Por essas feridas profundas
Estando elas à tua vista
Um poço sem fundo
Onde estive enterrada
O arame farpado era a minha vista
Nunca estive à tua frente
Só a porta de saída


(Hung Li)
Os últimos 4 anos da minha vida têm sido muito complicados para mim, eu digo sobre mim própria que sou uma resistente, mas serei muito mais por ter aguentado todas as provações a que resisti e que ainda estou a resistir.

Este poema é dedicado a todas as pessoas que sempre disseram que gostavam de mim e que obviamente eu poderia contar com elas nos momentos mais difíceis, porque nos momentos em que estou bem disposta e divertida é fácil estar comigo.

O ano que passou foi o pior ano da minha vida porque foi o mais solitário e doloroso. Acho que nunca me senti tão sozinha na vida. Esta nova forma de vida prossegue este ano, mas agora já sei que o mundo é "assim", o que não implica que sofra menos.

Porque o mundo não perdoa
As palavras fechadas
Nessas estações amargas
Eu corto em gestos de sangue
Os braços que se esvaziam
Dessa vida que tu não olhas
No meu coração devastado
Quando eu fui apenas raiz seca
Tu foste a condessa
Que talvez me tenha acenado
Soube então o que era
O esquecimento tremendo
Às portas do inferno