quarta-feira, 16 de julho de 2008

Sabes Sara, o que custa é este chão que se esvazia quando parecia cheio, e o cheio partiu-se em nadas e a terra endureceu e crava-se, como dantes...
Não segui esse conselho de atritos, essa ordem, essa coisa sem forma, nem sigo coisa que venha como uma espécie de grito imposto que diz saber melhor que vontade minha atando-me as mãos, os olhos de venda forçando-me a vista, não quero cenouras à frente, só quero a minha respiração.
Um desejo de um tamanho de uma porta de entrada, os meus pés reflectindo o sabor da corrente. Sobre o um sol eriçado uma serpente de rumo veloz. Onde vais com essa voz? Um pé encostado à formosura, outro correndo cores vivas e suas loucuras. Há fé neste molhado de chuva que acelera o tempo e traz ares de festas. Porque gritam tanto as emoções?! Porque se multiplicam num furor sem fim. Pensa longamente nas suas formas e verás que atropelam narizes empinados e revelam segredos nunca antes revelados.


Porque se impregna nas gotas de chuva que caminham para onde a sujidade costuma caligrafar, esse não é o meu lugar, e eu não suporto a estação das chuvas e os seus degraus negros, esse labirinto de maças verdes que vem envenenado de um ceremonial já caducado, eu sou a abstracção e sigo as regras que o ritual devo, paciente é um lugar e demente é outro pior, fica pela tua palavra eu sigo onde eu me levar.

Tell me
How does it feel
To be cruel
Like you are to me?
A chave

Uma chave de um cavalo que nas águas cavalguei a um motor de 20 tempos. Quanto tempo tens até rebentarem os minutos? Porque o tempo voa, rebelde como ondas atormentadas pela falta da mãe. Uma chave de pele de carneiro, semeando leões, colhendo o rasto dos cavalos, esses homens que permanentemente se põe de lado para lhes desenharem as faces. A tua face já eu conheço, é a de um corpo que mistura rum com aguaceiros. Será que me esqueci do chapéu de chuva. Quando vieres vem inteiro.


(Clóvis Graciano, "Auto-Retrato e Mão")

Esta pintura faz tanto lembrar "uma pessoa"...


(Maio de 68)
Segui o conselho de umas amigas e fui ao cabeleireiro, um aqui no bairro ao pé de casa dos meus pais. Começaram logo a elogiar-me os cabelos, “que bela cor, que cabelos tão blá, blá…” O costume. Eu só pensei: quanto é que vai custar-me tanto elogio? É uma seca, é como as depilações e as compras e essas cenas de gajas. Tento pensar que estou a aprender alguma coisa com aquilo, mas depois de tantos cortes… a conversa não diverge muito… Queriam fazer-me tudo: madeixas, ondulações, pintar, fazer-me gastar dinheiro… Eu queria pirar-me! Continuavam a fazer-me elogios, estive quase para lhes perguntar se não se tinham enganado na pessoa. Pirei-me: 25 euros para dar uns cortes, foda-se! Fui ao supermercado, grande discussão entre a senhora da caixa e uma senhora com cerca de 70 anos que teimava que o Nestum custava na semana passada 5 cêntimos menos. Eu meti-me, expliquei-lhe a crise, a questão do petróleo, as taxas não sei do quê, essas coisas... Ela lixou-me: e o iva a 20%? Pois, mas conta menos, a crise está afogadíssima nos seus 5 cêntimos de Nestum e nada lhe vale: crise muito negra. A senhora da caixa já não estava com paciência para a conversa e disse: leve lá o Nestum ao preço antigo. Depois ri-me para a senhora e convidei-a: vamos beber uma limonada numa dessas esplanadas?
Bianca pára, assim rebentas tudo por dentro e os rochedos das tuas feridas vão gritar-te durante anos sulcando-te essas trevas, com as quais lutas. Bianca, lágrimas subterrâneas nos passos em pedaços ferozes, não consigo pará-las Bianca. Tem de ser a tua mão, largando o ar irrespirável da noite, a cólera contida dos dias, voltando tu Bianca a caminhares pela sala.
Um à parte para se riram: o filme sobre o Maio de 68 vinha embrulhado num fino papel de plástico e como eu sou um pouco desajeitada, nunca mais conseguia tirar aquilo. Resultado: saiu aquele primeiro papel de protecção e o do filme, consegui romper em grande medida com o do filme. A minha mãe vai matar-me mesmo desta vez! Nem eu mesma acredito nas coisas que faço!!!

Será que está para acontecer o Verdadeiro Ano de 2008, com esta crise, esta revolta, e necessidade de MUDANÇAS ESTRUTURAIS!?


Les Libertés ne se Donnent Pas, Elles Se Prennent!
A minha mãe ofereceu ao meu pai, entre outras coisas, "Os Dias de Maio - o único filme autêntico sobre o espírito do Maio de 68"

Estou em pulgas para o ver, mas ao mesmo tempo cheira-me que isto pode descambar ainda mais tudo isto!

A Utopia Em Marcha
Procuram-se electricistas com muita experiência, para desinstalação do meu quadro eléctrico e substituição por um mais decente, que não esteja sempre a dar curtos de circuito, ir a baixo, apresentar contas de electricidade muito altas. E acima de tudo: a rebentar-me com os fusíveis!!!

Péssimas condições de trabalho, perigo de ser eletrocutado, ambiente humano em degradação, refeições (talvez) e uma carga de trabalho pesadíssima para ocupar o resto da sua existência absurda. Algumas surpresas imprevisíveis…

Contacto:

João Vale, eu se fosse a si tinha muito medo, mas se aceitar vale pela coragem
Vinha um cordel atado num nó. Um dia desatou-se. Desatou a fugir até mais não por esse universo afora. Viu as estrelas e as suas constelações, inúmeros planetas, buracos negros e prateados. Um dia vinha um atado e o cordel atou-se novamente n’ele.
Nada interessa realmente nesta sucessão de sucessões que são sermões, normas, morais, prisões palrando. O ser até tem regras de gramática encovadas nos ouvidos. Eu sou desléxico, os meus ouvidos e palavreadas têm muitos labiríntos e letras trocadas. Queres que te diga, eu digo: nada interessa. A borboleta era bela mas foi-se rapidamente embora da minha vista, morreu. Porque tudo é áspero e pouco impressionante, para além do sangue que escorre para os rios diariamente. Acompanhado de um fervor em queda permanente... cabelos anteriormente soltados ao sonho... mas repara na verdade nada interessa realmente.

Ian
Bruno, as minhas mãos cerram-se e eu choro essas lágrimas minhas de raiva. Mas Bruno, as tuas mãos de cavalo andante apanharam-me sempre do chão, nesse convite de rebolarmos sempre juntos na relva meiga.

Bianca
Yogurt tentativa 2

A/O engraçadinha/o que se armar em engraçadinha/o desta vez fica a saber:

As consequências serão gravissímas!!!

(gravissímas é um novo estilo musical?)

(é uma parte interior da garganta, que liga as cordas vocais umas às outras)

(isso é bom?)

(quando ela sobe as ditas vocais não costuma ser...)


(Hildebrand Moguiê, "Paisagem")
"Niilismo x Existencialismo

O niilismo não é um produto de qualquer actividade mental, quem resolve aderir ao niilismo já tentou de tudo, penso eu. Mas na verdade é um acto de coragem. Não é qualquer um que tem peito de assumir publicamente que sua existência é desprovida de qualquer sentido e que tudo, tudo mesmo, é produto do caos.
Ser existencialista é bem mais poético e belo. O homem como ser único, responsável por seus atos e seu destino. Isso é reconhecer a subjetividade humana. Mas... Contrapor existencialismo e niilismo faz bem... Talvez até pudéssemos dividir o mundo em dois grupos: Existencialistas e Niilistas. Mefistófeles x Kierkegaard."

(Nostalgia Metafísica)

Sempre me assumi como Existencialista... Mas neste momento sou adepta do Niilismo... A minha existência vive respirando oxigénio e dizendo/fazendo umas coisas... mas nada na verdade interessa muito e o caos, esse, é real. Tentar dar significado às coisas, quando elas são efémeras e tudo, num ápice, nos escapa das mãos... Tudo pode ser o ser contrário, tudo pode ser nada. A busca do(s) sentido(s) é um estádio estranho, porque há tantos sentidos, caminhos... Acho que o acaso aqui mete a colher. Fiz escolhas, e as que não fiz? A vida continua, os dias sucedem-se. Tenho de fazer escolhas, tomar decisões, mas muitos dos resultados não dependem de mim. Portanto... A vida continua, os dias sucedem-se...
Boa dia,

Acabei de acordar, estava a fumar e a beber um yogurt líquido ao mesmo tempo e às tantas, por duas vezes, coloquei a cinza dentro do yogurt. Portanto, as minhas primeiras palavras de hoje foram: "Foda-se estás parva, o que é que estás a fazer?!". O que é sempre bom, quando de seguida se ouve um "não fui eu, fui ele" "ele o pi pi pi (asneiras)!" E assim começa uma bela manhã...

(ó Bruno, não te metas com tretas, bem sei que foste tu...!)

(Foi o Grabriel pá, essa cara de anjinho não engana ninguém)

(Foi, não foi, e que tal alguém ir buscar outro yogurt?)

(Oh yeaahh! As seus desejos são ordens Miss Sarita...)