quinta-feira, 15 de dezembro de 2016



Era uma vez uns piolhinhos verdões

Aninhamo-nos debaixo de um arvoredo de eucaliptos e amoreiras e ficamos horas a inventar histórias juntos, histórias de animais que falam com nobreza ou que são fala-barato, Nós Dois também somos assim: sou uma princesa beijoqueira e tu és um grilo preto primo dos piolhinhos verdões. De dentro do eucalipto sai o cheiro afrodisíaco a mentol, de dentro da amoreira saem meia dúzia de bichos-da-seda atrás desse cheiro. Do nada aparecem uns quantos piolhinhos verdões de visita ao primo grilo preto Pascoal que se chama assim porque nasceu na Páscoa, o que o satisfaz muito pois tem gula de ovos da Páscoa. Pus a cabeça sobre o teu peito de onde saíram pelos-esfregão parecidos com bocados de musgo, daquele que não larga, talvez sirva para um presépio. Disseste: “vou-me aperceber quando adormeceres, ouço um roncar de bicho não qualificado” Gozaste com os meus pelos: “vais ver que faço os teus pelos caírem de fraqueza após ouvirem os meus roncos com demasiada intensidade para eles”. “Ainda não percebi querida como é essa história da intensidade entre Nós, aguentamos bem o camião?” “É um camião de carga não te esqueças, nunca vai ao fundo”. Entretanto, o Nosso lugar de sossego estava apocalítico: os piolhinhos verdões tinham comido uma boa parte do eucalipto afrodisíaco e andavam a arrastar asa aos pelos-esfregão do personagem, os bichos-da-seda tinham aumentado muito de tamanho pois estavam a comer a paisagem toda à Nossa volta. O Pascoal estava de volta com o computador da outra personagem e estava a pedir pela internet ovos de Páscoa gigantes. Sabes que mais Sandrina: com a tua mania de organizar, classificar, ordenar tudo és quem deve tomar conta das ocorrências desta história.

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