Era
uma vez uns piolhinhos verdões
Aninhamo-nos
debaixo de um arvoredo de eucaliptos e amoreiras e ficamos horas a inventar
histórias juntos, histórias de animais que falam com nobreza ou que são fala-barato,
Nós Dois também somos assim: sou uma princesa beijoqueira e tu és um grilo
preto primo dos piolhinhos verdões. De dentro do eucalipto sai o cheiro afrodisíaco
a mentol, de dentro da amoreira saem meia dúzia de bichos-da-seda atrás desse
cheiro. Do nada aparecem uns quantos piolhinhos verdões de visita ao primo
grilo preto Pascoal que se chama assim porque nasceu na Páscoa, o que o satisfaz
muito pois tem gula de ovos da Páscoa. Pus a cabeça sobre o teu peito de onde saíram
pelos-esfregão parecidos com bocados de musgo, daquele que não larga, talvez
sirva para um presépio. Disseste: “vou-me aperceber quando adormeceres, ouço um
roncar de bicho não qualificado” Gozaste com os meus pelos: “vais ver que faço
os teus pelos caírem de fraqueza após ouvirem os meus roncos com demasiada
intensidade para eles”. “Ainda não percebi querida como é essa história da
intensidade entre Nós, aguentamos bem o camião?” “É um camião de carga não te
esqueças, nunca vai ao fundo”. Entretanto, o Nosso lugar de sossego estava apocalítico:
os piolhinhos verdões tinham comido uma boa parte do eucalipto afrodisíaco e
andavam a arrastar asa aos pelos-esfregão do personagem, os bichos-da-seda
tinham aumentado muito de tamanho pois estavam a comer a paisagem toda à Nossa
volta. O Pascoal estava de volta com o computador da outra personagem e estava
a pedir pela internet ovos de Páscoa gigantes. Sabes que mais Sandrina: com a
tua mania de organizar, classificar, ordenar tudo és quem deve tomar conta das ocorrências
desta história.
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