Afinal
foi a comida
Parem
tudo, parem tudo pois ao acordar não o encontrei junto de mim, parem tudo e
procurem-nos pois sem ele não quero envelhecer, ele dava-me um toque de bons
dias todas as manhãs, uma espécie de sino que salpica para fora quando é tocado
com força e hoje tudo o que ouvi foi silêncio. Quando estávamos os dois numa qualquer
tipologia de casa existia sempre sonoridade e normalmente era eu que o
atropelava na conversação, ele dava-me uma festinha no cimo da cabeça e deixava
que eu dissesse tudo e mais alguma coisa. A cama está maior sem ele e falta
essa peça para tudo ficar completo. Ele é grande mas não ocupa muito espaço
porque se estica todo e depois cola-se ao meu corpo, diria que é como a “cola
tudo”, aquela que não despega nunca. Levantei-me triste pois Nós somos muito um
do outro quando nos levantamos, é quando planeamos o Nosso dia e os Nossos
afazeres. Encaminhei-me para a cozinha e eis que ele estava lá a comer a comer
qualquer coisa: “Meu Amor, não tinha dado conta de que já estavas acordada,
deu-me uma fera de apetite, quis devorar uma tigela de Nestum”. “Doeu-me tanto
o coração sem ti, sem ti senti que não era capaz de existir”. “Estou aqui doce,
doce para ti apenas para vivermos a Nossa Magnífica História de Amor Verdadeiro”
“Yupi!”
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