Vicks vaporub pomada
Reparei
agora que o Vicks vaporub pomada vem numa embalagem quase toda verde, é incrível existir tanto
verde à minha volta, mais um pouco saberei o nome de todas as árvores
portuguesas (mentirosa, não distingo um pinheiro dum carvalho), dizem que verde
é a cor da Esperança, eu digo que é o nome do meu Amor Verdadeiro que cresce
desordeiro e livre. Há quem use o Vicks esfregando-o no peito para acalmar eu é
constipações e gripes (duas coisas que aposto que sofrerei este inverno, e quem
sabe mais do que uma vez) eu encharco os meus pés com ele pois tenho um
problema que não sei qual (a médica mandou-me fazer exames mas cada um custa um
batalhão de euros) é e quem me gela os pés ao ponto de me dar frio. O Vicks é
pior do que a maior fogueira existente, ele surge para massacrar o frio, incha-o
até rebentar, expulsa-o à vassourada e nem um micróbio de frio resta. Mas estou
a esquecer-me do outro protagonista: meias muito grossas, umas por cima das
outras, são mantas de pés muito guerreiras que batalham lado a lado com o Vicks.
Não vejo as batalhas, mas oiço-as pois são de uma tal intensidade que tudo à
volta para para saber de onde vem aquele barulho quase ensurdecedor que apenas
se trata do grito do herói em pleno. Depois das mil batalhas, dos canhões serem
esvaziados e os feridos serem encaminhados para o hospital eu sorrio: já não
tenho frio, já passou o pior. Penso: mas há mais pior, sim mas há Esperança.
P.s.: a verdade é que eu sei o que é um pinheiro, já estive debaixo de muitos, a minha infância toda. Os carvalhos? Os carvalhos é outra história, sei que existem muitos mas não me vem à cabeça um único traço desse arvoredo. Ele que me desculpe, não quis ofendê-lo, irei informar-me.
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