(Jumeaux, "Cubik eye balls")
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Tudo o que tenho são restos
Do que era uma vez
Para trás uma distância criou-se
A cerca do jardim envelheceu
Com o passar dos anos
Os sonhos são um dissabor agora
Tudo o que tenho
Cabe numa pequena mala
E transporto-a na cidade
Em que me desiludi
Tantas fronteiras cresceram
Que tudo o que tenho
É o que sobra do que
Um dia foram os nossos risos abertos
Do que era uma vez
Para trás uma distância criou-se
A cerca do jardim envelheceu
Com o passar dos anos
Os sonhos são um dissabor agora
Tudo o que tenho
Cabe numa pequena mala
E transporto-a na cidade
Em que me desiludi
Tantas fronteiras cresceram
Que tudo o que tenho
É o que sobra do que
Um dia foram os nossos risos abertos
domingo, 28 de setembro de 2008
A perda é sempre uma ameaça
Porque o ciclo do labirinto
Em que por vezes nos encerramos
Abre-se uma e outra vez
E o grito é igual a ontem
No sufoco que mal respira
O olhar desce com a mesma prostração
Aquela em que gelámos
Nas gaiolas sem portas
Quando estávamos enterrados
Na estagnação da vida
A perda pode repetir-se sempre
Pode secar novamente os rios
De um coração aceso
Porque o ciclo do labirinto
Em que por vezes nos encerramos
Abre-se uma e outra vez
E o grito é igual a ontem
No sufoco que mal respira
O olhar desce com a mesma prostração
Aquela em que gelámos
Nas gaiolas sem portas
Quando estávamos enterrados
Na estagnação da vida
A perda pode repetir-se sempre
Pode secar novamente os rios
De um coração aceso
sábado, 27 de setembro de 2008
essa espécie de volúpia
enquanto vou caminhando pelo teu corpo
o meu desejo na boca do teu desejo
acordas dentro de mim
todos os dias com querer
és mais doce do que as framboesas
essa doçura que se derrete
na profundidade da pele
ter-te enrolado nos meus braços
é como estar mergulhada em veludo
um céu enamorado cintilando o sonho
uma paixão infinda que liberta
a sua respiração impetuosa
que somos nós dois
nesta aventura encantada
pelos movimentos que unem
o calor dos nossos peitos
enquanto vou caminhando pelo teu corpo
o meu desejo na boca do teu desejo
acordas dentro de mim
todos os dias com querer
és mais doce do que as framboesas
essa doçura que se derrete
na profundidade da pele
ter-te enrolado nos meus braços
é como estar mergulhada em veludo
um céu enamorado cintilando o sonho
uma paixão infinda que liberta
a sua respiração impetuosa
que somos nós dois
nesta aventura encantada
pelos movimentos que unem
o calor dos nossos peitos
Este campo que alcança
Qualquer olhar de perto ou de longe
Ressuscitando a juventude
O sabor da liberdade
Está em mim porque te espero
Junto de um laranjeira
Preciosa árvore colorindo a paisagem
Seus frutos lembrando o teu sabor
Neste mundo tudo é movimento
Os pássaros parecem correr
Nos seus voos e a água do riacho
Está irrequieta mas cristalina
Espero-te com uma intensidade dourada
Soltando-se sobre a minha face
Como se viesses ao me encontro
Sendo o próprio sol
Qualquer olhar de perto ou de longe
Ressuscitando a juventude
O sabor da liberdade
Está em mim porque te espero
Junto de um laranjeira
Preciosa árvore colorindo a paisagem
Seus frutos lembrando o teu sabor
Neste mundo tudo é movimento
Os pássaros parecem correr
Nos seus voos e a água do riacho
Está irrequieta mas cristalina
Espero-te com uma intensidade dourada
Soltando-se sobre a minha face
Como se viesses ao me encontro
Sendo o próprio sol
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
verde mar claro
bem perto de mim
consigo sentir-te
molha-me os pés devagar
com as tuas ondas
de doçura rebentando lentas
enquanto escuto de olhos semicerrados
esse som só teu que me encanta
mar claro verde
alcança o meu coração
oiço já o seu despertar
alimentado pelo baloiçar
meigo das tuas ondas
claro verde mar
agora libertando-me de todo
o que me rodeia
dentro de ti vou entrar
bem perto de mim
consigo sentir-te
molha-me os pés devagar
com as tuas ondas
de doçura rebentando lentas
enquanto escuto de olhos semicerrados
esse som só teu que me encanta
mar claro verde
alcança o meu coração
oiço já o seu despertar
alimentado pelo baloiçar
meigo das tuas ondas
claro verde mar
agora libertando-me de todo
o que me rodeia
dentro de ti vou entrar
Língua-Mar
A língua em que navego, marinheiro,
na proa das vogais e consoantes,
é a que me chega em ondas incessantes
à praia deste poema aventureiro.
É a língua portuguesa, a que primeiro
transpôs o abismo e as dores velejantes,
no mistério das águas mais distantes,
e que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
que a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa a caminho dos instantes,
cruzando o Bojador de cada dia.
Ó língua-mar , viajando em todos nós.
No teu sal, singra errante a minha voz.
A língua em que navego, marinheiro,
na proa das vogais e consoantes,
é a que me chega em ondas incessantes
à praia deste poema aventureiro.
É a língua portuguesa, a que primeiro
transpôs o abismo e as dores velejantes,
no mistério das águas mais distantes,
e que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
que a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa a caminho dos instantes,
cruzando o Bojador de cada dia.
Ó língua-mar , viajando em todos nós.
No teu sal, singra errante a minha voz.
Adriano Espínola - Nasceu em Fortaleza em 1952. Professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará e professor-leitor na Université Stendhal-Grenoble III (1989-91). Autor de vários livros de poesia e de antologias em português e em inglês.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
musa que todo o meu ser
parece encantar
escuto a tua bela canção
e os teus versos quero partilhar
és quem eleva o mundo
à estrela mais alta
fazendo o seu orvalho
crescer no meu coração
na nossa escalada juntos
poderíamos ser
todos os dias que se abrem
anunciando a respiração
do amor como o simples
canto das aves
Jaime
parece encantar
escuto a tua bela canção
e os teus versos quero partilhar
és quem eleva o mundo
à estrela mais alta
fazendo o seu orvalho
crescer no meu coração
na nossa escalada juntos
poderíamos ser
todos os dias que se abrem
anunciando a respiração
do amor como o simples
canto das aves
Jaime
sábado, 20 de setembro de 2008
quem sabe
se era o dia certo
aquela manhã
de um silêncio absurdo
uma ferocidade no ar
porque caíram os ninhos das árvores
porque tudo se afazia a assustar
ficar parada, tentar respirar
quando o cansaço dos dias
parecia quase atropelar
calando quem entoa
as canções de beleza que pairavam pelo ar
a respiração a resfolegar de novo
como quem atira pedras
as frases erradas sem data
a contagem das perspectivas
a cabeça não pára
de guardar os momentos
das viagens que ficaram para trás
dos passos que nunca dei
em todo o lado nada dialoga
escuto o que talvez possa
ainda escutar: o som do vento
subindo sem certeza e razão
se era o dia certo
aquela manhã
de um silêncio absurdo
uma ferocidade no ar
porque caíram os ninhos das árvores
porque tudo se afazia a assustar
ficar parada, tentar respirar
quando o cansaço dos dias
parecia quase atropelar
calando quem entoa
as canções de beleza que pairavam pelo ar
a respiração a resfolegar de novo
como quem atira pedras
as frases erradas sem data
a contagem das perspectivas
a cabeça não pára
de guardar os momentos
das viagens que ficaram para trás
dos passos que nunca dei
em todo o lado nada dialoga
escuto o que talvez possa
ainda escutar: o som do vento
subindo sem certeza e razão
Há um disfarce
Esse jogo que fazes contigo
Nessa cegueira de olhos abertos
Numa rua de pessoas
Que apenas seguem os seus caminhos
Penas por vezes por serem pessoas
Pois o teu tom é de desprezo
Talvez o teu olhar mande no mundo
Mas respiras o som de qualquer moribundo
Despejando os teus dias na inutilidade
Gostas de te expandir
Talvez te apaixones pelo sorriso
De uma criança num berço
Mas cá dentro cai o casaco
E está demasiado frio
Não consegues copiar
A suposta arte do exterior
Sentaste no sofá
Enquanto tudo parece desabar
Mas sim há a máscara
Vais a tempo de compô-la
E volta tudo ao seu lugar
Esse jogo que fazes contigo
Nessa cegueira de olhos abertos
Numa rua de pessoas
Que apenas seguem os seus caminhos
Penas por vezes por serem pessoas
Pois o teu tom é de desprezo
Talvez o teu olhar mande no mundo
Mas respiras o som de qualquer moribundo
Despejando os teus dias na inutilidade
Gostas de te expandir
Talvez te apaixones pelo sorriso
De uma criança num berço
Mas cá dentro cai o casaco
E está demasiado frio
Não consegues copiar
A suposta arte do exterior
Sentaste no sofá
Enquanto tudo parece desabar
Mas sim há a máscara
Vais a tempo de compô-la
E volta tudo ao seu lugar
João, sentir-te é como ter as flores todas respirando sobre mim. A nossa viagem pulsa ainda aqui dentro e os meus lábios são uma labareda constante, como se ainda estivessem colados aos teus. O sangue corre recriando a própria vida, não há qualquer distância entre nós dizem-me as estrelas.
Sofia
Levaste-me com todos os teus pássaros a percorrer essa viagem azul que só tu conheces. Uma canção que entrou no meu corpo e no teu abraço ardente deixou-o fora do tempo. Procurei-te em todos os lugares e no decorrer da intimidade de uma viagem fui encontrar-te.
João Vale
A tua sensualidade é um vendaval na minha pele como se todas as minhas pétalas rebentassem de repente numa Primavera. As mãos percorrem o resplendor do teu corpo reacendendo fogos antigos. Sentir a tua exaltação aumentar, enquanto em mim cresce o desejo que inunda todos os sentidos e o meu corpo embriaga-se no teu.
Sofia
Parece um sonho quando deslumbro a nudez do teu corpo em ondas que me arrebatam. Os meus gestos iluminam toda a tua beleza, essa paisagem perdida que só tu mesma és. O meu peito fala a descoberta de uma nova voz, enredado pelo teu cântico. A terra é agora imensa e soa à música dos corpos sonhando todos os horizontes.
João Vale
Sofia
Levaste-me com todos os teus pássaros a percorrer essa viagem azul que só tu conheces. Uma canção que entrou no meu corpo e no teu abraço ardente deixou-o fora do tempo. Procurei-te em todos os lugares e no decorrer da intimidade de uma viagem fui encontrar-te.
João Vale
A tua sensualidade é um vendaval na minha pele como se todas as minhas pétalas rebentassem de repente numa Primavera. As mãos percorrem o resplendor do teu corpo reacendendo fogos antigos. Sentir a tua exaltação aumentar, enquanto em mim cresce o desejo que inunda todos os sentidos e o meu corpo embriaga-se no teu.
Sofia
Parece um sonho quando deslumbro a nudez do teu corpo em ondas que me arrebatam. Os meus gestos iluminam toda a tua beleza, essa paisagem perdida que só tu mesma és. O meu peito fala a descoberta de uma nova voz, enredado pelo teu cântico. A terra é agora imensa e soa à música dos corpos sonhando todos os horizontes.
João Vale
terça-feira, 16 de setembro de 2008
João, se fôssemos os dois juntos dar um passeio pelos campos abertos da nossa cidade com a nossa grandeza espelhando-se nos céus, namorando os pássaros? Se a nossa sabedoria em comunhão fosse cristal de mil cores brilharia em qualquer olhar. João, vem comigo, juntos seremos mais reais.
Sofia
Sofia, o teu passeio são borboletas que chamam incessantes por mim. Quero soltar-me e ir de olhos fechados dentro de ti. O que se espelha nos céus são as nossas vontades de criar o magnífico. Mil cores brilham já porque sinto-as florindo pelos campos abertos da nossa cidade.
João Vale, um passeio vale muito
Sofia
Sofia, o teu passeio são borboletas que chamam incessantes por mim. Quero soltar-me e ir de olhos fechados dentro de ti. O que se espelha nos céus são as nossas vontades de criar o magnífico. Mil cores brilham já porque sinto-as florindo pelos campos abertos da nossa cidade.
João Vale, um passeio vale muito
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Sempre fui vista como estando um pouco fora das normas, ao longo do meu crescimento isso piorou. Encontrei na arte uma forma de explorar o meu eu mais íntimo e não me importei minimamente se era compreendida, apesar de partilhá-la com os outros. Tive problemas psicológicos na minha vida que levaram muitas pessoas a afastarem-se de mim, precisamente por causa da ideia de loucura, em vez de se aproximarem. A liberdade significa tudo para mim e não irei mudar os meus princípios básicos por imposições da sociedade. Se isso é ser louca, então eu sou louca, tal como muitos.
"Loucos são aqueles que me chamam louca por não terem inteligência suficiente para a minha loucura."
"Loucos são aqueles que me chamam louca por não terem inteligência suficiente para a minha loucura."
Caro Jaime, anote desde já que não vai ficar em controlo da situação, se a menina Sara se deixa cair nas suas armadilhas emocionais é porque ela sempre foi uma rapariga dada a essas coisas. Eu, pelo contrário, possuo o poder da racionalidade e estou acima dessas tentativas de manipulação emocional.
Sofia
Sofia
Jack faltam-te as palavras para explicares o que a pele sente, repeles os sentimentos e vives num mundo que quer estar preso à descida dos passos e se esconde de si mesmo. Por vezes a paixão salta-te dos poros mas tu tapa-la como se as pálpebras se erodissem. Sonhas com o mundo interligado entre os seres, no entanto falhas vivendo apenas na tua cabeça fora das janelas e das ruas.
domingo, 14 de setembro de 2008
ao sabor da tua canção
colhi as macieiras
que se estendiam pelos
teus acordes esvoaçantes
algures no despontar do dia
dei-te água com as mãos
eras o reflexo do sol
que se confundia
com os sabores
dos nossos beijos
os pássaros soltos nos arbustos
despiam a nossa pele
fresca da manhã
os nossos olhos desapareciam
um no outro
num abraço dentro
da fonte da vida
João Vale, o que vale vale
colhi as macieiras
que se estendiam pelos
teus acordes esvoaçantes
algures no despontar do dia
dei-te água com as mãos
eras o reflexo do sol
que se confundia
com os sabores
dos nossos beijos
os pássaros soltos nos arbustos
despiam a nossa pele
fresca da manhã
os nossos olhos desapareciam
um no outro
num abraço dentro
da fonte da vida
João Vale, o que vale vale
Jaime, o teu sonho de amor é a maior das loucuras porque de tanto apertar o coração ele rebentou. Sempre me quiseste levar para as altas montanhas onde posso fechar os olhos e continuar a ver a estrelas mas esse ideal morreu no meu peito. Pedra atrás de pedra fui caindo nessa ilusão e restou a solidão das noites tristes e um coração esvaziando-se aos poucos. Estou longe do brilho das estrelas, não consigo crer nas promessas que as tuas palavras me vão trazendo. O poema que há em mim não acompanha mais a tua canção de amor. Não me respondas Jaime, a tua resposta iria magoar-me mais.
Sara
Sara
Caos é o meu nome
Vivo a explodir rochedos
A acelerar o tempo
Como um furacão irado
Sou uma corrosão
Que entra pelos sentidos
E derrete-os sem misericórdia
Tremo os céus
Tal é a minha intensidade
Ferozmente se atiça
A qualquer momento
Sempre sem medo na sua revolta
Ganhando uma soberba exaltação
Caos sem rosto que cala
Qualquer monstro
Que no meu caminho aviste
Destroço-o impiedosamente
Arrasando-o até ao seu desfecho final
Vivo a explodir rochedos
A acelerar o tempo
Como um furacão irado
Sou uma corrosão
Que entra pelos sentidos
E derrete-os sem misericórdia
Tremo os céus
Tal é a minha intensidade
Ferozmente se atiça
A qualquer momento
Sempre sem medo na sua revolta
Ganhando uma soberba exaltação
Caos sem rosto que cala
Qualquer monstro
Que no meu caminho aviste
Destroço-o impiedosamente
Arrasando-o até ao seu desfecho final
Mulheres vos tornaram
Ao longo dos tempos
Servas e donzelas
Vossas vozes vos calaram sempre
Escondidas durante séculos
À submissão dos homens
Espectros de vós mesmas
Clamando pelo Vosso Ser
Lutaram por se libertar
Combate sem igual
Tornadas heroínas
Nunca baixaram as vozes
Se agora o céu é mais azul
Para todas nós
É graças a quem incendiou
As sombras da nossa opressão
Ao longo dos tempos
Servas e donzelas
Vossas vozes vos calaram sempre
Escondidas durante séculos
À submissão dos homens
Espectros de vós mesmas
Clamando pelo Vosso Ser
Lutaram por se libertar
Combate sem igual
Tornadas heroínas
Nunca baixaram as vozes
Se agora o céu é mais azul
Para todas nós
É graças a quem incendiou
As sombras da nossa opressão
Sombras atrás de sombras viajavam no meu olhar. Eu era a própria perdição, enterrada no inferno, os vermes escondiam-se em cada gesto, já não havia uma única canção. Reduzida à minha ilha de solidão, no meu lado só permaneciam raízes rios e secos. Eu ouvia o barulho do frio no corpo e as suas tentativas de respiração. A palavra desesperança estava constantemente colada ao meu tempo de cansaço sempre escurecido enquanto a poeira ia pousando sobre mim.
Beatriz
Na minha imaginação te refugiaste porque eu te estendi as mãos. Ofereci-te a fantasia no meio da tempestade, cores no seio das sombras que eram os teus fantasmas. A viagem da poesia nunca te largou e foram os teus frutos no teu mais alto céu. Disse-te que havia magia nos lugares onde vias espinhos com os teus olhos ardendo lágrimas. Sei que pegaste nas tuas palavras e inventaste um novo mundo, libertando-te da desesperança, voltando a acreditar no sonho.
Bernardo
Beatriz
Na minha imaginação te refugiaste porque eu te estendi as mãos. Ofereci-te a fantasia no meio da tempestade, cores no seio das sombras que eram os teus fantasmas. A viagem da poesia nunca te largou e foram os teus frutos no teu mais alto céu. Disse-te que havia magia nos lugares onde vias espinhos com os teus olhos ardendo lágrimas. Sei que pegaste nas tuas palavras e inventaste um novo mundo, libertando-te da desesperança, voltando a acreditar no sonho.
Bernardo
O meu medo sempre me prendeu as mãos porque tudo me prende os sentidos. Este abandono no meio de um descampado, rodeado de escuridão, onde nunca encontro a saída, onde nunca me espera ninguém. Dias cinzentos que cobrem o horizonte com promessas de desgraça, penso sempre em emboscadas quando o dia nasce nas cidades.
António
O medo é só um caminho que nos faz tropeçar, mas tu António consegues abrir os teus sentidos ao respirares o mundo que desabrocha perante ti, que não é feito de escuridão, mas transporta luz até ti e verás extensos campos onde encontrarás gente amistosa. Nem todos os dias são cinzentos, só aqueles que trazem chuva à terra e as promessas que tu esperas és tu que irás fazer crescer. Eu estarei aqui António com as minhas asas e segurar-te-ei no teu caminho, não terás obstáculos e seguirás o brilho dos teus olhos.
Oriana
António
O medo é só um caminho que nos faz tropeçar, mas tu António consegues abrir os teus sentidos ao respirares o mundo que desabrocha perante ti, que não é feito de escuridão, mas transporta luz até ti e verás extensos campos onde encontrarás gente amistosa. Nem todos os dias são cinzentos, só aqueles que trazem chuva à terra e as promessas que tu esperas és tu que irás fazer crescer. Eu estarei aqui António com as minhas asas e segurar-te-ei no teu caminho, não terás obstáculos e seguirás o brilho dos teus olhos.
Oriana
Quando o baile estava cheio, diz-me tu o que procuravas, nesses olhares cheios como as luas, mochos nas noite aberta? Procuravas um rapaz Lisa, outro e mais outro, um copo de sangria seguido de outro, o inebrio de tudo o que te rodeava. Falavas como se o mundo fosse o teu reino e espelhavas o teu charme por onde passavas. Um desses rapazes conquistaste, uma noite com ele passaste. Um brilho surgiu no teu olhar. Mas tudo acabou de manhã quando ele não era o rapaz, quando a noite não tinha sido assim tão bela e ele se foi embora. Lisa, o vazio instalou-se de novo, mas recomeçarás de novo a tua odisseia.
Estava uma noite de lua cheia e Alexandre não conseguia dormir quando viu uma bela rapariga a chorar. Já a tinha visto diversas vezes, ela andava sempre com uma cara tristonha. Foi ter com ela e perguntou-lhe o que se passava. Ela respondeu um seco “nada”. Ele disse que tinha um poema que tinha acabado de escrever e que podia dizer-lhe:
Chamei-te sim
Em todas as noites
Em que não dormi
Chamei-te como se pudesses
Ser um pássaro e as tuas asas
Me adormecessem quentes
Chamei-te para bebermos
De todas as fontes
E corremos todos os campos
Como se fossemos a alegria
Esticando-se dentro de todo o corpo
E o nosso abraço fosse eterno
De encontro ao céu
Subiríamos de peito aberto
E nada ao pé de ti seria deserto
Lisa ficou maravilhada com o poema, este rapaz não tinha nada a ver com os outros que ela já tinha conhecido, disse-lhe que se chamava Lisa e ele sorrindo disse-lhe o seu nome. Ficaram a conversar a noite quase toda.
Estava uma noite de lua cheia e Alexandre não conseguia dormir quando viu uma bela rapariga a chorar. Já a tinha visto diversas vezes, ela andava sempre com uma cara tristonha. Foi ter com ela e perguntou-lhe o que se passava. Ela respondeu um seco “nada”. Ele disse que tinha um poema que tinha acabado de escrever e que podia dizer-lhe:
Chamei-te sim
Em todas as noites
Em que não dormi
Chamei-te como se pudesses
Ser um pássaro e as tuas asas
Me adormecessem quentes
Chamei-te para bebermos
De todas as fontes
E corremos todos os campos
Como se fossemos a alegria
Esticando-se dentro de todo o corpo
E o nosso abraço fosse eterno
De encontro ao céu
Subiríamos de peito aberto
E nada ao pé de ti seria deserto
Lisa ficou maravilhada com o poema, este rapaz não tinha nada a ver com os outros que ela já tinha conhecido, disse-lhe que se chamava Lisa e ele sorrindo disse-lhe o seu nome. Ficaram a conversar a noite quase toda.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Não podes morrer
Porque és demasiado grandioso
Estás acima de muitos
Pertences àqueles que não se curvam
E são os mergulhares do mundo
Dizes as formas das cousas
Abrindo as janelas dos saberes
A qualquer gente
A tua compaixão e crença
No ser humano são virtudes
De um mundo mais justo
Não podes morrer
És um homem que dá rumo
À vida de outros com a tua luz
Ao Zé Manel
Porque és demasiado grandioso
Estás acima de muitos
Pertences àqueles que não se curvam
E são os mergulhares do mundo
Dizes as formas das cousas
Abrindo as janelas dos saberes
A qualquer gente
A tua compaixão e crença
No ser humano são virtudes
De um mundo mais justo
Não podes morrer
És um homem que dá rumo
À vida de outros com a tua luz
Ao Zé Manel
Andas pelos caminhos
Crescendo nos teus pés
Aquilo que sentes é o alvoroço
Do teu corpo a acordar
Como se a vida quisesse
Cavalgar os montes
Da penumbra abre-se
Um dia radiante
Os obstáculos são apenas
Silvas a evitar
Tu és valioso como um melro
Que chia e faz sorrir as gentes
Não há frio que te afugente
Porque és quente
E o fundo dos teus olhos é meigo
A tua realidade é um voo
Sempre mais além
Queres perseguir o mundo inteiro
Mostrar o teu canto
Como uma centelha acesa
A vida em ti é uma fonte
De faróis que nunca perdem
O seu brilho
Crescendo nos teus pés
Aquilo que sentes é o alvoroço
Do teu corpo a acordar
Como se a vida quisesse
Cavalgar os montes
Da penumbra abre-se
Um dia radiante
Os obstáculos são apenas
Silvas a evitar
Tu és valioso como um melro
Que chia e faz sorrir as gentes
Não há frio que te afugente
Porque és quente
E o fundo dos teus olhos é meigo
A tua realidade é um voo
Sempre mais além
Queres perseguir o mundo inteiro
Mostrar o teu canto
Como uma centelha acesa
A vida em ti é uma fonte
De faróis que nunca perdem
O seu brilho
Não percebes o que digo
Não sabes que estas palavras
São a minha fala
Aqui há um coração
Que bate nas mãos
Entra como fogo pelos
Meus olhos adentro
O corpo é um relâmpago
Sente tempestades
Música de compasso acelerado
Bebo cafés azuis
Passo dias a voar
Com as gaivotas
Sei desenhar os céus
Todas as cores
O meu riso ouve-se
Do outro lado do rio
Os meus gestos alimentam
As estações dos corpos
As minhas mãos
São livres como os campos
E tu não percebes o que digo
As palavras das folhas
A giravolta do pato e do cisne
A vastidão deste poema
Não sabes que estas palavras
São a minha fala
Aqui há um coração
Que bate nas mãos
Entra como fogo pelos
Meus olhos adentro
O corpo é um relâmpago
Sente tempestades
Música de compasso acelerado
Bebo cafés azuis
Passo dias a voar
Com as gaivotas
Sei desenhar os céus
Todas as cores
O meu riso ouve-se
Do outro lado do rio
Os meus gestos alimentam
As estações dos corpos
As minhas mãos
São livres como os campos
E tu não percebes o que digo
As palavras das folhas
A giravolta do pato e do cisne
A vastidão deste poema
Oriana, sinto que o meu coração é apenas umas gotas de sangue, secando como o Outono seca as folhas. A pele parece esfacelar-se e quero fugir para além do mundo. Oriana, há lanças que me ferem de sítios que desconheço e não há qualquer refúgio à vista. Oriana, falas-me num ideal maior que vive dentro de mim mas já em tudo desacredito, não sei ter asas, não sei sonhar as maravilhas de que me falas quando à minha frente só há um deserto de bolor.
Sofia
Sofia, o teu coração é grande como um bando de pássaros a voar, uma primavera que deslumbra toda a natureza com a sua chegada. O mundo abraça-se contigo porque tens sempre algo para lhe mostrar. O que te fere agora verás que a vida com as suas mãos ternas acabará por curar. É breve o inverno que temes e as flores que segurámos nas mãos caminham já na nossa direcção. Sofia, o ideal vive sempre em ti porque tu própria és esse ideal, navegas nas maravilhas que constróis e há tua frente há sempre um horizonte cheio das tuas fantasias.
Oriana
Sofia
Sofia, o teu coração é grande como um bando de pássaros a voar, uma primavera que deslumbra toda a natureza com a sua chegada. O mundo abraça-se contigo porque tens sempre algo para lhe mostrar. O que te fere agora verás que a vida com as suas mãos ternas acabará por curar. É breve o inverno que temes e as flores que segurámos nas mãos caminham já na nossa direcção. Sofia, o ideal vive sempre em ti porque tu própria és esse ideal, navegas nas maravilhas que constróis e há tua frente há sempre um horizonte cheio das tuas fantasias.
Oriana
Sara porque é que esse amor com que sonhámos partiu sempre e nem ao nosso lado passou. O dia anoitece sem pré Sara e a cama está fria uma vez mais, como o resto do corpo. Tudo parece ter gelado. Tudo são bocados arrancados no meu olhar sem saída. Sara, se me pudesses dar acesso a outros céus, acalmar as minhas feridas e seres as janelas que deixei de vislumbrar. Sara, eu tento seguir o rumo do teu olhar com o meu já demasiado cansado para olhar.
Sofia
Sofia, o sonho nunca parte, ele é uma ave à tua espera, um voo que canta a vida. O amor é um murmúrio que se sente na pele com estas palavras que te escrevo, que sempre te escreverei. O dia anoitece para crescer radioso, e no frio há um caminho cheio do moinho dos astros que são o fogo da noite. Tu vês tudo com o olhar que desenhas nas pessoas e nas paisagens, és essa caligrafia que se entrelaça e corre nua porque a tua liberdade deixa as feridas no passado. Tu consegues abrir todas as janelas, ou serão elas que se abrem à tua passagem? Sofia, o meu rumo é o nosso rumo e olhámos juntas o mundo inteiro.
Sara
Sofia
Sofia, o sonho nunca parte, ele é uma ave à tua espera, um voo que canta a vida. O amor é um murmúrio que se sente na pele com estas palavras que te escrevo, que sempre te escreverei. O dia anoitece para crescer radioso, e no frio há um caminho cheio do moinho dos astros que são o fogo da noite. Tu vês tudo com o olhar que desenhas nas pessoas e nas paisagens, és essa caligrafia que se entrelaça e corre nua porque a tua liberdade deixa as feridas no passado. Tu consegues abrir todas as janelas, ou serão elas que se abrem à tua passagem? Sofia, o meu rumo é o nosso rumo e olhámos juntas o mundo inteiro.
Sara
neste sentimento de poeta
canta-se as sílabas
de um olhar desabitado
que se cristalizou
lamacento inverno
que enterra as palavras
ressequindo as árvores
neste sentimento de poeta
não há nobreza na canção
só um lamento inútil
que naufraga nas suas mãos
não nascem raízes
não estão iluminados os caminhos
mas o poeta faz sempre
nascer uma nova canção
de um terreno despovoado
faz dos seus versos terra em ebulição
canta-se as sílabas
de um olhar desabitado
que se cristalizou
lamacento inverno
que enterra as palavras
ressequindo as árvores
neste sentimento de poeta
não há nobreza na canção
só um lamento inútil
que naufraga nas suas mãos
não nascem raízes
não estão iluminados os caminhos
mas o poeta faz sempre
nascer uma nova canção
de um terreno despovoado
faz dos seus versos terra em ebulição
Bianca, o que queima aqui dentro senão essa dor pesada de uma ausência de palavras. Mas Bianca tu és um furacão que passa aceso e ensurdece quem o sente. Bianca a tua vida não tem freio e estremeces corpo inteiro, falas os quatro ventos e regressas em ardor.
Eu seguro-te a tua mão quando o abismo estiver à tua frente. Abraço-te quando a tua raiva treme e quer invadir tudo de chamas. Serei quem te protege em todos os momentos pois é aquela que sabe respirar o corpo das flores, as madeiras novas. Faremos viagens que o próprio coração tocará, passos dançando rios de sementes.
O teu Amor, Bruno
Eu seguro-te a tua mão quando o abismo estiver à tua frente. Abraço-te quando a tua raiva treme e quer invadir tudo de chamas. Serei quem te protege em todos os momentos pois é aquela que sabe respirar o corpo das flores, as madeiras novas. Faremos viagens que o próprio coração tocará, passos dançando rios de sementes.
O teu Amor, Bruno
Beatriz, o sangue espalha-se pelo chão, jorra pelos caminhos, traz veloz o som da dor, das sombras para quem é longa essa melancolia absorvida interiormente. Beatriz sabes que não lhes podes segurar as mãos, que as águas sujas desesperam quem sozinho se encontra e se afoga nelas na noite mais profunda. Porque Beatriz o abismo está a um passo no imóvel silêncio.
em quantos estilhaços
já me parti nos tiros
que me alcançaram?
galos que me mordiam a cabeça
cavalos aos coices sem cessar
mordidelas de cobras de dentes assanhados
já nem me lembro de todos os ataques
apenas sei que me estilhacei
e já não me encontrou
nos pedaços sem retorno
tento tactear quem fui na terra
onde me descobri mas apenas
sou as sobras, o que restou
uma viúva de mim
já me parti nos tiros
que me alcançaram?
galos que me mordiam a cabeça
cavalos aos coices sem cessar
mordidelas de cobras de dentes assanhados
já nem me lembro de todos os ataques
apenas sei que me estilhacei
e já não me encontrou
nos pedaços sem retorno
tento tactear quem fui na terra
onde me descobri mas apenas
sou as sobras, o que restou
uma viúva de mim
quando os vegetais deixam
deixam de crescer nos campos
a fome cresce nas mesas
quando a servidão
por um bocado de pão
nos faz rastejar
as meninas ficam presas
e acordam vazias
de corpo exausto
a resina seca
tal como os afectos
a cor dos versos
ninguém os quer aprender
são inúteis para
os estômagos vazios
que doem de tanto doer
deixam de crescer nos campos
a fome cresce nas mesas
quando a servidão
por um bocado de pão
nos faz rastejar
as meninas ficam presas
e acordam vazias
de corpo exausto
a resina seca
tal como os afectos
a cor dos versos
ninguém os quer aprender
são inúteis para
os estômagos vazios
que doem de tanto doer
a mulher em queda
vai caindo no fundo do mundo
sentindo como a liberdade acorda morta
ela herda a morte
dos pássaros que já não voam
as sementes arrefecidas
das quais nada germina
o frio dessa mulher
é o que morde
as lágrimas impotentes
no caminho da mulher em queda
não há retorno
porque o poço enterra vivo
quem o naufraga
vai caindo no fundo do mundo
sentindo como a liberdade acorda morta
ela herda a morte
dos pássaros que já não voam
as sementes arrefecidas
das quais nada germina
o frio dessa mulher
é o que morde
as lágrimas impotentes
no caminho da mulher em queda
não há retorno
porque o poço enterra vivo
quem o naufraga
Sou a raiva que dentro de mim destrói-se e no ventre brutal esconde a traição de si. Aquela que se abandonou e agora fala na queda do chão que o seu corpo desbravou. Sou a enxada afiada que marca o corpo de miséria. Pele ressequida que não tem coração, o mundo é apenas um lugar longínquo que olho sem atenção. Uma raiva que avança para o ódio, cercado o meu ser, um rosto escuro que cresce na podridão que ao longo das veias vai criando o ser.
Bianca
Bianca
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Quero rasgar a minha pele
Para que ela sangre o meu massacre
Quero amaldiçoar o teu sorriso
Desejando que a tua respiração falte
Quando as cores são salientes
Quero matá-las e esmagar as sementes
Quero fazer uma fogueira
Com o mundo inteiro a arder
Quero passar nas ruas
Ver rios de sangue a escorrer
Quero que o sol parta
Contemplar as árvores a desaparecerer
Quero que os corações parem de bater
E não haja caminhos para percorrer
Para que ela sangre o meu massacre
Quero amaldiçoar o teu sorriso
Desejando que a tua respiração falte
Quando as cores são salientes
Quero matá-las e esmagar as sementes
Quero fazer uma fogueira
Com o mundo inteiro a arder
Quero passar nas ruas
Ver rios de sangue a escorrer
Quero que o sol parta
Contemplar as árvores a desaparecerer
Quero que os corações parem de bater
E não haja caminhos para percorrer
Curvando-se o pensamento
No findar da música
Que contra o silêncio se debatia
Tudo são rochas
Que imóveis assinam
Os nomes que deixámos de ser
No sonho roubado
Quando as janelas bruscamente
Se fecharam no final de uma tarde
Há uma canção que traz a morte nos olhos
Despe-nos a pele e esfria o mundo
No espelho as pessoas estão demasiado frágeis
Para se levantarem e seguirem os seus caminhos
No findar da música
Que contra o silêncio se debatia
Tudo são rochas
Que imóveis assinam
Os nomes que deixámos de ser
No sonho roubado
Quando as janelas bruscamente
Se fecharam no final de uma tarde
Há uma canção que traz a morte nos olhos
Despe-nos a pele e esfria o mundo
No espelho as pessoas estão demasiado frágeis
Para se levantarem e seguirem os seus caminhos
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
a ferradura que pisa as aves
são palavras de ninguém
numa tempestade agreste
como acordar as flores impossíveis
neste rosnar de cães
nos esqueletos dos dias?
os restos de danças e acordes
não conseguem alimentar a terra
e a luz que agora é cinza
desce sobre as cidades
as mãos perdem a vida
as bocas respiram por cavernas escuras
e labirintos sem sentido
são palavras de ninguém
numa tempestade agreste
como acordar as flores impossíveis
neste rosnar de cães
nos esqueletos dos dias?
os restos de danças e acordes
não conseguem alimentar a terra
e a luz que agora é cinza
desce sobre as cidades
as mãos perdem a vida
as bocas respiram por cavernas escuras
e labirintos sem sentido
Quando ela de coração
A fugir-lhe das mãos
Se deita na cama
E foi mundo cruel
O sonho tem de se matar
Para ela se levantar
Como se mata o sonho?
Quando ele é o tesouro aceso
Que alimenta os nossos passos
O coração é um grito num
Pequeno corpo de lágrimas
Incendiou-se e agora não consegue
Apagar as chamas
Desafiou o sol ardente
Espelhou o céu em si
Deitada na cama
Nada agasalha o seu sofrimento
A fugir-lhe das mãos
Se deita na cama
E foi mundo cruel
O sonho tem de se matar
Para ela se levantar
Como se mata o sonho?
Quando ele é o tesouro aceso
Que alimenta os nossos passos
O coração é um grito num
Pequeno corpo de lágrimas
Incendiou-se e agora não consegue
Apagar as chamas
Desafiou o sol ardente
Espelhou o céu em si
Deitada na cama
Nada agasalha o seu sofrimento
O que seca neste fruto é um canto que era uma romã. Nesta face de escombros fecho as pálpebras e uma descida arrasta-me. Movem-se talvez nascimentos, pessoas e o sol mas neste lugar pouco floresce porque as pupilas aqui estão demasiado feridas e há um coração que anda rasteiro. Pedi abrigo, tudo o que ouvi foi o vento sem som, agora só quero rasgá-lo. O mundo era infinito mas descobri que cabe num pequeno desenho que não se segura num gesto e as palavras não enchem de cor a solidão das pessoas. Pessoas partidas ao meio, com o olhar quebrado para sempre, ausentes da vida. Desejava o que não tenho, o meu olhar surpreende-se nessa ausência, nessa fome dos sonhos que ficaram para trás. Os gestos deslumbrantes caíram por terra e a romã apodreceu.
Mara
Mara
e se o amor fosse uma noite
que se prolonga até ao dia seguinte
de gestos e palavras partilhados
numa linguagem comum
entre as folhas que crescem nos dedos
e as frutas no olhar
uma dádiva de asas
que se alimentam de flores
enquanto seguimos as rotas do sol
percorrendo os sons dos pássaros
nos corpos que se enlaçam
e caminham no interior um do outro
que se prolonga até ao dia seguinte
de gestos e palavras partilhados
numa linguagem comum
entre as folhas que crescem nos dedos
e as frutas no olhar
uma dádiva de asas
que se alimentam de flores
enquanto seguimos as rotas do sol
percorrendo os sons dos pássaros
nos corpos que se enlaçam
e caminham no interior um do outro
domingo, 7 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
Doze cordas que não amarram
Este barco sem salvação
Porque alguém me falou no amor
E ele não é mais do que
Um instrumento louco
A fugir-me das mãos
Tenho frio e a minha voz está gasta
De cantar sempre a mesma canção
Um vazio no fundo da cidade
Que me percorre interiormente
A respiração curvada perante
O jogo dilacerante
Que me perfura o coração
Este barco sem salvação
Porque alguém me falou no amor
E ele não é mais do que
Um instrumento louco
A fugir-me das mãos
Tenho frio e a minha voz está gasta
De cantar sempre a mesma canção
Um vazio no fundo da cidade
Que me percorre interiormente
A respiração curvada perante
O jogo dilacerante
Que me perfura o coração
Eu ainda não escrevi
Tudo o que ela me disse
Limitei-me a deixar
Escorrer a lágrimas
Todas as manhãs e noites
A passagem das coisas é espessa
E os pensamentos cruéis
Não consigo engolir montanhas
E os pregos não se libertam
Quando a sua sombra
Me reduziu em pedaços
Não escrevi como decorridos os anos
O seu nome no vento
É uma ferida aberta
Que me atravessa imparável
Tudo o que ela me disse
Limitei-me a deixar
Escorrer a lágrimas
Todas as manhãs e noites
A passagem das coisas é espessa
E os pensamentos cruéis
Não consigo engolir montanhas
E os pregos não se libertam
Quando a sua sombra
Me reduziu em pedaços
Não escrevi como decorridos os anos
O seu nome no vento
É uma ferida aberta
Que me atravessa imparável
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