domingo, 3 de agosto de 2008

Antigo

Jaime, eu queria a secreta viagem do teu nome no seu esplendor. Seguir-te porto após porto sabendo que não haveria a ilusão, mas as escamas desfazendo-se para eu ser contigo o casco mais forte dos cavalos e projectarmo-nos sem fronteiras no nosso encontro. Jaime, em ti sei que o amor torna a vida maior.

Carpinteira


anoiteço de novo
mas serei uma
estátua de movimentos velozes
ardendo as entranhas
nos quartos de aluguer
as cidades são éguas
que passam a correr
o som da liberdade
sei agora que
nunca fui parte de ti
porque os pássaros são gentis
e o teu vestido é branco
oferecendo apenas
superfícies lisas de gelo
numa festa que desejava
apenas o desejo
as minhas confidências
são a abertura lenta
de uma flor
uma espécie de jangada
abrindo o sulco de um rio
sou de novo quem sou
a égua que passa a correr

Carpinteira


A minha consciência encanta-se com as sensações das árvores e fala mais alto do que a voz de alguém. Quem fala comigo agora? Prolongas os cachos das uvas, mas o teu sabor é amargo. Saboreio este túnel de luz pobre amadurecendo até ao seu final. Os ruídos voltam, voltam sempre e eu respondo-lhes porque são aguçados e chamam-se as minhas feridas. O que me queres dizer? Eu salvei um cavalo-marinho, ele apresentou-me o mar inteiro. Tu falas-me de mordedoras e ainda me mordes. A areia perdida nas rochas, perdida entre as conchas abertas, as sombras das gaivotas escorrem agora para dentro de mim…

Carpinteira

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