Naquele dia em que espreitei uma vitória
pouco ou nada me pareceram as asas do falcão
um voo surdo marcado pelo arremesso
da pressa que passa, tensos movimentos
O mergulho é sempre ensaiado de sonhos
sonhos sem vigor, apenas palavras que se repetem
os custos elevam-se só, sós e desastrados
esvaziando-se com ruídos que recebemos num espaço
sempre e incompleto tido como familiar, mas inócuo
De volta sempre a um mundo, sem dimensão
numa espera de crostas reinando um vento contrário
é notório que o chão não pára as atenções
arrasta os pés entre os nós que possuímos
e leva-me arrastado
nas unhas que se vão encravando
afundando-se os peixes no meio dos corais
E não criando expectativas
se há uma senhora que empurra a outra
a outra desce, inevitavelmente, sempre.
Eu só quero saber porque conheci
reduzindo esse mundo reduzido demais:
sei como chamar-te, chamá-lo
e neste preciso instante
em que nos afogamos
descrevo, uma vez mais,
o braço que se agita
sabendo que é apenas uma escultura
Eu desenho esculturas agitando socorros
repara que sei como definir o seu traço
alguém foge depressa, sozinha
eu apenas eu consigo delinear
com todos estes meus devaneios de observadora
Fugiste depressa
esse meu pouso, sereno... e sozinha... segura
voltar-me para a figura em fuga
devolvendo-lhe o que já procuro
na sua graça
E é nela que descubro o que deixei ficar
deslizando sem esforço, e não caio perdida
por isso deixas-me na minha própria solidão
fica contigo neste momento de escultura…
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