sexta-feira, 10 de novembro de 2017
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Algo escrito: Teia
Pediste-me algo escrito, querias que cheirasse a suor de animais selvagens e que envolvesse um
abecedáreio tão completo que acrescentaste frases forjadas: quiseste que datilografasse uma carta de amor ou foi
uma catarata de dinamite que faz furor nos corações? Desconheço essas
artimanhas mas elaborei-te uma teia de aranha. Era uma teia de aranha de
tamanho médio, eregia com fios de seda grossos para não caires quando brincares
aos equilíbrios, mas não te preocupes pois tens umas asas extra escondidas no
baú da milagreira para o caso do fio rebentar. Vieste do âmbar, estavas
quietinho cor de laranja e eu dei-te vida, ressuscitei-te de forma romântica:
fui princesa encantada, vim de cavalo branco e manso e dei-te um beijo nos teus
lábios carnudos, mal acordaste disseste: “olá, há mais desses?” Quiseste montar
o meu cavalo branco e ele deu-te um coice, rimo-nos os dois, tinhas muitas
pernas e andavas muito mais rápido do que eu mas soubeste esparar por mim, no
fim ofereci-te uma serenata: “aranha, aranhiça, sou tua presa, desejo ser o teu
prato principal, põe um pouco de sal e farei parte da tua teia de aço”. Respondeste-me
apenas: “serás o meu prato principal minha mosquita, serás todos os pratos da
minha teia d’ouro”
Dedicado à aranhiça e ao mosquito
sábado, 17 de junho de 2017
Amálgama de
Borboletas
És a borboleta de ascendência solar
que cria todas as paisagens de alimenta animal, vejo-te borboletinha de olhos
abertos ou fechados, vejo as tuas asas quando estou acordado ou a dormitar, as
tuas cores sempre em enlevo transluzem o que desejas fazer-me de bem e de bom.
Voas à minha volta o dia inteiro, faça sol ou chuva ou diamante. És uma
borboleta muito travessa e adoras rodopiar de um lado para o outro enquanto
fazes desenhos no ar de estrelas-de-substância-vital, fazes lembrar a melga que
mora connosco. Num repente paras o teu voo e assentas em mim, ofereces-me o
pólen-de-mel-açúcar que apanhaste com os teus sorrisos pois achas que eu como o
pão de cereais que tu comes. Guardo o teu pólen-de-mel-açúcar no meu interior,
numa caixinha chamada: és o meu calor. Gostas de pousar as tuas antenas no meu
corpo, a tua mão ternurenta conhece bem a minha perna peluda, gostas também de
me despentear e de me fazer cócegas debaixo das asas: assim fazes-me voar borboletinha!
Dedicado ao Fiel
Vocês, vocês aí que nunca leem aquilo que eu escrevo, que nunca me ouvem com vontade de ouvir e de aprender. Eu sou aquela que escrevo e todas as minhas palavras respiram a minha vida. Vida solitária a minha, escrevo coisas embelezadas de tesouros e vocês cortam-me com tesouras. Esta é a "Poesia da Minha Vida". Ninguém ouve, talvez eu oiça...
CENTOPEIA
Aguaceiro de tormento
percorre a pele sensível
A cantiga que sei de cor
continua infatigável a tocar
A centopeia perdeu o tato
seu corpo de mil bocados
não desiste de caminhar
Nessa chuva miudinha
que torna bolorento o horizonte
ao som da mesma melodia
ela entra pela noite insistente
O olhar já exausto
não cessa de perscrutar
vai noite adentro
até a alvorada rebentar
Ass: Carpintas Pintas
LIA AMARI
Lia adorava o seu último nome: Amari. Era o último nome
mas vencia todas as corridas de automóveis de luxo e de jogatanas de berlindes.
Lia tinha berlindes de todas as cores e tingia os arcos dos arco-íris com eles,
atirava os berlindes ao ar com muita força e eles pintavam rabiscos com
mensagens encriptadas. Não era grande leitora pois achava que os livros não tinham
palavras entornadas do interior da respiração célere do escritor, palavras de
cores sub-subterrâneas, perguntava: “porque não escrevem as histórias com a cor
da vida quando é irrespirável e de cor parda?” Lia escrevia páginas sonoras quando
ia brincar para o campo, um som verde cheio de lagos com barquinhos a remos e
patos que miam. Amari era o seu melhor sorriso e ela era especialista em
sorrisos e também em furacões de brincar que desenhava na areia de
ondas sábias que apanhava com as mãos. Lia andava triste, um dia percebeu
porquê, então libertou da gaiola azul a sua pássara Beatriz, então Beatriz foi
verdadeiramente azul, um azul que enriquece o céu. Um dia Beatriz pousou no
parapeito de Lia e disse-lhe: Amari-te.
sexta-feira, 10 de março de 2017
O que é Amar Amar é uma peça de fruta que tem o sabor da nossa melhor canção, uma peça de fruta enorme cheia da nossa vida solar. Amar é mergulharmos na nossa essência mais felizarda, é sermos a alegria que vive no nosso interior e espalharmo-la pelo resto do mundo sorrindo as nossas varandas floridas. Amar é dar, dar com desejo sincero e maravilhado, um desejo que surge em força nas nossas raízes interiores, dar é oferecer as pérolas incendiadas que são o bater dos nossos corações. Amar é ser um coração feito do brilho perfeito das estrelas que brincam com as viagem sem bússola quando o vento está a favor. Amar é querer ir mais longe: plantar a árvore ao pé de ti.
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