sábado, 17 de junho de 2017


LIA AMARI

Lia adorava o seu último nome: Amari. Era o último nome mas vencia todas as corridas de automóveis de luxo e de jogatanas de berlindes. Lia tinha berlindes de todas as cores e tingia os arcos dos arco-íris com eles, atirava os berlindes ao ar com muita força e eles pintavam rabiscos com mensagens encriptadas. Não era grande leitora pois achava que os livros não tinham palavras entornadas do interior da respiração célere do escritor, palavras de cores sub-subterrâneas, perguntava: “porque não escrevem as histórias com a cor da vida quando é irrespirável e de cor parda?” Lia escrevia páginas sonoras quando ia brincar para o campo, um som verde cheio de lagos com barquinhos a remos e patos que miam. Amari era o seu melhor sorriso e ela era especialista em sorrisos e também em furacões de brincar que desenhava na areia de ondas sábias que apanhava com as mãos. Lia andava triste, um dia percebeu porquê, então libertou da gaiola azul a sua pássara Beatriz, então Beatriz foi verdadeiramente azul, um azul que enriquece o céu. Um dia Beatriz pousou no parapeito de Lia e disse-lhe: Amari-te.

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