terça-feira, 31 de março de 2015


Estou doente por tua causa.


Sofia L.

Festim de Cores

Ele disse que devia ser ele a dar o nome ao verde e ao cor-de-rosa pois as cores eram tocadas pelas suas mãos e viviam vida sua, desejo seu era sabê-las crescer ainda mais no seu interior. Chamou até si o vermelho e quis que fosse o som de um pássaro cereja doce, falou ao azul e entregou-lhe todo o universo. Conhecia as tonalidades todas e inventava sabores novos que eram arco-íris de fantasia. Bebia uma a uma cada cor preciosa e misturava-as nas suas veias para se sentir luz vinda delas, provava-as uma a uma num festim só seu. Turquesa era a cor que habitava no seu coração, ele sentia o seu corpo como o seu, desnudava-se e ia nadar com ela nas ervas que florescem em todos os lugares.

sexta-feira, 27 de março de 2015


Sara

Sobe escadas feitas de rochedos em incêndio e escala-os a dançar, vive disso: levanta os braços e erguer-se na paisagem que joga com ela aos voos cada vez mais altos. Tudo lhe parece de uma beleza sonorosamente deliciosa que a atrai para mergulhos frutados que a rodeiam de todos os horizontes, qualquer desejo seu é uma onda vistosa. Vem despida de peles pois estas afastam-na da autenticidade do seu ser, é água pura que só corre nos rios doces onde vive a substância da imensidão. As suas mãos de cores perfumadas percorrem as viagens mais íntimas que encontra e conhece mundos só seus que lhe oferecem aventuras de uma magia que a transporta a uma profundidade única. És tu, só tu que sabes ser a pessoa que surpreende com a tua voz que expressa tanto e que te torna cada vez mais pessoa.

Um dia disse:

"Não se pode evitar o rombo da dor, mas até a dor sofre de erosão..."

Será?

“No meu coração descampado
queres erguer a tua tenda?”
 
São os dois últimos versos do meu antiquíssimo poema “Sem ritmo definido”. Já ergues-te a tua tenda no meu coração e eu fiz o mesmo no teu. Trazes-me ainda mais flores que crescem no mar? São maravilhosas, vêm de dentro de ti e eu já não sei viver sem elas. Eu já não sei viver sem ti. Tudo em mim é teu, as minhas nascentes só fazem sentido porque existes, os meus rios correm rápido, rápido para se juntarem aos teus mares. Unimo-nos então, até estava escrito nas estrelas, era o Universo a conspirar.

Sofia

Sou flor que se cheire, quente mel que dá alento a dias infindos, entranho-me nos laços de cetim que as crianças usam e os lápis de cor que dançam nas minhas mãos só sabem colorir alegria. Lagartixa ao sol ou falcão nos céus, a minha vida atravessa todos os estados da substância que uma raiz pode ter até se tornar em grandiosidade. Penetro a luz das estrelas até sentir o seu sangue no meu, a sua luz faz explodir em mim rios de clarões, expresso-me toda eu rindo. Brinco ao faz de conta: sou uma executiva, escolho a gravata a preceito e, no meio de uma reunião séria, ofereço um fato de banho a todos e vamos assistir a uma reunião de peixes no mar. Verdura, ò doce verdura, pertenço-te sempre, se o meu andar é feliz é porque me dizes que faço parte de cada átomo teu. Tenho um coração que vive de muitos sonhos, transborda de tudo e bate forte, forte demais.